O convite dirigido aos alunos que estão no ensino secundário e que têm interesse nesta área da saúde, foi lançado e, no dia 30 de maio, recebemos um grupo de jovens que passaram uma manhã no Edifício Reynaldo dos Santos, onde é lecionada a Licenciatura em Ciências da Nutrição, LCN, e onde há laboratórios e muitas máquinas que dão apoio nesta área.
A recebê-los estavam as Coordenadoras do curso Joana Sousa e Catarina Sousa Guerreiro a quem coube dar as boas vindas. Uma explicação do plano curricular bem como das possibilidades de saídas profissionais, foi uma marca deixada nos alunos que não esconderam a surpresa de descobrir novas áreas profissionalizantes. Muitos vinham focados na prática clínica, outros na investigação, mas poucos tinham por exemplo a noção da área da gestão que foi uma surpresa agradável.
A Professora Helena Cortez-Pinto, em representação do Diretor da FMUL e Duarte Graça também compareceram. O último para explicar como é o funcionamento e as relações entre alunos dos dois cursos que aqui são lecionados: Mestrado Integrado em Medicina, MIM e Licenciatura em Ciências da nutrição, LCN.
O mundo fascinante da nutrição
O primeiro curso é sem dúvida esmagador no número de alunos, mas o Presidente da Associação de Alunos da FMUL, explicou que este curso, o de nutrição, está também representado em todas as atividades organizadas pelos alunos ao longo do ano. O sarau Cultural, o AIMS, a Noite da Medicina e a Corrida Solidária foram alguns exemplos das ações desenvolvidas pelos estudantes.
Apresentou também alguns projetos de voluntariado, para responder a algumas perguntas que foram feitas e esclareceu dúvidas sobre a praxe. “Não é física” garantiu, é antes uma forma de integração e “acontece durante todo o ano”. Convidou todos a virem estudar na FMUL e desafiou-os a “construírem-se enquanto pessoas”, neste campus onde “tudo acontece”.
O Rodrigo Bernardo, aluno finalista, partilhou o seu percurso desde que entrou na LCN e a descoberta que foi este mundo fascinante da nutrição. Faz parte da AEFML e da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição, ANEN, tendo mantido uma atividade ligada ao associativismo. Apresentou alguns serviços disponíveis para acolher os estudantes e para os ajudar em caso de dificuldades, como é o GAE.
Esta conversa fez parte do bloco das “Brigh talks” que trouxeram também João Almeida Lopes, já licenciado em nutrição e que se especializou em desporto de alta competição. Os dois partilharam as suas experiências e responderam a dúvidas que aos poucos iam surgindo. “Vale a pena tomar suplementos”? “como é o dia a dia de um nutricionista especialista em desporto de alta competição?”, “que portas se abrem para quem tem esta licenciatura?”. Aos poucos as perguntas eram respondidas e a curiosidade saciada, mas rapidamente passava-se ao patamar seguinte e mais dúvidas surgiam. As “Bright Talks” na área da Nutrição Clínica com Sara Policarpo, Nutrição Comunitária com Telma Nogueira, Marketing Nutricional e Inovação com Filipa Medeiros de Almeida, Investigação com Inês Santos e Gestão em Nutrição com Patrícia Almeida Nunes, foram esclarecedoras para a maioria dos estudantes do grupo. A área de marketing e de gestão foram duas surpresas agradáveis para os alunos e a da investigação a que reuniu mais quórum. Inês Santos, investigadora, procurava satisfazer a curiosidade e as diferentes abordagens dos alunos e mostrou-se surpreendida por esta ser uma área tão apetecível ao grupo.
Inês Santos era uma dessas alunas. “Não sei se quero saúde ou biologia ou química, mas sei que quero fazer investigação. Imagino-me a trabalhar num laboratório até porque não me sinto muito confortável em lidar com pessoas”. A amiga, Mariana Cardoso, é o oposto; “sempre quis trabalhar na área da saúde e as consultas atraem-me muito. Tenho facilidade em lidar com pessoas, gosto.”
Seguiu-se uma visita para conhecer os espaços, as pessoas e as ferramentas essenciais a um aluno de nutrição e aos nutricionistas que trabalham no Hospital. Subiram até ao Serviço de Dietética e Nutrição onde a Patrícia Almeida Nunes apresentou a equipa e explicou quais as áreas de atuação dos nutricionistas. “Existem seis áreas por excelência e dessas a nutrição clínica, intervenção na copa de leite - onde são elaboradas todas as fórmulas usadas nos leites - consulta externa, área da restauração -com a aprovação das ementas e controle de qualidade-”, são apenas são alguns exemplos.
