Aceitar o convite não foi decisão fácil, já que substituir alguém tão marcante como o antigo Presidente do Conselho Pedagógico - o Prof Joaquim Ferreira - elevava o grau de perfecionismo e exigência da própria. Mas Maria José Diógenes aceitou, apesar de ser "a muito medo" e mas sabia que "o trabalho estava já muito estruturado e com projetos em curso", conta.
"O Prof Joaquim Ferreira tem uma disponibilidade enorme para ajudar, tem sempre uma palavra muito certeira e ajuda de forma permanente, algo que me foi mostrando que não estava sozinha”.
Maria José Diógenes já fazia parte do grupo de docentes que era dirigido pelo então Presidente, desde 2021. Assumindo um sentido de continuidade, tomava formalmente posse a 5 de junho como Presidente do Conselho Pedagógico. Mas a essa continuidade juntavam-se agora novas características, conhecidas por lhe serem inatas.
Pessoa de afetos, de se preocupar e de olhar para o outro, a Professora queria que todos se sentissem bem tratados, valorizados individualmente, mas acima de tudo que se sentissem parte integrante de um todo. Fator esse que tem ainda muito trabalho a ser feito, não o nega.
A maneira como esta sua entrada na presidência se reflete em trabalho para o Conselho Pedagógico é clara e veio através de quatro ações concretas: a primeira com a receção aos docentes num evento de começo de ano letivo; a segunda com o novo conceito - CP Porta Aberta – uma iniciativa que pretende, durante a manhã da última sexta-feira de cada mês (entre as 09h e as 13h), receber todo e qualquer estudante de Medicina ou Nutrição que queira falar com a Presidente, expondo ideias, sugestões, ou inquietações. "Os discentes acham sempre que o Conselho Pedagógico está sempre num pedestal e ao qual não se consegue chegar, tornando-se algo quase virtual; e como estamos cá a fazer mesmo projetos para a Escola, considerámos interessante dar aos alunos a abertura de virem". A terceira ação passa por dar foco à comunicação entre a comunidade académica e a Faculdade. Como? Através do elogio e não só da denúncia e acusação. "Temos de valorizar as pessoas que estão envolvidas nos processos que correm bem". O canal de elogio será levado da mesma forma profissional que o canal de denúncia, ou seja, após exposição sobre algo ou alguém, uma equipa profissional e isenta irá avaliar cada caso e validar a veracidade da informação. Após a confirmação dos factos o elogio passa a ser público, servindo como louvor aos olhos de todos.
Por fim e como quarta ação haverá uma forte junção aos Alumni para que se homenageie quem já estudou na Faculdade e hoje em dia exerce a sua profissão dentro ou fora do Campus, ou para quem já terminou a sua carreira e "deixou marca da sua passagem pela Instituição".

Defensora da valorização daquilo que temos como positivo, Maria José Diógenes não nega que nem tudo está bem e, nesse caso, há que olhar para os pontos mais frágeis e trabalhá-los. "Há que atualizar o regulamento pedagógico que está muito desatualizado face a mudanças como a Reforma dos anos clínicos. Por outro lado, estamos também a fazer a revisão dos anos pré-clínicos e é preciso planear e projetar as necessidades para implementar num futuro próximo. Já temos grupos de trabalhos para todas as vertentes que merecem alteração, quer do ponto de vista do aluno, como do docente, ou dos serviços administrativos. É importante referir que olhamos para os anos clínicos, assim como para os pré-clínicos, e sabemos que é preciso atualizar o regulamento para o que aí vem”, acentua a Presidente do CP.
É muitas vezes através do feedback dos seus pares, os Professores, e dos alunos, assim como na interação com os funcionários da Faculdade, que o CP ausculta as necessidades de atualização das suas ações e procedimentos, entendendo a urgência de se reposicionar face às próprias mudanças académicas. E é essa permanente evolução que não quer deixar cair.

A real importância dos estudantes no Conselho Pedagógico
Constituído por 12 elementos, o Conselho Pedagógico tem uma relação de paridade numérica entre docentes e discentes. A Professora não vê entraves ou desigualdades, nem no que toca a votos, ou decisões que daí saiam, assim como não vê a vontade de um grupo a ter mais peso que o outro. Apesar de realçar a organização e eficácia do grupo de estudantes que representa o CP (discentes), recorda que estes não estão a ser "uma só voz de todos os estudantes, mas um grupo de trabalho que espelhe decisões para o Pedagógico". A Presidente do CP reforça-o de forma efetiva, "Os estudantes sabem que aqui não representam ideais solitários, mas sim as ideias e necessidades efetivas de um todo, tendo sempre a particularidade de serem críticos com eles próprios".
Outubro marca o fortalecimento dos encontros entre a Professora Maria José Diógenes e os estudantes e essa é a forma clara que a Professora encontrou de revelar a importância que lhes dá. Para conversarem basta enviar mail para a Dora Ramos - cpedagogico@medicina.ulisboa.pt- e agendar um dos slots de 30 minutos, para falar dentro do contexto da pedagogia.
Destas conversas resultarão reflexões debatidas pelo Conselho Pedagógico e cujo eco sairá daí com o máximo benefício para todos.
E que problemas se debatem nestes encontros de porta aberta?
Vários serão os casos que podem ser alvo de análise e discussão da equipa do CP: o agravamento das condições de vida e em que termos isso pode impedir a continuação do estudo; avaliar situações muito concretas dos estudantes diante dos anos barreira e a sua capacidade de permanecerem; decidir diante de uma falta presencial a exames e avaliações que reflexos diretos se causam na vida do estudante; debater e traçar uma agenda para os períodos de luto, para situações legais e limitações por doença; ou problemas de saúde mental e em que medida todos os possíveis entraves podem condicionar os comportamentos e diminuir a rentabilidade dos estudantes.
São várias as situações difíceis que são vividas e que muitas vezes não chegam a passar para o conhecimento geral, precisamente porque são geridas discretamente, mas nem por isso serão questões leves, ou ignoradas. A confidencialidade assegura, aliás, forte interesse em proteger os protagonistas que passam por fases mais delicadas da vida.
Cada vez mais a humanizar as regras e a própria regulamentação, aquilo que o CP pretende é olhar para as situações muito particulares e que obrigam a uma revisão das normas para outras situações semelhantes e vindouras, encontrando assim a maior equidade de tratamento e defesa entre todos.
Mas sem perder o foco também na metade do grupo que compõe o CP, a sua Presidente olha para um futuro onde perspetiva novas formas de incluir um grupo cada vez maior e que precisa de alicerçar o seu sentimento de pertença, os docentes. Para tal idealiza que em breve se disponibilize uma sala de Professores, com um espaço que permita que descansem, ou preparem uma aula, um lugar de partilha onde possam ser um grupo e conviver entre pares.
Tome Nota!
Porque a agenda assim o relembra, o CP é igualmente o grande responsável pela realização do BeyondMed, o evento de 3 dias que vai abordar várias perspetivas da Educação Médica, mobilizando alunos, docentes, médicos e investigadores para que reflitam sobre os vários papéis perante a própria forma de ensinar. Chamar à mesma mesa todos os intervenientes é um dos propósitos deste grande evento que quer sempre ser aglutinador e juntar os que vivem todos os dias a vida no Campus, mas igualmente aqueles que vêm apenas pontualmente dar as suas aulas.
Dias 8, 9 e 10 o encontro é no Grande Auditório João Lobo Antunes.
Joana Sousa
Equipa Editorial
news@medicina.ulisboa.pt
