Comissão organizadora - XIV CAML · IV NeurULisboa PhD Students Virtual Meeting
Chamaram-nos a atenção há poucas semanas. Perguntaram-nos subtilmente se não os poderíamos envolver mais nos acontecimentos da mesma Faculdade que a todos nos liga. Marcámos reuniões sucessivas e traçámos um plano de trabalhos conjuntos.
Foram vários interlocutores, personalidades sempre disponíveis a integrar desde o zero uma comunicação que procuram ser cada vez mais conjunta e inclusiva. O desafio não podia ser mais justo e necessário. Parte integrante de uma Faculdade que é quem lhes valida o diploma final, os estudantes de Doutoramento elevam a Instituição com números que refletem grande sucesso e êxito até à conclusão das teses, nos artigos que publicam e nas colocações profissionais que apresentam. Fazem parte do Programa de Doutoramento do Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML) que cria o triângulo de ação entre a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e o Hospital Universitário de Santa Maria (HSM-CHLN).
No encontro entre partes, os estudantes abraçam projetos de investigação quer na área das Ciências Biomédicas, na Medicina, ou nas Ciências e Tecnologias da Saúde, o objetivo é comum a todos, desenvolver um ideal, amadurecê-lo e confrontá-lo no final.
Com o propósito de criar cada vez mais dinâmicas entre a investigação de Laboratório e a clínica, as três entidades fazem-se representar através da Direção e da Comissão Científica que gerem todo o Programa Doutoral.
É neste contexto que encontramos este grupo empreendedor de Doutorandos que, representando os vários anos e áreas, se juntaram para criar o IV NeurULisboa PhD Students Virtual Meeting, o evento anual que junta estudantes e ideias.
Conhecemos o André, a Anwesha, o Diogo, a Inês, a Joana, a Leonor, a Madalena, a Mariana, a Raquel, a Rita, o Rui e a Sara e através deles traçámos um compromisso, eles ajudam a criar um grupo anual que os represente e nós manteremos os laços estreitos para os fazer acreditar que vale a pena o caminho, mesmo que por vezes seja silencioso.
Como formaram este grupo de trabalho que organiza o PhD Meeting? Como se mobilizam pessoas de áreas diferentes para que comuniquem todas juntas este evento?
Cada edição anual deste encontro de estudantes marca o fim de um ciclo (e o início de outro). O trabalho da comissão de estudantes de doutoramento do CAML, que engloba várias subcomissões (grupos de trabalho) que se dedicam a promover vários eventos e atividades anuais, com carácter mais ou menos frequente, contribuem para a formação e para o espírito de grupo da comunidade de estudantes de doutoramento do CAML. Estas atividades são pensadas por estudantes e para estudantes.
Desta forma, estes grupos de trabalho são criados de forma voluntária para a organização e dinamização de várias atividades, como por exemplo os Pizza Seminars, o Science Careers, os workshops e o retiro anual de Estudantes de Doutoramento. No nosso caso, este grupo teve como objetivo organizar o Encontro Anual de Estudantes de Doutoramento do CAML. Após o encontro anual, existe uma reunião aberta a todos os estudantes de doutoramento onde cada um pode voluntariar-se para um (ou vários) grupos de trabalho consoante a sua disponibilidade e preferências. É importante referir que estes grupos de trabalho dão mesmo trabalho e os estudantes acabam por ter de investir tanto uma parte do seu tempo académico como parte do seu tempo livre na organização destas atividades. No nosso caso, a organização deste evento tão complexo e dinâmico, demorou vários meses. Trabalhámos várias horas pós-laborais para conseguir criar esta edição do evento o melhor que conseguimos, sempre com o objetivo de o tornar interessante e inesquecível para os nossos colegas.
Qual a importância de manter este Meeting na vida académica?
Num ano diferente e desafiante por tantas razões, a comissão organizadora do Encontro de Estudantes de Doutoramento do CAML quis, para o ano de 2021, reavivar o encontro que tinha ficado pendente em 2020. Para muitos alunos, o encontro é o momento onde se trocam ideias e experiências, onde se proporciona a oportunidade de se discutir o nosso trabalho com outros colegas, muitos deles de áreas diferentes. Acreditamos que parte da Ciência se faz conversando, e esta edição do encontro será não só mais um momento fundamental para a nossa formação científica, mas também irá, sem qualquer dúvida, revitalizar e fortalecer o espírito de grupo desta Escola. Nesta edição, e com o objectivo que já tínhamos em mente para a edição adiada de 2020, queremos celebrar a diversidade que caracteriza o CAML. Todos os nossos esforços enquanto comissão organizadora foram no sentido de minorar os desafios sentidos nos últimos meses, que tanto afetaram a produtividade e saúde física e mental dos nossos estudantes, e fomentar a interação entre investigação básica e a sua aplicação clínica, uma interdisciplinaridade entre as áreas das ciências básicas e da medicina que caracteriza e distingue o CAML.
