Eva Alves, Médica Fisiatra, regressou da missão de simulação lunar na gruta do Natal na Ilha Terceira, onde esteve durante quatro dias, de 24 a 28 de novembro, como membro da equipa médica da mission control, da primeira simulação lunar feita em solo nacional.
Durante esses quatro dias, ela e mais três médicos, Carolina Moreira, Pedro Caetano e Andreia Oliveira, dividiram-se em duas equipas de dois elementos cada, para garantir, em regime de turnos, o apoio médico 24h/24h – presencial das 8 às 20horas, de chamada no período nocturno. Os dias, passados numa tenda instalada no acesso à gruta permitiam a proximidade possível para contactar com os ‘’astronautas análogos’’ que estavam no interior.
A missão da equipa médica incluía garantir as condições de saúde dos “astronautas” e para isso foram feitos exames de avaliação de parâmetros vitais, nomeadamente: tensão arterial, temperatura e oximetria; bem como de garantir que os planos de exercício físico eram cumpridos. A missão decorreu sem sobressaltos sendo que a equipa médica foi chamada uma vez para avaliar uma situação de ‘falta de ar’, que foi prontamente ultrapassada. A médica explica, “uma situação expectável, resultante da humidade da gruta devido ao às condições climatéricas que se fizeram sentir nos dias em que lá estivemos.”
Foram dias intensos em que Eva Alves e a restante equipa viveram experiências inesquecíveis e apesar de ter sido cansativo, a palavra “entusiasmante” é que fica como predominante para definir os dias passados naquela espécie de confinamento.
Dados curiosos que saltam desta experiência são por exemplo os contactos feitos sempre através da rede “telegram” com recurso a códigos e o de toda a equipa ter feito refeições recorrendo a alimentos liofilizados.
Apesar da missão já ter terminado, há muito trabalho a ser feito como explica, “houve a recolha de dados que agora têm de ser tratados, interpretados para se proceder a conclusões”, que vão aprimorar detalhes e permitir ajustes para missões análogas futuras. Essa parceria está a ser feita com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (Inesc Tec), mas a primeira grande lição a retirar e que foi possível constatar no terreno, tem que ver com a estação do ano em que a missão acontece. “Muita chuva, vento e humidade não são as condições mais adequadas às que se pretendem”, adiantou e acrescentando também, que “a chuva intensa que se fazia sentir no exterior contribuiu para aumentar a drenagem de água para o interior da gruta, podendo pôr em risco as instalações elétricas e consequentemente o sucesso da missão”, disse a médica que exerce no CHULN e faz parte do CEMA.
Dora Estevens Guerreiro
Equipa Editorial
news@medicina.ulisboa.pt