Reportagem / Perfil
Olimpíadas da Medicina na Primeira Pessoa
As Olimpíadas da Medicina “transbordam” muito para além das experiências dos que nelas participam... contagiando inclusivamente quem tem o privilégio de conviver profissionalmente com os alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Importa, porém, fazer um breve e muito sintético resumo sobre o assunto, a fim de não apanharmos ninguém totalmente desprevenido.
As Olimpíadas da Medicina são um evento desportivo e cultural que, neste ano de 2010 cumpriu a respeitável XVII edição. São, em suma, um momento de convívio e lazer, prezado pelos alunos da Faculdade de Medicina como um dos mais conceituados e estimados acontecimentos do ano.
Em 1993, começaram por ser apenas uma prova desportiva, realizada no Estádio da Cidade Universitária de Lisboa mas, com o aumento da adesão pelos futuros médicos da Universidade Clássica de Lisboa, rapidamente cresceram em dimensão e qualidade.
Este ano as Olimpíadas da Medicina contaram mesmo com a participação de 1200 médicos e alunos de Medicina, tendo decorrido no hotel "Balaia Golf Village", o qual chegou mesmo a encerrar portas especificamente para receber a F.M.U.L., entre os dias 14 e 18 de Abril.
Para além das competições de carácter “desportivo”, o programa social é constituído por festas temáticas, organizadas em parceria com discotecas, estações de radiodifusão e marcas importantes, sempre em espaços providenciados apenas e particularmente para esse efeito, como uma tenda de 1000 m2; totalmente equipada com palco, sistema de som e luzes adequados à actuação de grandes nomes do mundo da música.
A nossa curiosidade sobre esses mágicos e extraordinários dias, pode ser satisfeita de forma subtil, particularmente através do testemunho, na primeira pessoa, de dois alunos do 1.º ano do Mestrado Integrado em Medicina.
De facto, esta viagem à distância só foi possível graças à boa vontade de ambos e de uma grande ajuda, não só de um dos membros da Comissão de Alunos – Rúben Miguel Malcata Nogueira - o qual fez o especial favor de contactar todos os colegas com o meu pedido de voluntários para uma “entrevista”, assim como da Associação de Estudantes, especialmente na pessoa do aluno Francisco Goiana Godinho Silva, que para além de uma óptima introdução sobre o evento, me fez o grato favor de prestar uma imprescindível ajuda no processo de recrutamento dos entrevistados.
Sem mais delongas, proponho-vos uma excursão às Olimpíadas da Medicina 2010, através do testemunho, pessoal e intransmissível, da aluna Maria Guilhermina Batista de Loureiro Pereira e do aluno Afonso Maria da Silva Moreira.
Miguel Andrade: Antes de participarem nas Olimpíadas da Medicina, quais eram as expectativas e a noção que tinham sobre este evento e qual a motivação que esteve na origem da vossa inscrição?
Maria Guilhermina Pereira: Quando nos falavam nas Olimpíadas (principalmente os alunos mais velhos), diziam que era, a par com a Noite da Medicina, algo que não podia ser perdido, enquanto alunos da nossa Faculdade.
Eu não sabia o que era, mas depressa nos explicaram que era um fim de semana prolongado que reunia todos os estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa num local, relativamente distante da nossa área de estudo, com actividades desportivas, com competição entre os anos e com muita festa!
Falei com outros colegas e todos gostámos da ideia. O nosso pensamento foi: «Se é imperdível, vamos lá então conhecer!».
Afonso Moreira: Inicialmente, não se pode dizer que as minhas expectativas pessoais tenham sido muito altas.
O conceito das Olimpíadas ainda estava envolto num nevoeiro de desconhecimento… mas fui, progressivamente, tomando consciência dos seus contornos e do que de facto se tratava. Devo dizer que, só após o que me contaram os colegas dos anos mais avançados, é que fiquei com as expectativas bastante elevadas, o que potenciou a minha vontade de me inscrever.
Há até quem diga: “No curso de Medicina, há duas coisas às quais não podes faltar. A Noite da Medicina e as Olimpíadas!”
