Mais e Melhor
O “Diário de Medicina Preventiva”
Há vários anos que sigo o “Diário Medicina Preventiva” http://coursejournal_medicina.blogs.sapo.pt/
Através dele tenho aprendido muito sobre saúde.
Devido ao interesse que este blogue me tem motivado, sobretudo, para certas e determinadas questões, resolvi propor à respectiva autora um desafio – responder a algumas perguntas que seriam publicadas na “Newsletter” da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL).
Talvez pelo facto de ser aluna desta Faculdade e futura Médica, Vânia Caldeira compreendeu, melhor do que ninguém, o espírito das questões que lhe foram colocadas, as quais passo a partilhar convosco:
M.A. - Porquê um Diário de Medicina Preventiva?
V.C. - O Diário surgiu a propósito da Disciplina de Medicina Preventiva, quando era ainda uma “caloira” na FMUL.
A avaliação consistia em escrever um diário, contemplando os temas abordados nas aulas e fazer, ao mesmo tempo, a descrição da nossa vivência diária como estudantes deste curso. À medida que o ia desenvolvendo no PC, lembrei-me que alguns temas teriam interesse para outros colegas, pelo que optei por publicar “on-line”.
Foi, assim, que surgiu a ideia de um diário com o formato de blogue. Porém, quando a cadeira terminou, ficou a vontade de continuar com o projecto, tamanho era o entusiasmo com o mesmo. Assim, decidi não colocar um ponto final, mas sim prosseguir com ele.
M.A. - Do que é que trata este diário?
V.C. - O Diário procura ser um blogue com temas actuais e interessantes sobre a Medicina, explanando-os de forma clara, mas, simultaneamente, rigorosa. Tem uma conotação muito ligada à Saúde Pública, visto que pretende não apenas ser uma ferramenta para alguns colegas da área da Saúde, mas também um importante meio de chegar ao público “comum”. É uma via de sensibilização para doenças importantes e frequentes, para os factores de risco envolvidos nas mesmas e, sobretudo, com conselhos para atitudes preventivas que podem ser determinantes.
M.A. - E a viagem pelo dia-a-dia de uma estudante de Medicina?
V.C. - Creio que essa vertente se terá perdido um pouco mais, pelo menos de forma intimista. Claro que o Diário acaba por ser uma viagem pelo meu dia-a-dia, pois é da minha vivência e daquilo que estudo, que retiro ideias e temas para abordar no blogue.
M.A. - O formato blogue teve alguma razão de ser específica ou foi, meramente, uma ferramenta que estava ali à mão?
V.C. - Foi sobretudo uma “ferramenta que estava ali à mão”. Foi um meio que eu descobrira há algum tempo com outro blogue ao qual me dedico, pelo que me pareceu a plataforma ideal para criar o projecto.
M.A. - Se em vez de Fevereiro de 2007 fosse hoje, o Diário Medicina Preventiva avançava na mesma como blogue ou teria outra forma?
V.C. - Avançaria na mesma como blogue. É um formato que me agrada bastante e com o qual me sinto particularmente à vontade, pelo que não hesitaria em elegê-lo entre o leque de hipóteses.
M.A. - Quem consulta o blogue "Diário Medicina Preventiva" pode estar, neste momento, do outro lado do mundo (a muitos fusos horários), o que me ocorre perguntar qual será o público alvo do "Diário Medicina Preventiva"?
V.C. - Quando o fiz nascer, criei-o sobretudo a pensar nas pessoas que recorrem à Internet para esclarecer algumas dúvidas, obter mais informação acerca de determinados “palavrões” que os médicos dizem, ou desmistificar ideias erradas do senso comum. Porém, ele revelou-se ponto de referência para colegas das diversas áreas da Saúde, o que me deixou muito contente.
Frequentemente, sou contactada por colegas estudantes de Medicina, não apenas portugueses, mas também brasileiros, que mostram um parecer positivo e agradecem o contributo que o blogue lhes dá. Muitas vezes pedem-me mesmo que lhes mande mais informação, artigos ou trabalhos por e-mail. É com surpresa, contentamento e uma pontinha de orgulho, que assisto a esta evolução do blogue.
M.A. - É possível ao autor do blogue ter noção das visitas que ocorrem e da localização dos visitantes?
