Numa noite de Natal, estavam três irmãos a prepararem-se para receber os familiares que vinham de longe para a consoada.
A mesa estava cuidadosamente posta e com lindas decorações, a árvore de Natal brilhava com luzes coloridas, na lareira as brasas crepitavam.
Como era hábito, a Joana colocava a ementa em cima de cada prato com uma linda fotografia dos três. O Tiago tocava guitarra e o Pedro acendia as velas do arranjo de mesa.

Nisto, a mãe que estava na cozinha, olhou pela janela e vendo que nevava, abriu a porta da varanda e os três irmãos da varanda, em segundos, correram para a porta da rua. Num instante, colocaram os seus casacos quentinhos e desceram as escadas, não esperando pelo elevador.
Já na rua, alguém os olhava de longe…A Joana, curiosa, aproximou-se e descobriu um menino que, embora com frio e mal agasalhado, estava feliz por ver outras crianças.
- Como te chamas? Queres vir connosco fazer um boneco de neve? Estás sozinho? – perguntou a Joana, sem dar tempo à criança de responder.
- Chamo-me Mark. Os meus pais ainda estão a trabalhar. Aguardo para irmos para casa.
A criança puxada pela mão da Joana aceitou brincar com eles e os quatro fizeram um enorme boneco de neve naquela rua calma e serena, agora coberta de neve.
Os pais do Mark, com um rasgado sorriso na face cansada, ofereceram-lhes uma cenoura para o nariz do boneco, pois vinham de encerrar o pequeno mercado do bairro onde tinham trabalhado todo o dia. Exaustos, chamaram o Mark e disseram que tinham que ir para casa para se deitarem.

- Não vão jantar? Celebrar o Natal? – perguntou o Tiago.
- Não, meu querido. Estes últimos dias foram muito atarefados. Tantas as encomendas que não conseguimos parar. Estamos muito cansados.
- E o Mark? Não vai ter um jantar de Natal? Receber presentes à meia-noite? – insistiu o Pedro.
Os pais nada responderam…A Joana rapidamente quebrou o silêncio e com um brilho no olhar e um tom impositivo disse:
- Mas venham jantar connosco. A minha mãe diz que há sempre lugar para mais um. Tenho a certeza de que serão os três bem-vindos a nossa casa. Moramos já ali – explicava a Joana ao mesmo tempo que arrastava o Mark e acenava à mãe que os avistava da janela.
Juntos encaminharam-se para a porta com a Joana, à frente do grupo, a pular de felicidade.
A mãe dos três irmãos acolheu com alegria aquela família pois, mesmo na sua varanda, tinha ouvido as vozes estridentes dos filhos, naquela noite silenciosa. Foram só necessários poucos minutos até que se sentissem à vontade e colocassem de parte a vergonha e timidez que inicialmente tomava conta deles.

Na hora dos presentes, os três irmãos deixaram os pais distribuir as lembranças, que brilhavam por baixo da árvore de Natal, também pelo Mark e pela sua família. Era impressionante como havia presentes para todos e como tudo parecia ter sido cuidadosamente planeado.
Naquela noite de Natal, o Pedro, o Tiago e a Joana perceberam que existem pessoas que trabalham para além das suas forças para permitir aos outros um Natal melhor, com maior conforto, como os pais de Mark que acabam por esquecer o seu próprio Natal. Tiveram a oportunidade de partilhar a consoada, as conversas, o tocar do piano, da guitarra, as canções, os risos, as brincadeiras, as lembranças debaixo da árvore e desta forma ganharem o melhor de sempre, novos AMIGOS.
Pedro, Tiago e Joana
Filhos da Professora de Bioquímica, Susana Constantino
Aos nossos três contadores de histórias e ilustradores, muito obrigada pela energia com que agarraram este desafio, apenas com dois dias de prazo. Obrigada Professora Susana por partilhar connosco os seus melhores presentes.
A equipa editorial.