MA: Os comentários e hipotéticos conselhos que os colegas mais adiantados vos davam, como descreviam o que se ia passar e como vos ajudaram?
MGP: Os colegas mais avançados descreviam o evento como sendo algo imperdível, como já disse. Sempre que se mencionavam as Olimpíadas, falavam logo com outro tom, com uma disposição que mudava imediatamente.
Quanto a conselhos que nos deram, resumiram-se a aproveitarmos bem os 4 dias, visto que as nossas férias lectivas são passadas a estudar e nas Olimpíadas pomos tudo de parte e são férias a sério (embora apenas durante 4 dias)!
AM: Apesar de muito nos lembrarem que as Olimpíadas se aproximavam, os nossos colegas sempre foram um pouco evasivos às perguntas mais concretas em relação ao que realmente se passava neste evento, sem dúvida uma maneira de criarem ainda mais curiosidade e expectativa. No entanto, quanto aos aspectos mais funcionais da organização, penso que, de um modo geral, os nossos colegas estavam bem informados e sabiam dar conselhos práticos com bastante utilidade.
MA: Agora concentrando-nos na experiência em si... é verdade que se dorme muito pouco e que são dias "loucos" e extenuantes?... como é, resumidamente, a vossa rotina e o que aconteceu este ano em termos de actividades?
MGP: Tudo isso vai depender das pessoas, como é óbvio. Há aquelas que dormem muito e outras que querem usufruir das actividades todas ou aproveitar o dia ao máximo!
O facto é que, para dormir, temos a nossa casa! E sim, dorme-se mesmo muito pouco!
São dias com muita festa, muita alegria, muita união!
A rotina é acordar, ir ter com o resto das pessoas, participar nas actividades desportivas (para quem quiser defender o seu ano, claro!), e à noite temos as festas temáticas, que, para os mais resistentes, duram até de manhã!
AM: Aí está um ponto interessante das Olimpíadas… podem ser dessa forma, mas também podem não o ser!
É um evento que pode ser desfrutado de muitas maneiras diferentes. A festa não pára, existe sempre algo para fazer, resta só aos participantes decidirem como a vão aproveitar.
Existem “quizzes” culturais e muitas actividades desportivas por onde escolher, como torneios de basquetebol, futebol, andebol ou “paintball”.
No meu caso particular, tentei mesmo desfrutar ao máximo de todos os momentos, o que me levou, obviamente, a reduzir as horas de sono. Espantosamente, talvez pelo ambiente que se sente ao estarmos nas Olimpíadas, nunca me senti exausto… só mesmo quando entrei no autocarro de volta a Lisboa!
MA: Quais foram as melhores memórias... aquelas que irão, sem dúvida, perdurar?
MGP: O convívio num ambiente fora do ambiente de estudo foi sem dúvida uma mais valia. Estamos habituados a conviver na Faculdade, mas nas Olimpíadas é diferente.
Percebemos que as nossas relações não vivem só da Medicina. Há mais para além disso.
Os tempos que passámos com os nossos amigos serão as memórias que iremos levar connosco, certamente.
AM: Durante estas Olimpíadas, senti que, por um lado, conheci muita gente que de outro modo não teria conhecido e que, por outro, fortaleci laços de amizade que não seriam tão facilmente desenvolvidos durante o período de aulas na Faculdade.
Os momentos que partilhei com estas pessoas, nomeadamente as últimas, serão sem a menor dúvida algo para recordar durante muitos e muitos anos.
MA: Aconteceu algum episódio que mereça ser contado um dia aos vossos netos?
MGP: Algum episódio específico?... Penso que todos os 4 dias merecem ser recordados!
AM: Obviamente! Entre aqueles que só serão contados aos netos, o episódio “sete rapazes presos no elevador durante 40 minutos”, já famoso no seio da comunidade do 1.º ano, estará no topo da lista!
MA: Com certeza também houve algo menos positivo a comentar, algo que merecesse reparo, algum ponto importante que os responsáveis pelas organizações futuras devam evitar, o que é que nos podem dizer nesse sentido?