V.C. - Não tenho propriamente um contador do número de acessos ao blogue ou mesmo o registo da localização dos visitantes. Apenas quando os meus “leitores” entram em contacto comigo, directamente no blogue ou por e-mail, recebo o “feedback” do trabalho que tenho vindo a desenvolver.
M.A. - Os visitantes têm interagido muito ou limitam-se a serem leitores passivos?
V.C. - Todos os dias fico surpresa com a quantidade de comentários que são deixados no blogue. Os leitores são muito interactivos e não se limitam a dar os parabéns ou agradecer pelos conteúdos do Diário, como também são extremamente generosos. Partilham as suas histórias de vida, as suas angústias e receios. Contam o seu percurso médico e os seus diagnósticos. Não sou só eu que lhes dou alguma coisa, eles dão-me muito mais. Eu forneço a teoria, eles dão-me a história na primeira pessoa, o sofrimento associado e a forma como evoluíram as suas doenças.
É também com muita felicidade que vejo, por vezes, o meu blogue ser ponto de encontro para doentes com patologias semelhantes. Lembro-me, particularmente, de um “post” que uma vez escrevi sobre Síndrome de Marfan, doença classificada como rara, e que desencadeou uma impetuosidade de comentários assinados por indivíduos com esta patologia. Trocaram ideias entre eles e cresceu mesmo a vontade de se organizarem e criarem uma associação portuguesa para a doença. Outra síndrome, com alguma popularidade no meu Diário, é a do cólon irritável, em que os doentes partilham dicas e factores de melhoria da doença, com base na sua história e experiência pessoal.
Há também casos mais complicados, de grande sofrimento ou ansiedade, que me chegam por e-mail. Cada história marca-me de uma forma muito especial e cria-se um laço entre mim e quem está do outro lado. Procuro desfazer a ansiedade e direccionar as pessoas para médicos especialistas, quando estas se sentem mais desorientadas e desamparadas. É muito gratificante sentir que o meu blogue é útil para estas pessoas.
M.A. - Em que sentido o Diário Medicina Preventiva pode ser, de alguma forma, influenciado pelos seus leitores?
V.C. - Em todos os sentidos possíveis. Por um lado, é criado a pensar nesses mesmos leitores, procurando sempre dar informação útil e compreensível, de fácil acesso, fidedigna e também conselhos acerca dos assuntos que discute. Por outro lado, é influenciado pelos leitores, na medida em que me apercebo dos temas que mais interessam ao público-alvo e procuro ir de encontro aos mesmos. Além disso, tento sempre responder às dúvidas que me colocam, o que também condiciona a informação patente no blogue.
M.A. - Já alguma vez alguém lhe perguntou... não é a autora do "Diário Medicina Preventiva"?... ou, pelo menos num evento social, um estranho que a tenha abordado dizendo: «conheço-a de um blogue qualquer de Medicina, mas não me lembro de qual …» ?
V.C. - Sim, já me ocorreram episódios desse género em congressos com colegas de Medicina de outras Faculdades, que me reconhecem e perguntam se sou “aquela colega que mantém um blogue de Medicina Preventiva”. É muito engraçado quando isso acontece.
M.A. - Em que medida o Diário Medicina Preventiva tem sido uma mais-valia nos estudos?
V.C. - É uma oportunidade de aprofundar alguns temas que se cruzam comigo na minha vida de estudante, enquanto pesquiso diversas fontes para seleccionar o material. Claro que depois procuro resumir o assunto de forma clara e acessível ao público em geral, mas o trabalho prévio é, particularmente, útil para o alargar dos meus conhecimentos.
M.A. - Um blogue, com as devidas regras prevendo essa situação, poderá vir a constituir um elemento válido e comum de avaliação? V.C. - Nas nossas Faculdades não se alimenta um espírito que dê muito espaço a variações na avaliação. Esta foca-se invariavelmente em exames escritos. De qualquer forma, penso que poderia ser, sem dúvida, uma forma complementar de avaliação.
M.A. - Pode-se considerar que os conteúdos do blogue constituem um auxiliar para os colegas de curso, ou apenas serve de fonte de inspiração que alimente (ainda mais) a paixão pela Medicina?
V.C. - Creio que o blogue se expande em ambas as vertentes. Por um lado, e graças aos temas interessantes e diversificados que aborda, poderá estimular o interesse do público em geral para a Saúde, e de alguns estudantes de secundário para a área médica. Por outro lado, e graças ao “feedback” que me têm dado, sei que o blogue constitui importante fonte de pesquisa, ponto de partida para trabalhos ou para informação acerca de diversas patologias. É, ainda, uma forma de alimentar a minha paixão e o meu interesse pelos temas médicos, através da exploração dos mesmos.