A título de curiosidade questionou se tinham ideia do valor mensal gasto pelo Hospital na área da alimentação? O Rodrigo avançou com 50 mil euros. Falhou por um zero! “500 mil” respondeu a nutricionista que é também professora na FMUL. Um valor muito alto que levou a algumas reações de estupefação.
São 26 os nutricionistas que trabalham dia e noite, 365 dias por ano, neste hospital. Dele, fazem parte a Matilde Pessanha, a Sandra Pereira ou a Joana Palhotas que falaram sobre o seu percurso enquanto estudantes e depois, como profissionais. As palavras foram motivadoras e a discrição das tarefas do dia a dia naquele hospital, serviu por os olhos a brilhar de entusiasmo.
“Se as inscrições fossem amanhã, inscrevia-me em nutrição nesta faculdade”
Mais tarde, já no Laboratório Técnico-Alimentar, do Centro de Nutrição Avançada, a Margarida, aluna que veio de Oeiras, conta que está muito entusiasmada com o curso e com as possibilidades que este apresenta. “Estou a gostar muito deste open day porque para além de interagimos com as pessoas, acho o plano curricular muito interessante e os espaços são muito agradáveis, quer os de estudo quer o das zonas envolventes e a quantidade de restaurantes que aqui existem. Fiquei também muito surpreendida com as possibilidades de trabalho que hoje aqui foram faladas, havia algumas que desconhecia.” “Se as inscrições fossem amanhã, inscrevia-me em nutrição nesta faculdade” diz o Rodrigo que assume não ter ainda a certeza do quer fazer e que pensou na área da saúde e da nutrição, tal qual pensou noutras áreas. Mas a apresentação correu tão bem, que estava muito motivado, “agora vamos lá ver as médias”, confessava um pouco preocupado. “Pois esse é um problema. As médias são muito altas” dizia a Leonor que trouxe para a conversa a questão da vaga poder ser ocupada por alguém que, não entrando em medicina, se fica pela nutrição, “roubando o sonho de outra pessoa,” esclarece.
Ana Meneses e a Mariana Cardoso estavam já na mesa a confecionar o prato que lhes tinha sido atribuído: Salada de leguminosas. Ao lado, o Rodrigo, aluno do último ano de LCN, e a Lara estavam a confecionar uma frittata de espinafres com queijo feta e a salada de couscous Arco íris reunia a Margarida, a Inês Gonçalves e a Leonor. Todos vestidos a rigor e com as mãos na massa foram convidados a confecionar a refeição que depois foi ingerida de forma descontraída entre dois dedos de conversa. A Professora Ana Margarida Pinto chamou a atenção para as cores e explicou que isso significa diversidade de nutrientes. As leguminosas são ricas em proteínas, mas não têm todos os minerais necessários. Para uma refeição sem proteína de origem animal ser equilibrada devem ser consumidas as leguminosas associadas aos hidratos de carbono que se complementam e podem servir como substitutos da carne e do peixe.
Todos tiveram oportunidade de ver e de experimentar alguns aparelhos usados na consulta de nutrição. Um dinamógrafo para apertar e medir a força, uma cápsula sui generis que serve para medir a massa corporal e que mais parece uma nave espacial de pequenas dimensões. Chama-se Bod Pod e quem entra tem de ir de fato de banho e toca para que o volume ocupado seja apenas o do corpo e nem mais um cabelo. João Vasques, Professor e nutricionista, explica que “esta máquina é muito sensível e nenhuma porta ou janela pode ser aberta durante os poucos minutos que demora a fazer o teste. Não pode haver circulação de ar”, e explica o porquê; embora esteja selada, “é tão sensível que mesmo as alterações exteriores ao compartimento, fazem alterar os parâmetros.” É um habitáculo claustrofóbico que por essa razão, tem um botão de pânico que faz com que a cápsula desbloqueie, “isso dá algum descanso a quem entra aqui com receio.”
O dia em que aprenderam o que é o Plano Frankfurt
As balanças são precisas, mas muito parecidas às usadas em casa. Contudo, é explicado o procedimento correto para que o peso registado, seja o verdadeiro. Pés bem assentes na balança, plano de Frankfurt, (olhar para a frente) e um puxão na base do pescoço, acompanhado de uma inspiração profunda. Protocolo seguido, peso registado.
Na posse de todos estes valores o nutricionista vai perceber quantas calorias são gastas, quantas são ingeridas e consegue estabelecer assim um plano alimentar com as necessidades calóricas necessárias para aquela pessoa em particular.
Saíram felizes, motivados, alguns com mais certezas do que quando entraram, outros com mais dúvidas, mas seja qual for a situação, saíram felizes depois de uma manhã bem passada com atividades que os pode ajudar a decidir o futuro em consciência.
Parte da equipa que acompanhou os alunos do secundário à FMUL para ficarem a conhecer o Curso da Licenciatura em Ciências da nutrição.