A Receção ao Interno decorreu durante os dias 2, 3, 4 e 5 de janeiro na FMUL. Durante esses dias, que começaram sempre bem cedo, houve várias atividades desde talks importantes onde o foco era a apresentação dos serviços onde vão adquirir formação, outras era a criação de cenários ficcionados para os ajudar a estarem preparados para quando a situação for real. Houve talks motivacionais sobre, por exemplo, liderança e houve outras sobre temas vários - “Humanização dos Cuidados de Saúde”, “Reporte de Risco” “Investigação no Internato” e “Burnout”. As apresentações teóricas aconteceram no Grande Auditório João Lobo Antunes, no Edifício Egas Moniz. Houve ainda Workshops e uma “Caça ao Tesouro” que contou com a participação quer dos Internos de Formação Geral quer dos Internos de Formação Específica.
Foram 4 dias dedicados ao acolhimento deste grupo de futuros médicos que vão ter formação no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) e onde, quem sabe, possam ficar futuramente como médicos.
O primeiro dia foi pautado por uma sessão streaming, organizada pelo Ministério da Saúde, para dar as boas vindas a este grupo. A partir do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira foi possível ouvir discursos de vários intervenientes no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A abrir a sessão o anfitrião, João Casteleiro, Presidente do Conselho de Administração do CHUCB, começou o discurso salientado a importância da descentralização desta iniciativa que mostrou, “que o interior – do país - não está esquecido,” e destacou ainda a importância desta força de trabalho que segundo disse, “são o garante da continuidade de muitos serviços nos hospitais e nos centros de saúde,” e continuou, “são uma força de trabalho essencial e imprescindível no atendimento das pessoas que servimos.” Destacou a humanização dos serviços de saúde e na satisfação das necessidades da população. Terminou desejando “boa viagem nesta barca do tempo”.
Victor Herdeiro, Presidente da Administração Central do Sistema de Saúde, (ACSS) enalteceu o momento por ser “o início de algo extraordinário, o início de uma carreira que se dedica a cuidar e a salvar vidas.” O SNS tem um papel importante na formação dos médicos e “todos os anos recebe na formação geral cerca de 2 mil jovens médicos, ensinando-os a serem autónomos e com um grau de preparação muito elevada”, concluiu. João Carlos Ribeiro, Presidente do Conselho Nacional do Internato Médico (CNIM) começou o discurso dizendo, “o internato médico é útil para os médicos e para as pessoas,” uma vez que há aqui uma relação muito estreita entre aprendizagem e benefício dos serviços de saúde, por parte da população. No entanto, mostrou alguma preocupação no que se refere á manutenção dos especialistas no SNS. Por essa razão, destacou três pontos que considerou essenciais para reter médicos neste serviço público de excelência que é um dos pilares da democracia, como foi dito várias vezes nesta cerimónia online, por diferentes participantes. Na opinião do Presidente do CNIM tem de haver tempo protegido para formação, alteração na forma como a formação é veiculada e uma maior atenção à investigação.
O Presidente Executivo do SNS falou de três tipos de geração que convivem agora no SNS. Começou com a geração “X”, na qual ele se inclui e que caracterizou como “aquela que valoriza a carreira e a estabilidade,” são “as pessoas que viram o 25 de Abril, que têm um perfil mais conservador e que foram encaminhados para cargos de liderança”. A geração “Y” que são os que nasceram na segunda metade da década de 80, aprenderam a conviver com a tecnologia e que na sua opinião, “são ansiosos, querem reconhecimento de forma rápida” e que estiveram recentemente, “nas trincheiras na COVID-19,”. Relembrou que, “entram em confronto com a geração anterior.” Finalmente a geração “Z”, “mais silenciosa”, nasceram na 2ª metade dos anos 90 e a “internet e as novas tecnologias fazem parte do seu ADN. São mais individualistas ou até antissociais”, mas em compensação têm uma visão ampla do mercado de trabalho, procuram ambientes mais dinâmicos, são mais pragmáticos e o vencimento e a qualidade de vida têm um grande peso na tomada de decisões.” São estas 3 realidades com que o SNS tem de lidar e para que a relação funcione, a política de Recursos Humanos (RH) “tem de mudar”, palavras do Diretor Executivo que reforçou a mensagem acrescentando “temos obrigação de alterar as políticas dos RH porque as motivações são diferentes.” Políticas que tenham em consideração a vida familiar as avaliações e a forma como decorrem os concursos, têm de ser alvo de reflexão sob pena de esvaziamento do SNS. No fundo o que faz falta e desta forma concluiu o seu discurso são “líderes que motivem os futuros especialistas do SNS.”
Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos (OM) frisou a importância da existência de internos no serviço de Saúde dizendo que “são a força viva e o principal fator de qualidade do SNS” reforçando, “um serviço que não tem internos está condenado a ficar desatualizado a médio prazo”.
Os internos de hoje são os formandos de amanhã e essa dimensão pedagógica e altamente diferenciada é um dos pilares da excelência da medicina que é praticada em Portugal. Esta formação é já “mimetizada noutros países.” Miguel Guimarães, lembrou ainda que os médicos gostam de trabalhar no SNS porque “está organizado e existe essa coisa a que se chama Carreira médica,” e que permite a progressão das diferentes categorias. O SNS tem ainda outro atrativo que é a possibilidade das equipas trabalharem juntas. “Há uma relação mais próxima de trabalho em equipa que é extensível a outros profissionais de saúde, nomeadamente aos enfermeiros.” Falta capital humano, nomeadamente em zonas do interior e recordou que uma das medidas propostas durante o seu mandato foi a de criar uma forma de compensação das zonas periféricas, nomeadamente com a possibilidade de uma parte do internato ser feita em unidades de saúde e hospitais localizadas nestas zonas.
Salientou a importância do trabalho que os internos desenvolvem nas equipas onde estão integrados e concluiu dizendo, “estou certo que convosco a medicina vai ser mais valorizada e o nosso futuro está garantido.”
O Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, mostrou-se agradado por estar associado a este dia simbólico e disse, “damos nota pública do vosso percurso de excelência e valorizamos os valores e princípios que têm norteado a vossa formação. São eles: qualidade, humanismo, profissionalismo, solidariedade e dedicação à causa pública.”
Este ano é aquele em que o número de internos é maior, são: “3877 razões de confiança”, o título de um artigo escrito pelo Ministro da Saúde no Jornal Público e publicado neste dia.
Por parte do representante do ministério foi deixada uma mensagem de esperança no sentido de estarem a ser desenvolvidas várias iniciativas por parte do Governo para manter o SNS atrativo. O secretário de Estado avançou dizendo que as prioridades são, “de valorizar os profissionais de saúde estabelecendo medidas concretas que valorizem o trabalho”. No caso dos médicos adiantou que esta passa pela valorização salarial, mais acesso à Formação Geral e Especializada, hierarquização das carreiras e a criação de medidas que conciliem a vida pessoal com a profissional. Reforçou ainda a necessidade de apostar nas novas tecnologias e na importância da requalificação das instalações. O Orçamento do Estado para este ano promete um reforço de capital na ordem “dos 1.3 mil milhões de euros, mais 19 por cento do quem em 2015”, segundo disse.
Terminou fazendo uma alusão ao artigo escrito pelo Ministro da Saúde onde disse que havia assim, “3877 razões de confiança para o futuro.”
Amanhã, terça feira, haverá a Sessão de Abertura Boas Vindas e Apresentação do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, onde vão estar o Presidente do Conselho de Administração do CHULN, o Diretor Clínico, o Diretor do Internato Médico, o Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa , a Diretora do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, a Presidente da comissão de internos e a Diretora do Centro de Formação do CHULN.
Segundo dia de acolhimento aos Médicos de internato
O Grande Auditório João Lobo Antunes continua a ser o palco da sessão de acolhimento aos Internos e hoje, terça-feira, foi a vez das direções que compõem o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) e o Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML) deixarem algumas palavras de Boas vindas, ao mesmo tempo que foram apresentadas as várias valências que os internos aqui vão encontrar.
