Num momento como o que vivemos parece-nos oportuno evocar uma monografia editada pelo Instituto de Ciências Sociais em 2009, A Pandemia Esquecida : Olhares comparados sobre a Pneumónica 1918-1919, de José Manuel Sobral, Luísa Lima, Paula Castro e Paulo Silveira e Sousa. Uma vez que os trabalhos sobre este tema são relativamente escassos (ressalve-se, entre outros, do médico e historiador João Frada, A Gripe Pneumónica em Portugal Continental – 1918, Lisboa, Sete Caminhos, 2005), para além de quase sempre confinados a um nicho académico, o trabalho destes autores afigura-se indispensável para quem quiser aprofundar o conhecimento deste tema. 

Também chamada Gripe Espanhola ou Spanish Flu, poderá ter atingido uma em cada três ou quatro pessoas à escala mundial – os dados epidemiológicos são ainda hoje mais conhecidos nuns países do que noutros e, em muitos casos, pouco consensuais.

Em Portugal foi particularmente devastadora, estimando-se que possa ter dizimado até 2% da população de um país particularmente pobre à época, tendo semeado o pânico entre as populações, pondo a descoberto a impreparação das instituições governativas, bem como a débil rede de cuidados assistenciais e de saúde. Hoje, fora dos nichos académicos, permanece mal conhecida e as referências à sua acção devastadora ocorrem o mais das vezes de forma descontextualizada e fragmentária.

André Silva 

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