Reportagem / Perfil
As Expectativas da Futura Geração de Médicos. Entrevista a Sandra Duque Maurício
Sandra Duque Maurício, melhor nota de entrada na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) entrevistada pela News@FMUL
Sandra Duque Maurício, natural de São Mamede, concelho da Batalha, fez o ensino secundário em Fátima e, no ano lectivo 2009/2010, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, com a particularidade de ter sido premiada, de início, pela Associação de Estudantes por ter tido a melhor nota de entrada, 19,65 valores.
Desde o 1.º ciclo do ensino básico que é aluna brilhante, considerando que isso também se deve aos excelentes professores que teve ao longo da escolaridade.
A ideia do curso de Medicina surgiu há pouco mais de 2 anos. Esta Faculdade foi primeira escolha, pela qualidade e pelo prestígio dos professores . Já passaram quase seis meses sobre a sua primeira aula e a news@fmul foi tirar o pulso às suas expectativas e perceber o que vai na alma desta jovem, nascida em Abril de 1991, a preparar-se agora para exercer a medicina.
Foi numa sala do Edifício Egas Moniz, decorada com quadros a óleo de médicos e cientistas que fazem parte da história da medicina portuguesa, que falámos com Sandra Maurício. De um modo sereno e pausado foi-nos falando do seu percurso de estudante nesta, que segundo nos confidenciou, constitui a primeira entrevista da sua vida.
- News@fmul: - Porquê a escolha da FMUL?
- Sandra Duque Maurício (SDM): Foi a minha primeira escolha, por ser de facto a FMUL e, digo-o com toda a sinceridade, pelas pessoas por quem somos ensinados, porque grande parte dos nossos professores são excelentes profissionais, em termos de ciência e de prática clínica.
- News@fmul: - No seu percurso escolar as classificações elevadas foram uma constante?
- SDM: Sempre fui bastante empenhada e sempre me habituei a esforçar-me e a alcançar os objectivos a que me propunha. Houve uma questão de facilidade, mas também trabalhei para isso, porque sempre gostei da escola e de estudar.
Fiz a minha escolaridade básica num colégio em São Mamede e, depois, o ensino secundário fi-lo em Fátima, no Colégio Católico de São Miguel. Fui sempre a primeira da turma. Fiz um bom percurso escolar sem dúvida mas, devo dizer, que também foi graças aos meus professores que, no meu entender, desde a escola primária foram excepcionais.
- News@fmul: - Como foi incentivada para a medicina? Tem alguém médico na Família?
- SDM: Não, de todo. O meu pai é técnico de manutenção na indústria cerâmica e a minha mãe exerce funções de recepcionista e telefonista na mesma indústria, porque na região do Oeste existe muito esse tipo de actividade.
Vim para medicina por vontade própria e porque os meus pais sempre me incentivaram, não especialmente nesta escolha, mas para que eu estudasse e fosse mais além. O meu pai sempre disse que o melhor que podia fazer por nós, tenho uma irmã mais nova com 13 anos, era o investimento na nossa educação. Sempre me disseram para escolher consoante a minha vontade e, desde que surgiu a ideia deste curso, fui sempre apoiada.
- News@fmul: - Desde quando amadureceu a ideia do curso de Medicina?
- SDM: - Foi uma ideia que amadureceu há cerca de dois anos. Sempre gostei de muitas coisas, desde a matemática à língua portuguesa. Gosto da prática científica, da ciência, não de um modo puro, mas com algo mais. No fundo a medicina é essa prática científica com um fim humanista, um aspecto relacional que a torna distinta de todas as outras.
- News@fmul: - Estes seus primeiros meses na Faculdade estão a corresponder às expectativas?
- SDM: - Estou a gostar do ensino superior e a Faculdade corresponde às expectativas sem dúvida. O que me surpreendeu é que não estava à espera da quantidade de trabalho e do envolvimento exigido para acompanhar a matéria, onde disciplinas como a anatomia, a bioquímica e a biologia molecular são as que envolvem bastante estudo. No secundário não estamos habituados a isso seguramente. Sabia que tinha que trabalhar mais e, provavelmente, não podia ser de outra maneira, porque um bom médico tem que ter, antes de mais, estas competências técnicas.
- News@fmul: - Como lhe correu a primeira época de exames que agora terminou?
- SDM: - Os exames correram melhor do que esperava. É certo que, por um lado, houve muito trabalho ao longo do semestre e, por outro, as expectativas pessoais não eram muito altas, daí a surpresa. Embora esteja consciente de que os bons resultados não são tudo, a verdade é que nos dão alento. Foi um bom primeiro semestre e, portanto, uma boa partida naquele que vai ser um longo percurso. O mais difícil foi mesmo aperceber-me de como este período de exames pode ser angustiante para alguns colegas... A verdade é que ainda estamos a aprender o que é a Universidade.
- News@fmul: - Desde que está na Faculdade mudou a sua ideia da Medicina?
