A pandemia cortou os laços físicos entre os estudantes de Doutoramento e é a primeira vez que se encontram, presencialmente, desde o início da pandemia. De acordo com os membros da Comissão Organizadora, o objetivo deste encontro é discutir ciência, algo que ficou bastante dificultado pela pandemia.
Pretendem, também, discutir novas ideias e dar a conhecer os vários projetos de investigação em curso no CAML. “Muitas vezes, na azáfama do dia-a-dia de laboratório, é difícil trocar ideias com os nossos colegas e conhecer os restantes trabalhos. Com este Encontro, ao conhecermos melhor os projetos uns dos outros, podemos trocar ideias e eventualmente pensar em colaborações, que, dificilmente, surgiriam se este momento não existisse.”
A pandemia afastou os PhD no contacto pessoal, mas como consequência da pandemia, “a sociedade civil aproximou-se dos cientistas, o que permitiu abrir novas portas à Ciência e mostrar a importância de financiar projetos de Investigação”.
Desafiamos a Comissão Organizadora para uma entrevista, que nos contam mais sobre o encontro PhD Meeting.
Qual é o futuro de um Doutorado, após o fim da sua tese? Que futuro em Portugal?
Após a conclusão da tese, o Doutorado pode continuar na carreira académica, ou enveredar por uma carreira na indústria. Qualquer uma destas vias é possível em Portugal, havendo, muitas vezes, uma preferência pela carreira industrial, pois é uma carreira que traz, tipicamente, mais estabilidade financeira. A escolha final dependerá sempre da capacidade de balançar a vida pessoal com a vida profissional, bem como dos objetivos individuais de cada um.
O que justifica que tenhamos sempre tão poucos médicos neste meeting dos PhD?
Este meeting é organizado por estudantes CAML para todos os estudantes do CAML. No entanto, temos de perceber que os estudantes clínicos têm a difícil tarefa de coordenar a sua atividade académica com a prática clínica, enquanto um aluno de doutoramento não clínico poderá ter mais disponibilidade para estar presente no Encontro. Porém, todos os anos temos feito um esforço para aproximar estas duas vertentes, pois acreditamos que ambos os lados terão muito a ganhar com as possíveis novas colaborações científicas e trocas de ideias aqui geradas.
Portugal é dos países mais precários no que toca à estabilidade contratual de investigadores e cientistas. O que pensam que se pode fazer para reverter esse cenário?
Um dos grandes passos que poderá ser dado passa por mostrar à sociedade o valor e a real importância da Ciência no dia-a-dia do cidadão comum. Como consequência da situação pandémica, a sociedade civil aproximou-se dos cientistas, o que permitiu abrir novas portas à Ciência e mostrar a importância de financiar projetos de Investigação. No entanto, como se costuma dizer “O caminho faz‑se caminhando” e muito continua, ainda, por fazer. Por sentirmos que a comunicação de ciência para não-cientistas é um assunto bastante relevante e atual, nesta edição do Encontro, organizámos uma mesa redonda sobre este tema que, acreditamos, será bastante informativa, não apenas para os estudantes, mas para toda a comunidade do CAML.
Quais as áreas de investigação que têm uma maior procura? E Porquê?
Atualmente, sentimos que as áreas com maior procura são as que têm possibilidade de aplicabilidade mais imediata – projetos na área do cancro são projetos que atraem sempre muita atenção por parte dos novos alunos, mas também a virologia tem despertado interesse dos estudantes, como consequência da atual crise pandémica.
Como classificam ser um aluno de doutoramento na FMUL?
Ser estudante FMUL é fazer parte de uma instituição secular, com prestígio e renome nacional e internacional. A FMUL dá, a cada um de nós, a oportunidade de explorar a nossa paixão pela Ciência num ambiente de harmonia do Centro Académico de Medicina de Lisboa. Aqui, cada aluno de doutoramento tem espaço e liberdade para realizar investigação básica ou translacional, mantendo sempre com a possibilidade de desenvolver colaborações com os diferentes parceiros dentro da comunidade FMUL.
Leonel Gomes
Equipa Editorial
