Mickail Bulgákov (1891-1940), foi um escritor russo, de origem ucraniana, e médico no exército Branco durante a Guerra Civil Russa.
De todos os livros que escreveu, o último e mais conhecido é: “Margarita e o Mestre”, ou em traduções mais recentes, “O Mestre e Margarita”, que é também a sua obra mais complexa, densa e igualmente inteligente, segundo a crítica literária.
Este livro passa-se em dois momentos distintos da história: Uma Moscovo devastada e uma Jerusalém de outros tempos. Com esta obra, Mikhail Bulgákov traz-nos um conjunto de personagens únicas da literatura, como o diabo Wolan e a sua comitiva diabólica, o memorável gato Behemot, e muito ironicamente, Pôncio Pilatos, que surgirá em diferentes momentos curiosos da narrativa. O que há comum entre estas três personagens? - Todos decidem visitar Moscovo dos anos 20 do século passado.
Os diálogos entre o diabo e a sua comitiva constituem alguns dos momentos mais hilariantes e fantásticos do livro. Ao mesmo tempo que mostram ao leitor o quotidiano de Moscovo, as suas picardias políticas são um reflexo do clima de tensão ideológica vivido na Rússia. Depois, também existe Margarita, uma heroína literária, que se submete a vários sacrifícios, por amor.
Este livro, divertido, satírico, com uma consciência social e política elevada consegue mostrar-nos diversos universos, com distintas personagens e intercalar momentos de puro entretenimento com outros momentos mais profundos, que conduzem o leitor a uma reflexão filosófica. Os temas eternos do bem e do mal, da inocência e da malicia, do amor e do ódio estão presentes neste livro, reunindo assim todos os condimentos para transformá-lo numa das obras mais inteligentes e perspicazes da literatura russa do século XX.
Um livro a que se regressa facilmente e que a cada regresso, o leitor descobre sempre novas cores e camadas. No final, a pergunta que se impõe: “Não existem homens maus sobre a terra”?
Uma das edições mais recentes, em português, é da Editorial Presença, que podem encontrar AQUI.
Sónia Teixeira
Equipa Editorial