MGP: Pessoalmente, penso que a organização esteve impecável.
Temos uma grande Associação de Estudantes que organizou um magnífico fim de semana prolongado.
Há é sempre os excessos que algumas pessoas cometem... e, por vezes, esses excessos trazem prejuízos muito grandes. Penso que não tem que ver com a organização. Tem que ver connosco. Nós, enquanto alunos de Medicina, devemos ser responsáveis e termos noção dos nossos actos. Por vezes, as nossas acções vão longe demais, o que faz com que outros sejam prejudicados por algo que não têm culpa.
AM: Não culpo a organização por este facto, mas fui confrontado com uma situação, durante o embarque para o retorno a Lisboa, que me deixou profundamente indignado. Penso que atitudes como “passar à frente” nas filas não se coadunam com pessoas que tanto são estudantes na Faculdade de Medicina, como também são cidadãos de um país e de um mundo que se quer mais organizado e civilizado.
Felizmente, foi o único ponto negativo que retirei das Olimpíadas. A CODM está de parabéns!
MA: Muitos dos nossos leitores questionar-se-ão sobre o papel das Olimpíadas da Medicina na vertente académica.
Designadamente para quem não é Médico, para os formados em Medicina que tiveram outro tipo de vivência na sua época, ou simplesmente para os mais curiosos, o que é que têm a dizer sobre alguma eventual influência que estes dias possam vir a ter no futuro do vosso percurso académico?
MGP: Como dizia Abel Salazar: "Um médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe".
Primeiro, antes de sermos futuros médicos, somos pessoas. Precisamos de um intervalo no nosso estudo para respirarmos e voltarmos a sufocar na semana a seguir.
Agora perguntam: "Mas podíamos fazer isso sem ser no contexto da Faculdade? Porquê as Olimpíadas?"... Porque estamos com os nossos colegas, nomeadamente com os que já são nossos amigos, partilhamos experiências, e aprendemos a viver com eles, visto que a profissão que escolhemos também é marcada pela entreajuda.
As Olimpíadas acabam por promover uma união entre todos e, muitas vezes, um desenvolvimento da nossa componente humana que, cada vez mais, vemos que falta aos médicos do nosso país.
AM: É certo que este evento não está directamente relacionado com o apreendimento dos conteúdos que nos são exigidos saber, sejamos francos.
Mesmo assim, penso que as Olimpíadas têm um papel fundamental no desenvolvimento das relações entre os alunos da F.M.U.L. (digo isto, sem a menor ironia) e que isso é uma componente positiva tanto na motivação destes para com o curso, como nos contactos profissionais e afectivos que fazem parte da vida de um médico que se quer conhecedor dos seus colegas.
MA: E por fim, uma outra interrogação muito comum... quando saíram do autocarro, já em Lisboa, após uma longa viagem, e olhando retrospectivamente para os dias anteriores, quais das expectativas iniciais se vieram de facto a confirmar e quais foram os sentimentos que nos possam ser transmitidos?
MGP: Falando por mim, foi com grande nostalgia que desci as escadas daquele autocarro.
Foram 4 dias fantásticos, passados da melhor forma, com a companhia dos futuros médicos de Portugal. As expectativas foram mais que superadas! Muita diversão, muito descanso psicológico, muita união.
Poucas horas de sono, semana seguinte infernal com muitos trabalhos, mas valeu a pena!!
Fazia tudo outra vez! Para o ano, lá estarei de novo!!
AM: Devo admitir que fiquei surpreendido pela positiva. A comunidade estudantil da F.M.U.L. mostrou realmente ter uma organização e um espírito extraordinários.
As Olimpíadas são uma festa que deixa orgulhoso qualquer aluno da nossa Faculdade, algo de que nos gabamos sem qualquer problema nas nossas conversas com pessoas de outros cursos.
Para terminar, deixo aqui bem expressa a minha vontade de continuar a participar na maior festa de medicina em Portugal e de que se sigam muitas edições e ainda melhores do que esta última que há uns dias terminou!
