A Área de Biblioteca e Informação criou, no Repositório Digital da Universidade de Lisboa, uma nova Coleção, destinada à publicação de documentos do XV Congresso Internacional de Medicina, realizado em Lisboa, em 1906.
Conforme se pode ler no texto que apresenta a coleção, o XV Congresso Internacional de Medicina “foi um marco importante na evolução da Medicina Portuguesa do Século XX. Com ele foram atraídos a Lisboa os maiores expoentes da Medicina mundial, incluindo alguns vencedores do Prémio Nobel. Portugal permanecia afastado das rotas dos progressos da Medicina que então desabrochava e admite-se que, deste contacto com congressistas estrangeiros, se tenha iniciado o processo que levou ao aparecimento da chamada Geração de 1911”.
O Congresso viria a revelar-se de facto um ponto alto da Medicina portuguesa da primeira metade do Século XX. Com o patrocínio da Coroa Portuguesa, a organização, tendo embora passado por vicissitudes as mais variadas, de que a própria documentação dá conta, pautou-se, no final, por um assinalável sucesso.
Presidido por Manuel da Costa Alemão (1833-1922), o Congresso teve em Miguel Bombarda, Secretário-geral, o seu organizador e dinamizador maior.
Sobre a importância do evento para a medicina portuguesa da época, vale a pena recuperar algumas palavras de Miguel Bombarda:
“(…) a ciência oral, a que se adquire nos laboratórios e nas clínicas, aquela que ouvimos da própria boca ou da natureza ou dos sábios, seus intérpretes, avança enormemente sobre a que se cristaliza nas páginas das revistas e muito mais nas dos livros. É essa ciência que forma o que um tudo-nada metafisicamente designamos com as palavras meio científico. Que tal meio não existe em Portugal, sabe-o toda a gente. Individualmente há, nesta nossa terra, espíritos da mais pura intuição, do mais elevado cultivo, tão grande ou mesmo superior ao que se encontra nos outros países que nos vemos forçados a visitar. Não há dúvida. Mas meio, ação coletiva, vida em comum, atmosfera onde se possa viver, meio, numa palavra, é coisa que não há. E eis que vamos ter, ainda por pouco tempo, esse meio que nos falta. Vantagem enorme, incalculável mesmo, essa.” (Miguel Bombarda, “XV Congresso internacional de medicina”; A Medicina Contemporânea, Ano XXIV, Série II – Tomo XI, 15 Abril, 1906).



André Silva
Área de Biblioteca e Informação