- SDM: - Mudou! Cativa-me ainda mais a profissão de médico, o tal ofício de Hipócrates, porque temos sido sensibilizados para isso. Nesta minha curta experiência, tenho começado a compreender porque se diz que a medicina é a profissão mais bela do mundo: pelo relato dos prelectores, tenho me apercebido do privilégio que um médico tem de poder estar a trabalhar e interferir positivamente com o bem mais precioso das pessoas - a saúde. Os relatos que nos vão sendo feitos, e sobretudo os casos de sucesso, ainda nos incentivam mais para a medicina.
- News@fmul: - E em relação às notas de avaliação?
- SDM: - Essa é a grande diferença com o ensino secundário onde tínhamos testes e um “feedback” constante do nosso desempenho. Agora vamos ter que esperar pelos exames de fim de semestre, apesar de se terem feito algumas apresentações que penso correram bem à generalidade dos colegas.
- News@fmul: - Considera que a investigação pode vir a ser uma área de especial interesse para si?
- SDM: - Tenho a ideia de que o médico se pode desdobrar nas duas vertentes, ou seja, pode fazer investigação por um lado e, numa outra fase, ter prática clínica. O ideal é que possa fazer ambas. Eu mantenho estas duas opções em aberto.
- News@fmul: - Tem algum tempo livre para actividades extra-curriculares?
- SDM: - Tinha várias actividades na Batalha e em Fátima. Estava envolvida num grupo de jovens da organização Amnistia Internacional, tinha aulas de viola e como actividade extra-curricular estudava inglês. Agora é diferente, estou em casa de tios e não vou todos os fins-de-semana a São Mamede, aproveito para estudar e dar uns passeios por Lisboa.
- News@fmul: - Como é o relacionamento com os colegas?
- SDM: - No primeiro ano conhecemos pouca gente e sentimo-nos um pouco desamparados por isso temos necessidade de nos relacionarmos mais uns com os outros. Eu não senti tanto isso porque comigo vieram duas colegas do mesmo colégio e, apesar de não estarmos na mesma turma, mantemo-nos em contacto. Com os trabalhos de grupo também comecei a ter outros relacionamentos.
- News@fmul: - Como se define como pessoa?
- SDM: - Penso que sou sociável, mas não sou especialmente extrovertida ou uma pessoa que está sempre a falar com toda a gente. Considero que estou no meio-termo entre ter o meu próprio espaço e estar com os meus amigos, facto que também prezo bastante. No geral, não tenho dificuldades em relacionar-me com os meus colegas.
- News@fmul: - Já pensa nalguma especialização?
- SDM: - Não faço ideia porque ainda é muito cedo para decidir.
Carlos André
Equipa Editorial News@fmul
carlos.andre@campus.ul.pt
Sandra Duque Maurício, natural de São Mamede, concelho da Batalha, fez o ensino secundário em Fátima e, no ano lectivo 2009/2010, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, com a particularidade de ter sido premiada, de início, pela Associação de Estudantes por ter tido a melhor nota de entrada, 19,65 valores.
Desde o 1.º ciclo do ensino básico que é aluna brilhante, considerando que isso também se deve aos excelentes professores que teve ao longo da escolaridade.
A ideia do curso de Medicina surgiu há pouco mais de 2 anos. Esta Faculdade foi primeira escolha, pela qualidade e pelo prestígio dos professores . Já passaram quase seis meses sobre a sua primeira aula e a news@fmul foi tirar o pulso às suas expectativas e perceber o que vai na alma desta jovem, nascida em Abril de 1991, a preparar-se agora para exercer a medicina.
Foi numa sala do Edifício Egas Moniz, decorada com quadros a óleo de médicos e cientistas que fazem parte da história da medicina portuguesa, que falámos com Sandra Maurício. De um modo sereno e pausado foi-nos falando do seu percurso de estudante nesta, que segundo nos confidenciou, constitui a primeira entrevista da sua vida.
- News@fmul: - Porquê a escolha da FMUL?
- Sandra Duque Maurício (SDM): Foi a minha primeira escolha, por ser de facto a FMUL e, digo-o com toda a sinceridade, pelas pessoas por quem somos ensinados, porque grande parte dos nossos professores são excelentes profissionais, em termos de ciência e de prática clínica.
- News@fmul: - No seu percurso escolar as classificações elevadas foram uma constante?
- SDM: Sempre fui bastante empenhada e sempre me habituei a esforçar-me e a alcançar os objectivos a que me propunha. Houve uma questão de facilidade, mas também trabalhei para isso, porque sempre gostei da escola e de estudar.
Fiz a minha escolaridade básica num colégio em São Mamede e, depois, o ensino secundário fi-lo em Fátima, no Colégio Católico de São Miguel. Fui sempre a primeira da turma. Fiz um bom percurso escolar sem dúvida mas, devo dizer, que também foi graças aos meus professores que, no meu entender, desde a escola primária foram excepcionais.
- News@fmul: - Como foi incentivada para a medicina? Tem alguém médico na Família?
- SDM: Não, de todo. O meu pai é técnico de manutenção na indústria cerâmica e a minha mãe exerce funções de recepcionista e telefonista na mesma indústria, porque na região do Oeste existe muito esse tipo de actividade.