Miguel Andrade
Instituto de Introdução à Medicina
mandrade@fm.ul.pt
Importa, porém, fazer um breve e muito sintético resumo sobre o assunto, a fim de não apanharmos ninguém totalmente desprevenido.
As Olimpíadas da Medicina são um evento desportivo e cultural que, neste ano de 2010 cumpriu a respeitável XVII edição. São, em suma, um momento de convívio e lazer, prezado pelos alunos da Faculdade de Medicina como um dos mais conceituados e estimados acontecimentos do ano.
Em 1993, começaram por ser apenas uma prova desportiva, realizada no Estádio da Cidade Universitária de Lisboa mas, com o aumento da adesão pelos futuros médicos da Universidade Clássica de Lisboa, rapidamente cresceram em dimensão e qualidade.
Este ano as Olimpíadas da Medicina contaram mesmo com a participação de 1200 médicos e alunos de Medicina, tendo decorrido no hotel "Balaia Golf Village", o qual chegou mesmo a encerrar portas especificamente para receber a F.M.U.L., entre os dias 14 e 18 de Abril.
Para além das competições de carácter “desportivo”, o programa social é constituído por festas temáticas, organizadas em parceria com discotecas, estações de radiodifusão e marcas importantes, sempre em espaços providenciados apenas e particularmente para esse efeito, como uma tenda de 1000 m2; totalmente equipada com palco, sistema de som e luzes adequados à actuação de grandes nomes do mundo da música.
A nossa curiosidade sobre esses mágicos e extraordinários dias, pode ser satisfeita de forma subtil, particularmente através do testemunho, na primeira pessoa, de dois alunos do 1.º ano do Mestrado Integrado em Medicina.
De facto, esta viagem à distância só foi possível graças à boa vontade de ambos e de uma grande ajuda, não só de um dos membros da Comissão de Alunos – Rúben Miguel Malcata Nogueira - o qual fez o especial favor de contactar todos os colegas com o meu pedido de voluntários para uma “entrevista”, assim como da Associação de Estudantes, especialmente na pessoa do aluno Francisco Goiana Godinho Silva, que para além de uma óptima introdução sobre o evento, me fez o grato favor de prestar uma imprescindível ajuda no processo de recrutamento dos entrevistados.
Sem mais delongas, proponho-vos uma excursão às Olimpíadas da Medicina 2010, através do testemunho, pessoal e intransmissível, da aluna Maria Guilhermina Batista de Loureiro Pereira e do aluno Afonso Maria da Silva Moreira.
Miguel Andrade: Antes de participarem nas Olimpíadas da Medicina, quais eram as expectativas e a noção que tinham sobre este evento e qual a motivação que esteve na origem da vossa inscrição?
Maria Guilhermina Pereira: Quando nos falavam nas Olimpíadas (principalmente os alunos mais velhos), diziam que era, a par com a Noite da Medicina, algo que não podia ser perdido, enquanto alunos da nossa Faculdade.
Eu não sabia o que era, mas depressa nos explicaram que era um fim de semana prolongado que reunia todos os estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa num local, relativamente distante da nossa área de estudo, com actividades desportivas, com competição entre os anos e com muita festa!
Falei com outros colegas e todos gostámos da ideia. O nosso pensamento foi: «Se é imperdível, vamos lá então conhecer!».
Afonso Moreira: Inicialmente, não se pode dizer que as minhas expectativas pessoais tenham sido muito altas.
O conceito das Olimpíadas ainda estava envolto num nevoeiro de desconhecimento… mas fui, progressivamente, tomando consciência dos seus contornos e do que de facto se tratava. Devo dizer que, só após o que me contaram os colegas dos anos mais avançados, é que fiquei com as expectativas bastante elevadas, o que potenciou a minha vontade de me inscrever.
Há até quem diga: “No curso de Medicina, há duas coisas às quais não podes faltar. A Noite da Medicina e as Olimpíadas!”
MA: Os comentários e hipotéticos conselhos que os colegas mais adiantados vos davam, como descreviam o que se ia passar e como vos ajudaram?