O que podemos esperar do encontro deste ano e que assiste a um formato novo todo no digital?
Como seria de esperar, pensar num encontro em formato completamente digital não foi fácil, até porque a organização deste encontro recebe ajuda e o testemunho das comissões anteriores. Apesar da necessidade de tornar este encontro, pela primeira vez, num formato digital, tentámos minimizar a falta de momentos de interação “cara a cara” e, ao mesmo tempo, maximizar as vantagens de termos um encontro virtual. Acreditamos que podemos esperar o mesmo ambiente dinâmico e de diversidade na promoção da discussão científica de excelência. Contamos com a presença de oradores convidados que, como já se tornou habitual neste encontro de estudantes, vêm inspirar a nossa comunidade de estudantes, tanto pelo sucesso das suas carreiras científicas em diversas áreas (inteligência artificial, astrobiologia, investigação clínica na área oncológica ou investigação biomédica na área das neurociências), como também através da visão que nos trazem acerca do que significa ser cientista.
Além disso, este ano decidimos organizar, pela primeira vez, um concurso de resumos gráficos (graphical abstracts), que foi muito bem recebido pelos estudantes. Recebemos cerca de 30 trabalhos, que serão avaliados por um painel de jurados composto pela jornalista Vera Novais (presidente SciCom PT - Rede de Comunicação de Ciência e Tecnologia de Portugal e jornalista no Observador), pelo bioinformático e ilustrador científico Christof De Bo, e pelos ilustradores científicos Gil Costa e Diogo Guerra. Contamos ainda com a presença do orador Fernando Baptista, editor gráfico na National Geographic e internacionalmente reconhecido pela sua experiência em infografias, num seminário virtual que antecede o encontro e motiva para a importância da comunicação gráfica. Este concurso teve como objetivo desafiar os estudantes a porem à prova as suas capacidades criativas, assim como a desconstruir o seu trabalho científico de forma a que possa ser explicado, para uma audiência abrangente, através de uma ilustração. Esta iniciativa segue a atual tendência de criação/partilha de resumos gráficos, sendo que muitas revistas científicas tiveram de se modernizar, exigindo já, muitas vezes, um resumo gráfico do artigo científico em questão.
O que explica que tenhamos tão poucos médicos a participar neste evento?
Para responder a esta questão, temos de perceber o contexto em que surge a decisão de fazer um doutoramento dos vários estudantes da comunidade do CAML. Se, por um lado, temos estudantes mais jovens, normalmente com uma formação base em áreas básicas (ciências da vida e engenharias), que usualmente ingressam num doutoramento com 22-25 anos, e logo após um mestrado; também temos estudantes com uma carreira clínica com vários anos, médicos de formação (muitos a acabar o internato/especialidade), e que normalmente ingressam no doutoramento com mais de 30 anos. Obviamente que é fácil perceber que a experiência de fazer um doutoramento a “full time”, típica de estudantes não clínicos, é bastante diferente dos estudantes clínicos. Muitos estudantes médicos têm a exigente tarefa de coordenar a sua atividade académica com a prática clínica. Existem diversas razões práticas para não conseguirem garantir a sua presença no encontro. No entanto, a comissão organizadora do encontro tem vindo, em todas as edições, a tentar aproximar estes estudantes. Não é por acaso que o tema deste ano anda em redor da diversidade. Sabemos que as diferentes experiências de doutoramento são oportunidades de aprendizagem e que a área clínica e não clínica aproxima e fomenta novas colaborações científicas. Desta forma, a partilha de ideias e discussão durante este evento traz benefícios e aprendizagens a todos.
Numa reunião prévia, um de vocês dizia algo que me ficou marcado, “no 1º ano chegamos ainda com um certo romantismo sobre o evento, mas depois no último ano já somos mais realistas com a maneira como a ciência é feita”. O que se passa com os Doutorandos? Quais são as vossas grandes desilusões?
A atividade científica do dia-a-dia é bastante diferente da ideia romântica que muitos de nós trazemos quando começamos o nosso projeto. Obviamente que não somos ingénuos a pensar que podemos mudar o mundo, mas sonhamos que o nosso trabalho irá, de certa forma, contribuir para o avanço científico da humanidade. No 1º ano de doutoramento, o nosso foco está na pergunta que nos intriga e no método científico nos vai permitir chegar à resposta a essa pergunta, ou que nos ajuda a gerar outras perguntas que nos intrigam ainda mais. Há naturalmente diversos constrangimentos que tornam este nosso percurso sinuoso, que nos põem à prova, testando os nossos limites físicos e psicológicos. A resiliência está sempre lá. Este processo é uma descoberta contínua acerca do que é ser cientista e das nossas próprias capacidades como indivíduos. É mais do que natural que, nos últimos meses, sobretudo considerando uma pandemia pelo meio, estejamos mais cansados e que a nossa visão de como a ciência acontece seja mais “realista” e menos “romântica”. Não quer isto dizer que fazer um doutoramento não valha a pena e que todo o processo não seja enriquecedor!