Vim para medicina por vontade própria e porque os meus pais sempre me incentivaram, não especialmente nesta escolha, mas para que eu estudasse e fosse mais além. O meu pai sempre disse que o melhor que podia fazer por nós, tenho uma irmã mais nova com 13 anos, era o investimento na nossa educação. Sempre me disseram para escolher consoante a minha vontade e, desde que surgiu a ideia deste curso, fui sempre apoiada.
- News@fmul: - Desde quando amadureceu a ideia do curso de Medicina?
- SDM: - Foi uma ideia que amadureceu há cerca de dois anos. Sempre gostei de muitas coisas, desde a matemática à língua portuguesa. Gosto da prática científica, da ciência, não de um modo puro, mas com algo mais. No fundo a medicina é essa prática científica com um fim humanista, um aspecto relacional que a torna distinta de todas as outras.
- News@fmul: - Estes seus primeiros meses na Faculdade estão a corresponder às expectativas?
- SDM: - Estou a gostar do ensino superior e a Faculdade corresponde às expectativas sem dúvida. O que me surpreendeu é que não estava à espera da quantidade de trabalho e do envolvimento exigido para acompanhar a matéria, onde disciplinas como a anatomia, a bioquímica e a biologia molecular são as que envolvem bastante estudo. No secundário não estamos habituados a isso seguramente. Sabia que tinha que trabalhar mais e, provavelmente, não podia ser de outra maneira, porque um bom médico tem que ter, antes de mais, estas competências técnicas.
- News@fmul: - Como lhe correu a primeira época de exames que agora terminou?
- SDM: - Os exames correram melhor do que esperava. É certo que, por um lado, houve muito trabalho ao longo do semestre e, por outro, as expectativas pessoais não eram muito altas, daí a surpresa. Embora esteja consciente de que os bons resultados não são tudo, a verdade é que nos dão alento. Foi um bom primeiro semestre e, portanto, uma boa partida naquele que vai ser um longo percurso. O mais difícil foi mesmo aperceber-me de como este período de exames pode ser angustiante para alguns colegas... A verdade é que ainda estamos a aprender o que é a Universidade.
- News@fmul: - Desde que está na Faculdade mudou a sua ideia da Medicina?
- SDM: - Mudou! Cativa-me ainda mais a profissão de médico, o tal ofício de Hipócrates, porque temos sido sensibilizados para isso. Nesta minha curta experiência, tenho começado a compreender porque se diz que a medicina é a profissão mais bela do mundo: pelo relato dos prelectores, tenho me apercebido do privilégio que um médico tem de poder estar a trabalhar e interferir positivamente com o bem mais precioso das pessoas - a saúde. Os relatos que nos vão sendo feitos, e sobretudo os casos de sucesso, ainda nos incentivam mais para a medicina.
- News@fmul: - E em relação às notas de avaliação?
- SDM: - Essa é a grande diferença com o ensino secundário onde tínhamos testes e um “feedback” constante do nosso desempenho. Agora vamos ter que esperar pelos exames de fim de semestre, apesar de se terem feito algumas apresentações que penso correram bem à generalidade dos colegas.
- News@fmul: - Considera que a investigação pode vir a ser uma área de especial interesse para si?
- SDM: - Tenho a ideia de que o médico se pode desdobrar nas duas vertentes, ou seja, pode fazer investigação por um lado e, numa outra fase, ter prática clínica. O ideal é que possa fazer ambas. Eu mantenho estas duas opções em aberto.
- News@fmul: - Tem algum tempo livre para actividades extra-curriculares?
- SDM: - Tinha várias actividades na Batalha e em Fátima. Estava envolvida num grupo de jovens da organização Amnistia Internacional, tinha aulas de viola e como actividade extra-curricular estudava inglês. Agora é diferente, estou em casa de tios e não vou todos os fins-de-semana a São Mamede, aproveito para estudar e dar uns passeios por Lisboa.
- News@fmul: - Como é o relacionamento com os colegas?
- SDM: - No primeiro ano conhecemos pouca gente e sentimo-nos um pouco desamparados por isso temos necessidade de nos relacionarmos mais uns com os outros. Eu não senti tanto isso porque comigo vieram duas colegas do mesmo colégio e, apesar de não estarmos na mesma turma, mantemo-nos em contacto. Com os trabalhos de grupo também comecei a ter outros relacionamentos.
- News@fmul: - Como se define como pessoa?
- SDM: - Penso que sou sociável, mas não sou especialmente extrovertida ou uma pessoa que está sempre a falar com toda a gente. Considero que estou no meio-termo entre ter o meu próprio espaço e estar com os meus amigos, facto que também prezo bastante. No geral, não tenho dificuldades em relacionar-me com os meus colegas.
- News@fmul: - Já pensa nalguma especialização?
- SDM: - Não faço ideia porque ainda é muito cedo para decidir.
Carlos André
Equipa Editorial News@fmul
carlos.andre@campus.ul.pt