M.A. - E o despertar de vocações, principalmente, entre os leitores mais novos?
V.C. - Gosto de pensar que o meu gosto pela Medicina é contagiante e desperta vocações em quem passeia pelo blogue. A Medicina é uma área riquíssima e apaixonante, que precisa de mais gente com vontade de estudar e trabalhar, pelo que será óptimo despertar eventuais vocações escondidas em estudantes de secundário para a área médica.
M.A. - Cada vez mais os estudantes de Medicina são vistos como jovens muito privados de tempos livres, como é possível uma aluna do 4.º ano arranjar ainda disponibilidade para alimentar um blogue e ainda por cima sobre Medicina? V.C. - A força de vontade e o interesse pelos temas que exploro são os principais motores deste projecto. Além disso, e com alguma maleabilidade e capacidade de organização, consigo tornar essa falta de tempo relativa e ter tempo para o que mais gosto: ler, ir ao cinema, passear ou escrever nos meus blogues.
M.A. - Há muitos blogues desta natureza ou este é uma originalidade?
V.C. - Não navego muito em busca de blogues do género, pelo que não sei responder com precisão. Há, porém, alguns blogues com um carácter mais específico, dedicados a uma patologia ou a uma área de doenças ou especialidade.
M.A. - O blogue vai morrer com o fim do curso, ou será uma cruzada pelos tempos?
V.C. - Certamente que não irá morrer. Enquanto me sentir apaixonada pela Medicina e considerar fundamental a sensibilização para a Medicina Preventiva e para os temas da Saúde Pública, continuarei a tentar guiar esta missão que me propus. Com gosto em ajudar os outros, esclarecer dúvidas e partilhar conhecimento. Gosto de acreditar que o blogue me acompanhará na minha carreira médica, nem que seja enquanto espaço para os meus desabafos diários ou para as histórias mais marcantes. Tem sido uma viagem enriquecedora e, extremamente, gratificante, que pretendo continuar ao longo da minha vida.
Miguel Andrade
Instituto de Introdução à Medicina
mandrade@fm.ul.pt
Através dele tenho aprendido muito sobre saúde.
Devido ao interesse que este blogue me tem motivado, sobretudo, para certas e determinadas questões, resolvi propor à respectiva autora um desafio – responder a algumas perguntas que seriam publicadas na “Newsletter” da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL).
Talvez pelo facto de ser aluna desta Faculdade e futura Médica, Vânia Caldeira compreendeu, melhor do que ninguém, o espírito das questões que lhe foram colocadas, as quais passo a partilhar convosco:
M.A. - Porquê um Diário de Medicina Preventiva?
V.C. - O Diário surgiu a propósito da Disciplina de Medicina Preventiva, quando era ainda uma “caloira” na FMUL.
A avaliação consistia em escrever um diário, contemplando os temas abordados nas aulas e fazer, ao mesmo tempo, a descrição da nossa vivência diária como estudantes deste curso. À medida que o ia desenvolvendo no PC, lembrei-me que alguns temas teriam interesse para outros colegas, pelo que optei por publicar “on-line”.
Foi, assim, que surgiu a ideia de um diário com o formato de blogue. Porém, quando a cadeira terminou, ficou a vontade de continuar com o projecto, tamanho era o entusiasmo com o mesmo. Assim, decidi não colocar um ponto final, mas sim prosseguir com ele.
M.A. - Do que é que trata este diário?
V.C. - O Diário procura ser um blogue com temas actuais e interessantes sobre a Medicina, explanando-os de forma clara, mas, simultaneamente, rigorosa. Tem uma conotação muito ligada à Saúde Pública, visto que pretende não apenas ser uma ferramenta para alguns colegas da área da Saúde, mas também um importante meio de chegar ao público “comum”. É uma via de sensibilização para doenças importantes e frequentes, para os factores de risco envolvidos nas mesmas e, sobretudo, com conselhos para atitudes preventivas que podem ser determinantes.
M.A. - E a viagem pelo dia-a-dia de uma estudante de Medicina?
