Ana Catarina Fonseca, é Professora Auxiliar Convidada no Instituto de Farmacologia e Neurociências da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e foi agraciada com uma menção honrosa no valor de 5.000 euros no âmbito “Prémio Banco Carregosa/SRNOM” pelo projeto “Imagem cardíaca no acidente vascular cerebral (AVC) isquémico de causa indeterminada”.
A news@FMUL falou com a Professora que nos explicou que “em cerca de 30% dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) isquémicos não é possível determinar uma etiologia. Tal acontece frequentemente, mesmo após uma investigação clínica exaustiva. É possível que uma fração destes AVCs, denominados de AVCs de etiologia indeterminada, tenha uma etiologia cardioembólica. Contudo, estes doentes não têm um diagnóstico estabelecido que atualmente seja considerado de elevado risco para uma etiologia cardioembólica (fibrilhação auricular, flutter auricular)".
"No estudo atual, colocámos a hipótese de um padrão compatível com um estado protrombótico poder estar presente na aurícula e apêndice auricular esquerdo nos doentes classificados como tendo um AVC de causa indeterminada na ausência de fibrilhação auricular.
Neste estudo observacional, prospetivo pretendeu-se avaliar, por ressonância magnética cardíaca, a morfologia e função da aurícula e apêndice auricular esquerdo de doentes com AVC indeterminado e compará-la com a encontrada em doentes com AVC associado a fibrilação auricular e a de doentes com outras etiologias determinadas de AVC (doença de grandes vasos e pequenos vasos).
A equipa de investigadores foi formada por neurologistas e cardiologistas (Professora Ana G Almeida) que trabalham no Hospital de Santa Maria e na Faculdade de Medicina de Lisboa”.
Em que medida poderá este projeto alterar a vida dos pacientes?
Ana Catarina Fonseca: Este trabalho demonstra que nestes doentes com AVC de causa considerada indeterminada, existem alterações na auricular esquerda que podem favorecer a formação de trombos (fibrose, alterações da dimensão, diminuição da fração de ejeção) e são semelhantes aos encontrados em doentes com fibrilhação auricular. Este fenótipo que foi detetado pode ser avaliado em ensaios clínicos para determinar qual a terapêutica a utilizar no futuro nestes doentes.
Como recebeu a notícia da atribuição desta menção honrosa e o que sentiu quando lhe foi entregue este prémio?
Ana Catarina Fonseca: Recebi um telefonema da Ordem dos Médicos. Este prémio funciona como um reforço positivo no sentido que indica que a investigação que estamos atualmente a realizar é considerada relevante.
O valor desta menção permitir-lhe-á contribuir para o desenvolvimento de mais algum ponto do seu trabalho?
Ana Catarina Fonseca:Neste estudo avaliamos apenas doentes com idade superior a 50 anos. Pretendemos agora analisar indivíduos com < 50 anos.
Este prémio é atribuído pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos em associação com o Banco Carregosa.
Parabéns Professora Ana Catarina Fonseca!