MGP: Os colegas mais avançados descreviam o evento como sendo algo imperdível, como já disse. Sempre que se mencionavam as Olimpíadas, falavam logo com outro tom, com uma disposição que mudava imediatamente.
Quanto a conselhos que nos deram, resumiram-se a aproveitarmos bem os 4 dias, visto que as nossas férias lectivas são passadas a estudar e nas Olimpíadas pomos tudo de parte e são férias a sério (embora apenas durante 4 dias)!
AM: Apesar de muito nos lembrarem que as Olimpíadas se aproximavam, os nossos colegas sempre foram um pouco evasivos às perguntas mais concretas em relação ao que realmente se passava neste evento, sem dúvida uma maneira de criarem ainda mais curiosidade e expectativa. No entanto, quanto aos aspectos mais funcionais da organização, penso que, de um modo geral, os nossos colegas estavam bem informados e sabiam dar conselhos práticos com bastante utilidade.
MA: Agora concentrando-nos na experiência em si... é verdade que se dorme muito pouco e que são dias "loucos" e extenuantes?... como é, resumidamente, a vossa rotina e o que aconteceu este ano em termos de actividades?
MGP: Tudo isso vai depender das pessoas, como é óbvio. Há aquelas que dormem muito e outras que querem usufruir das actividades todas ou aproveitar o dia ao máximo!
O facto é que, para dormir, temos a nossa casa! E sim, dorme-se mesmo muito pouco!
São dias com muita festa, muita alegria, muita união!
A rotina é acordar, ir ter com o resto das pessoas, participar nas actividades desportivas (para quem quiser defender o seu ano, claro!), e à noite temos as festas temáticas, que, para os mais resistentes, duram até de manhã!
AM: Aí está um ponto interessante das Olimpíadas… podem ser dessa forma, mas também podem não o ser!
É um evento que pode ser desfrutado de muitas maneiras diferentes. A festa não pára, existe sempre algo para fazer, resta só aos participantes decidirem como a vão aproveitar.
Existem “quizzes” culturais e muitas actividades desportivas por onde escolher, como torneios de basquetebol, futebol, andebol ou “paintball”.
No meu caso particular, tentei mesmo desfrutar ao máximo de todos os momentos, o que me levou, obviamente, a reduzir as horas de sono. Espantosamente, talvez pelo ambiente que se sente ao estarmos nas Olimpíadas, nunca me senti exausto… só mesmo quando entrei no autocarro de volta a Lisboa!
MA: Quais foram as melhores memórias... aquelas que irão, sem dúvida, perdurar?
MGP: O convívio num ambiente fora do ambiente de estudo foi sem dúvida uma mais valia. Estamos habituados a conviver na Faculdade, mas nas Olimpíadas é diferente.
Percebemos que as nossas relações não vivem só da Medicina. Há mais para além disso.
Os tempos que passámos com os nossos amigos serão as memórias que iremos levar connosco, certamente.
AM: Durante estas Olimpíadas, senti que, por um lado, conheci muita gente que de outro modo não teria conhecido e que, por outro, fortaleci laços de amizade que não seriam tão facilmente desenvolvidos durante o período de aulas na Faculdade.
Os momentos que partilhei com estas pessoas, nomeadamente as últimas, serão sem a menor dúvida algo para recordar durante muitos e muitos anos.
MA: Aconteceu algum episódio que mereça ser contado um dia aos vossos netos?
MGP: Algum episódio específico?... Penso que todos os 4 dias merecem ser recordados!
AM: Obviamente! Entre aqueles que só serão contados aos netos, o episódio “sete rapazes presos no elevador durante 40 minutos”, já famoso no seio da comunidade do 1.º ano, estará no topo da lista!
MA: Com certeza também houve algo menos positivo a comentar, algo que merecesse reparo, algum ponto importante que os responsáveis pelas organizações futuras devam evitar, o que é que nos podem dizer nesse sentido?
MGP: Pessoalmente, penso que a organização esteve impecável.