V.C. - Creio que essa vertente se terá perdido um pouco mais, pelo menos de forma intimista. Claro que o Diário acaba por ser uma viagem pelo meu dia-a-dia, pois é da minha vivência e daquilo que estudo, que retiro ideias e temas para abordar no blogue.
M.A. - O formato blogue teve alguma razão de ser específica ou foi, meramente, uma ferramenta que estava ali à mão?
V.C. - Foi sobretudo uma “ferramenta que estava ali à mão”. Foi um meio que eu descobrira há algum tempo com outro blogue ao qual me dedico, pelo que me pareceu a plataforma ideal para criar o projecto.
M.A. - Se em vez de Fevereiro de 2007 fosse hoje, o Diário Medicina Preventiva avançava na mesma como blogue ou teria outra forma?
V.C. - Avançaria na mesma como blogue. É um formato que me agrada bastante e com o qual me sinto particularmente à vontade, pelo que não hesitaria em elegê-lo entre o leque de hipóteses.
M.A. - Quem consulta o blogue "Diário Medicina Preventiva" pode estar, neste momento, do outro lado do mundo (a muitos fusos horários), o que me ocorre perguntar qual será o público alvo do "Diário Medicina Preventiva"?
V.C. - Quando o fiz nascer, criei-o sobretudo a pensar nas pessoas que recorrem à Internet para esclarecer algumas dúvidas, obter mais informação acerca de determinados “palavrões” que os médicos dizem, ou desmistificar ideias erradas do senso comum. Porém, ele revelou-se ponto de referência para colegas das diversas áreas da Saúde, o que me deixou muito contente.
Frequentemente, sou contactada por colegas estudantes de Medicina, não apenas portugueses, mas também brasileiros, que mostram um parecer positivo e agradecem o contributo que o blogue lhes dá. Muitas vezes pedem-me mesmo que lhes mande mais informação, artigos ou trabalhos por e-mail. É com surpresa, contentamento e uma pontinha de orgulho, que assisto a esta evolução do blogue.
M.A. - É possível ao autor do blogue ter noção das visitas que ocorrem e da localização dos visitantes?
V.C. - Não tenho propriamente um contador do número de acessos ao blogue ou mesmo o registo da localização dos visitantes. Apenas quando os meus “leitores” entram em contacto comigo, directamente no blogue ou por e-mail, recebo o “feedback” do trabalho que tenho vindo a desenvolver.
M.A. - Os visitantes têm interagido muito ou limitam-se a serem leitores passivos?
V.C. - Todos os dias fico surpresa com a quantidade de comentários que são deixados no blogue. Os leitores são muito interactivos e não se limitam a dar os parabéns ou agradecer pelos conteúdos do Diário, como também são extremamente generosos. Partilham as suas histórias de vida, as suas angústias e receios. Contam o seu percurso médico e os seus diagnósticos. Não sou só eu que lhes dou alguma coisa, eles dão-me muito mais. Eu forneço a teoria, eles dão-me a história na primeira pessoa, o sofrimento associado e a forma como evoluíram as suas doenças.
É também com muita felicidade que vejo, por vezes, o meu blogue ser ponto de encontro para doentes com patologias semelhantes. Lembro-me, particularmente, de um “post” que uma vez escrevi sobre Síndrome de Marfan, doença classificada como rara, e que desencadeou uma impetuosidade de comentários assinados por indivíduos com esta patologia. Trocaram ideias entre eles e cresceu mesmo a vontade de se organizarem e criarem uma associação portuguesa para a doença. Outra síndrome, com alguma popularidade no meu Diário, é a do cólon irritável, em que os doentes partilham dicas e factores de melhoria da doença, com base na sua história e experiência pessoal.
Há também casos mais complicados, de grande sofrimento ou ansiedade, que me chegam por e-mail. Cada história marca-me de uma forma muito especial e cria-se um laço entre mim e quem está do outro lado. Procuro desfazer a ansiedade e direccionar as pessoas para médicos especialistas, quando estas se sentem mais desorientadas e desamparadas. É muito gratificante sentir que o meu blogue é útil para estas pessoas.
M.A. - Em que sentido o Diário Medicina Preventiva pode ser, de alguma forma, influenciado pelos seus leitores?
V.C. - Em todos os sentidos possíveis. Por um lado, é criado a pensar nesses mesmos leitores, procurando sempre dar informação útil e compreensível, de fácil acesso, fidedigna e também conselhos acerca dos assuntos que discute. Por outro lado, é influenciado pelos leitores, na medida em que me apercebo dos temas que mais interessam ao público-alvo e procuro ir de encontro aos mesmos. Além disso, tento sempre responder às dúvidas que me colocam, o que também condiciona a informação patente no blogue.