O primeiro a discursar foi o Presidente do Conselho de Administração do CHULN, Daniel Ferro que destacou a qualidade da instituição bem como a excelência dos que cá chegam que, por regra “querem ser os melhores.” Escolher este Campus para fazer o Internato é uma decisão acertada até porque, “esta casa tem uma grande complexidade clínica. Nos últimos 3 anos aumentou 25 por cento, passando de 1.37 para 1.66”. Destacou a pandemia, “que foi um enorme desafio porque não só aumentou a complexidade, como a severidade da doença.”
No CHULN há sempre grande afluência de doentes e isso acontece não só porque o hospital tem uma vasta área de abrangência, mas também porque “os doentes vêm para aqui porque não há condições noutros hospitais.” Para além de tratar doentes diariamente numa escala alargada, os resultados mantêm-se bons, “e por isso quem escolhe vir para esta casa é porque espera um futuro aliciante e de boa expectativa no que respeita ao percurso profissional!”.
No seu discurso destacou ainda, “as condições de trabalho, de formação, de espaço para investigação e a possibilidade de integrarem as equipas no final do internato” que o CHULN proporciona aos internos. O Diretor Clínico, Luís Pinheiro partilhou ainda a vontade de ter alguns dos rostos aqui presentes, como futuros colegas.
António Lopes, Diretor do Internato Médico, destacou 3 pilares já ganhos pelos internos ao escolherem esta casa para fazerem o internato e, são elas: “Atividade científica, clínica e pedagógica” que está ao dispor através das várias entidades que compõem este Campus, ou seja, o CAML. Já João Eurico Fonseca, Diretor da FMUL, referiu o momento como sendo especial e deu as boas vindas ao grupo mais recente de internos que vêm completar a sua formação no Hospital. Disse que “vão perceber que há vantagens em estar aqui, ”enaltecendo as diversas vertentes deste Campus que dispõe de um hospital, uma Faculdade e do Instituto de Medicina Molecular (iMM), transformando estas diferentes realidade numa só a que se dá o nome de CAML, Centro Académico de Medicina de Lisboa, já com elevado prestígio internacional. A propósito disso o diretor da FMUL referiu a importância do prestígio internacional o que justifica a procura por parte de internos de outros países e salientou a necessidade “de nos projetarmos internacionalmente”.
A investigadora Maria Mota, também Diretora do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, deixou abertas as portas do iMM. Convidou os novos internos a procurarem respostas para as muitas perguntas que a ciência suscita e, enquanto fazem esse percurso, que é também de humildade - porque há muito a descobrir- ajudam a fazer ciência e a caminhar na direção do futuro
Seguiu-se Alexandra Costa que apresentou o Centro de Formação do qual é Diretora, onde existe uma “estratégia dinamizadora que promove uma cultura de qualidade” e convidou os médicos internos a visitarem a página e perceberem quais as formações, para além das obrigatórias, que gostariam de frequentar. Destacou ainda o conjunto de colaboradores “de excelente qualidade e que são desta casa.”
A partir de agora, todos os internos terão horas muito ocupadas e dias muito longos. Umas vezes vão sentir-se super-heróis, outras a frustração será o sentimento predominante, mas o que importa reter é que essa enorme panóplia e de emoções e sentimentos que vão sentir, fazem parte do processo e não serão nem os primeiros, nem os únicos a terem dúvidas. No final fica a frase inspiradora com que Maria Mota terminou o seu discurso de boas vindas “se os vossos sonhos não vos assustam é porque não são grandes o suficiente.” Uma frase proferida em 2011, por Ellen Johnson Sirleaf, na altura Presidente da Libéria e, posteriormente, laureada com o Prémio Nobel da Paz, quando se dirigia a alunos de Harvard para quem discursava na cerimónia de final de curso.
Dora Estevens Guerreiro
Equipa Editorial
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