Se vos fosse possível colocar nas mãos a gestão da Comissão Científica dos PhD que medidas tomariam e que não veem atualmente aplicadas?
Tentaríamos aproximar as estruturas institucionais, como a Comissão Científica, aos estudantes, promovendo uma comunicação clara e eficiente entre as duas partes, de modo a usufruir ao máximo do trabalho desta comissão. Achamos que é essencial que toda a informação esteja facilmente acessível e que sumarize de forma clara e transparente as características que distinguem o programa doutoral do CAML. Isto não só seria uma mais-valia para todos os estudantes atualmente inscritos, como também daria uma visão clara e internacional do que este programa se trata (uma boa publicidade). Para além disso, tentar reduzir as burocracias necessárias e redundantes também ajudaria no nosso dia-a-dia. Outro aspeto importante que poderíamos tentar perceber melhor seria qual a importância das taxas e emolumentos que a faculdade cobra aos estudantes de doutoramento (tanto os 80 euros de inscrição no programa, como os 500 euros necessários aquando a entrega da tese), de forma a tentar minimizar esses custos processuais e aproximar-nos dos cenários mais simpáticos que outras universidades do país já adotaram.
Quantos de vocês vão enveredar só pela Investigação? O que perspetivam os restantes?
Cada pessoa tenta ir descobrindo ao longo do doutoramento a escolha do caminho a seguir. Pode não ser uma decisão fácil e poderá ter de ser ponderada tendo em conta muitos fatores. No contexto nacional em que nos encontramos atualmente, existem também muitos fatores externos, como a (in)existência de financiamento dada à investigação. O mais importante é que cada um de nós opte pela carreira que melhor se enquadra às nossas perspetivas futuras e que esteja alerta para saber identificar e aproveitar as oportunidades que nos vão aparecendo. Às vezes é preciso estar no sítio certo à hora certa, outras vezes é preciso muita resiliência e alguma disponibilidade financeira. Resumindo, são vários os fatores que estão envolvidos na escolha final do caminho a enveredar. E sendo nós todos investigadores, cientistas, é difícil sequer perceber o que é “enveredar só pela investigação”. Ao fim ao cabo, nós estamos “só” a fazer investigação, mas também damos palestras para divulgação da ciência (em escolas e em eventos nacionais), damos aulas, revemos e escrevemos artigos científicos, coorientamos estudantes de licenciatura e de mestrado, participamos em comissões de estudantes de doutoramento… E para além disso tudo, somos jovens e, como tal, também temos todas as nossas atividades e projetos pessoais que nos ocupam o tempo livre (atividades desportivas, artísticas, políticas, de voluntariado de ação social, etc). Tudo isto é essencial para manter o corpo e a mente saudável e permite-nos explorar outras capacidades para além das intelectuais. A participação nesta comissão, por exemplo, permite-nos ter contacto e testar outro tipo de competências (de comunicação ou de organização) - algumas das chamadas soft skills - que nos podem ajudar a perceber o que queremos fazer a seguir.
Estes são os 12 elementos que constituem a Comissão Organizadora dos PhD Meeting:
Nome |
Ano |
Área de investigação (Laboratório) |
Programa doutoral CAML |
André Gabriel |
1º |
Biologia Molecular e Genética (Analytical and Structural Biochemistry Unit) |
Bolsa individual FCT |
Anwesha Gosh |
3º |
Neurociências (Ana Sebastião Lab) |
Neurociências PhD Program |
Diogo Lourenço |
3º |
Neurociências (Ana Sebastião Lab) |
NeurULisboa PhD Program |
Inês Faleiro |
4º |
Biologia Molecular (Sérgio de Almeida Lab) |
LisbonBioMed PhD Program |
Joana Mateus |
2º |
Neurociências (Ana Sebastião Lab) |
NeurULisboa PhD Program |
Leonor Rodrigues |
2º |
Neurociências (Ana Sebastião Lab) |
NeurULisboa PhD Program |
Madalena Almeida |
1º |
Biologia Molecular (Sérgio de Almeida Lab) |
Bolsa individual FCT |
Mariana Ferreira |
4º |
Biologia Computacional (Nuno Morais Lab) |
LisbonBioMed PhD Program |
Raquel Azevedo |
3º |
Parasitologia (Miguel Prudêncio Lab) |
Bolsa individual FCT |
Rita Belo |
5º |
Neurociências e Bioinformática (Ana Sebastião Lab e Nuno Morais Lab) |
M2B PhD Program |
Rui Lourenço Teixeira |
3º |
Reumatologia (João Eurico Fonseca Lab) e Histologia (Instituto de Histologia e Biologia do Desenvolvimento FMUL) |
Bolsa individual FCT |
Sara Paulo |
2º |
Neurociências (Ana Sebastião Lab) |
NeurULisboa PhD Program |