M.A. - Já alguma vez alguém lhe perguntou... não é a autora do "Diário Medicina Preventiva"?... ou, pelo menos num evento social, um estranho que a tenha abordado dizendo: «conheço-a de um blogue qualquer de Medicina, mas não me lembro de qual …» ?
V.C. - Sim, já me ocorreram episódios desse género em congressos com colegas de Medicina de outras Faculdades, que me reconhecem e perguntam se sou “aquela colega que mantém um blogue de Medicina Preventiva”. É muito engraçado quando isso acontece.
M.A. - Em que medida o Diário Medicina Preventiva tem sido uma mais-valia nos estudos?
V.C. - É uma oportunidade de aprofundar alguns temas que se cruzam comigo na minha vida de estudante, enquanto pesquiso diversas fontes para seleccionar o material. Claro que depois procuro resumir o assunto de forma clara e acessível ao público em geral, mas o trabalho prévio é, particularmente, útil para o alargar dos meus conhecimentos.
M.A. - Um blogue, com as devidas regras prevendo essa situação, poderá vir a constituir um elemento válido e comum de avaliação? V.C. - Nas nossas Faculdades não se alimenta um espírito que dê muito espaço a variações na avaliação. Esta foca-se invariavelmente em exames escritos. De qualquer forma, penso que poderia ser, sem dúvida, uma forma complementar de avaliação.
M.A. - Pode-se considerar que os conteúdos do blogue constituem um auxiliar para os colegas de curso, ou apenas serve de fonte de inspiração que alimente (ainda mais) a paixão pela Medicina?
V.C. - Creio que o blogue se expande em ambas as vertentes. Por um lado, e graças aos temas interessantes e diversificados que aborda, poderá estimular o interesse do público em geral para a Saúde, e de alguns estudantes de secundário para a área médica. Por outro lado, e graças ao “feedback” que me têm dado, sei que o blogue constitui importante fonte de pesquisa, ponto de partida para trabalhos ou para informação acerca de diversas patologias. É, ainda, uma forma de alimentar a minha paixão e o meu interesse pelos temas médicos, através da exploração dos mesmos.
M.A. - E o despertar de vocações, principalmente, entre os leitores mais novos?
V.C. - Gosto de pensar que o meu gosto pela Medicina é contagiante e desperta vocações em quem passeia pelo blogue. A Medicina é uma área riquíssima e apaixonante, que precisa de mais gente com vontade de estudar e trabalhar, pelo que será óptimo despertar eventuais vocações escondidas em estudantes de secundário para a área médica.
M.A. - Cada vez mais os estudantes de Medicina são vistos como jovens muito privados de tempos livres, como é possível uma aluna do 4.º ano arranjar ainda disponibilidade para alimentar um blogue e ainda por cima sobre Medicina? V.C. - A força de vontade e o interesse pelos temas que exploro são os principais motores deste projecto. Além disso, e com alguma maleabilidade e capacidade de organização, consigo tornar essa falta de tempo relativa e ter tempo para o que mais gosto: ler, ir ao cinema, passear ou escrever nos meus blogues.
M.A. - Há muitos blogues desta natureza ou este é uma originalidade?
V.C. - Não navego muito em busca de blogues do género, pelo que não sei responder com precisão. Há, porém, alguns blogues com um carácter mais específico, dedicados a uma patologia ou a uma área de doenças ou especialidade.
M.A. - O blogue vai morrer com o fim do curso, ou será uma cruzada pelos tempos?
V.C. - Certamente que não irá morrer. Enquanto me sentir apaixonada pela Medicina e considerar fundamental a sensibilização para a Medicina Preventiva e para os temas da Saúde Pública, continuarei a tentar guiar esta missão que me propus. Com gosto em ajudar os outros, esclarecer dúvidas e partilhar conhecimento. Gosto de acreditar que o blogue me acompanhará na minha carreira médica, nem que seja enquanto espaço para os meus desabafos diários ou para as histórias mais marcantes. Tem sido uma viagem enriquecedora e, extremamente, gratificante, que pretendo continuar ao longo da minha vida.
Miguel Andrade
Instituto de Introdução à Medicina
mandrade@fm.ul.pt