Temos uma grande Associação de Estudantes que organizou um magnífico fim de semana prolongado.
Há é sempre os excessos que algumas pessoas cometem... e, por vezes, esses excessos trazem prejuízos muito grandes. Penso que não tem que ver com a organização. Tem que ver connosco. Nós, enquanto alunos de Medicina, devemos ser responsáveis e termos noção dos nossos actos. Por vezes, as nossas acções vão longe demais, o que faz com que outros sejam prejudicados por algo que não têm culpa.
AM: Não culpo a organização por este facto, mas fui confrontado com uma situação, durante o embarque para o retorno a Lisboa, que me deixou profundamente indignado. Penso que atitudes como “passar à frente” nas filas não se coadunam com pessoas que tanto são estudantes na Faculdade de Medicina, como também são cidadãos de um país e de um mundo que se quer mais organizado e civilizado.
Felizmente, foi o único ponto negativo que retirei das Olimpíadas. A CODM está de parabéns!
MA: Muitos dos nossos leitores questionar-se-ão sobre o papel das Olimpíadas da Medicina na vertente académica.
Designadamente para quem não é Médico, para os formados em Medicina que tiveram outro tipo de vivência na sua época, ou simplesmente para os mais curiosos, o que é que têm a dizer sobre alguma eventual influência que estes dias possam vir a ter no futuro do vosso percurso académico?
MGP: Como dizia Abel Salazar: "Um médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe".
Primeiro, antes de sermos futuros médicos, somos pessoas. Precisamos de um intervalo no nosso estudo para respirarmos e voltarmos a sufocar na semana a seguir.
Agora perguntam: "Mas podíamos fazer isso sem ser no contexto da Faculdade? Porquê as Olimpíadas?"... Porque estamos com os nossos colegas, nomeadamente com os que já são nossos amigos, partilhamos experiências, e aprendemos a viver com eles, visto que a profissão que escolhemos também é marcada pela entreajuda.
As Olimpíadas acabam por promover uma união entre todos e, muitas vezes, um desenvolvimento da nossa componente humana que, cada vez mais, vemos que falta aos médicos do nosso país.
AM: É certo que este evento não está directamente relacionado com o apreendimento dos conteúdos que nos são exigidos saber, sejamos francos.
Mesmo assim, penso que as Olimpíadas têm um papel fundamental no desenvolvimento das relações entre os alunos da F.M.U.L. (digo isto, sem a menor ironia) e que isso é uma componente positiva tanto na motivação destes para com o curso, como nos contactos profissionais e afectivos que fazem parte da vida de um médico que se quer conhecedor dos seus colegas.
MA: E por fim, uma outra interrogação muito comum... quando saíram do autocarro, já em Lisboa, após uma longa viagem, e olhando retrospectivamente para os dias anteriores, quais das expectativas iniciais se vieram de facto a confirmar e quais foram os sentimentos que nos possam ser transmitidos?
MGP: Falando por mim, foi com grande nostalgia que desci as escadas daquele autocarro.
Foram 4 dias fantásticos, passados da melhor forma, com a companhia dos futuros médicos de Portugal. As expectativas foram mais que superadas! Muita diversão, muito descanso psicológico, muita união.
Poucas horas de sono, semana seguinte infernal com muitos trabalhos, mas valeu a pena!!
Fazia tudo outra vez! Para o ano, lá estarei de novo!!
AM: Devo admitir que fiquei surpreendido pela positiva. A comunidade estudantil da F.M.U.L. mostrou realmente ter uma organização e um espírito extraordinários.
As Olimpíadas são uma festa que deixa orgulhoso qualquer aluno da nossa Faculdade, algo de que nos gabamos sem qualquer problema nas nossas conversas com pessoas de outros cursos.
Para terminar, deixo aqui bem expressa a minha vontade de continuar a participar na maior festa de medicina em Portugal e de que se sigam muitas edições e ainda melhores do que esta última que há uns dias terminou!
Miguel Andrade
Instituto de Introdução à Medicina
mandrade@fm.ul.pt