Com o começo de um ano letivo surgiu mais um desafio para a FMUL, assim como para várias outras escolas. Como articular o panorama de ameaça à saúde pública que vivemos com as aulas dos nossos estudantes? Especialmente num ensino altamente qualificado, diferenciado, técnico e complexo como na área da Medicina? Em abril, com a quarentena, foi colocado em cena um plano com táticas rápidas e eficazes para colmatar o mais possível os efeitos nefastos deste período, mas agora, num novo ano, com estudantes a chegar e muitos estudantes dos anos básicos e clínicos ansiosos com o que os esperava, seria necessária uma estratégia articulada e inteligente, com o envolvimento de todos os funcionários, docentes e não docentes para ter o melhor ensino possível, online.
Assim, foram chamados para dar apoio às aulas teóricas. vários funcionários da FMUL de gabinetes e áreas distintas, que acumulando com todas as tarefas que já tinham, tiveram que gerir o seu tempo. Eu sou uma dessas pessoas [Sónia Teixeira- Gabinete de Inovação e Empreendedorismo]. E posso dizer que tem sido desafiante e ao mesmo tempo compensador. Gerir os vários tempos de aulas, com os horários de outras, e ao mesmo tempo organizar todo o trabalho que faz parte do Gabinete onde me insiro, não é fácil, mas com calma e organização tem sido realizado. Tem sido um processo em que se denota um grande espírito de apoio e de entreajuda, seja da equipa de Audiovisuais, sempre pronta a tirar dúvidas, seja do apoio do secretariado das cadeiras e entre os colegas que dão apoio há uma cooperação fantástica, e por isso temos todos juntos conseguido superar este desafio. Paralelamente tanto a postura dos docentes como dos alunos tem sido excelente, e compreensiva face a qualquer contratempo tecnológico que surja, apoiando também da melhor maneira possível. Como eu, muitos colegas tiveram que se adaptar e foi com enorme orgulho que, a meu convite chegaram vários testemunhos dos desafios, oportunidades, contratempos e também ganhos que temos sentido.
Obrigada colegas pelos vossos testemunhos e pela infinita generosidade que nesta época, ainda encontraram tempo para escreverem um pouco do que sentem e vivem.
“Após 20 anos a exercer funções como bibliotecária na FMUL, nunca imaginei que ainda fosse sentir uma ansiedade moderada perante uma nova tarefa. Antes de iniciar a sessão Zoom de cada aula teórica a que dou apoio, o receio de falhar impera. Porém, à medida que a aula prossegue, vai-se desvanecendo e a satisfação de dever cumprido instala-se quando coloco a gravação disponível para o seu público-alvo: os discentes desta grandiosa Academia.”
Sofia Amador / Bibliotecária na Área de Biblioteca e Informação
“A experiência de integrar a Equipa de Apoio às aulas em videoconferência tem sido amplamente gratificante e enriquecedora. Para além da aprendizagem proporcionada por uma nova responsabilidade, trouxe-me igualmente a oportunidade de continuar a contribuir, com empenho e compromisso, para este desafio coletivo que todos nós – Docentes, Técnicos e Administrativos, Alunos – assumimos desde o início, continuando a cumprir com a maior dedicação e apesar das incertezas, a nossa missão e o nosso papel na comunidade.”
Paula Gomes/ Técnica Superior
“Confesso que num primeiro momento fiquei bastante apreensiva, a tarefa de apoio às aulas online foi-nos atribuída muito perto do início das aulas, para mim era uma coisa totalmente nova. Será que vou ter tempo para aprender a fazer? Uma coisa que aprendemos com a pandemia é que não podemos dar nada por garantido, neste caso condições ideais para aprender em termos temporais e físicos, por isso, e mais uma vez, adaptamo-nos e fazemos o nosso melhor. Assisti às formações, à dos não docentes e à dos docentes, enchi os colegas mais experientes de duvidas e se…? e se…? E fui interiorizando que era só mais um desafio. É mais uma tarefa a acumular com todas as outras que já tinha, com a agravante de ter horas certas, o que obriga a uma maior disciplina em termos de organização de trabalho. Na primeira aula estava inquieta e nem consegui assumir outras tarefas em simultâneo, não havia concentração possível. Nas seguintes, e cada vez mais, já consigo descontrair e ir fazendo outras coisas ao mesmo tempo, apesar do ouvido estar sempre atento ao desenrolar da aula. Tenho a sorte de conhecer quase todos os Docentes das aulas a que dou apoio, o que torna a tarefa um bocadinho mais fácil. É também compensador saber que os Docentes ficam descansados e agradecidos, mesmo que o nosso apoio se resuma, em grande parte das vezes, em estar ligados.”
Paula Belmonte / Clínica Universitária de Pediatria
“Dar apoio às aulas virtuais tem sido tanto desafiante como recompensador. Desafiante, porque as aulas são todas diferentes, às vezes o professor não consegue partilhar a sua apresentação, outras os alunos têm problemas em entrar na sessão, e aí a nossa presença e principalmente a possibilidade de, através das gravações efetuadas, os alunos ouvirem as aulas mais tarde, melhora a experiência académica destes alunos. E aí entra o aspeto recompensador desta experiência, saber que estamos a facilitar o acesso às aulas em segurança a centenas de alunos e futuros médicos.
Claro que, sem a colaboração de todos os colegas das diferentes áreas e principalmente dos Audiovisuais, assim como a capacidade de rápida organização entre todos, nada disto seria possível.”
(Anónimo)
“Confesso nesta fase não estar a ser muito difícil conciliar, porque estou com Apoio às aulas apenas na Cirurgia do 5ºAno, o que se traduz apenas num dia por semana. Contudo, existem os seminários que são das 14h30 às 18h30 e sai fora do meu horário laboral… Para conseguir dar apoio a estas aulas tenho de trabalhar em casa (1x por semana – agora ficámos em casa de 2 em 2 semanas, mas isso é recente). Nesses dias terei de pedir a alguém que vá buscar o meu filho à escola, que sai às 17h30 das atividades do ATL… Nos restantes dias, o apoio às aulas termina às 15h30, que sai apenas 30 minutos do meu horário. Estando em casa não me faz diferença, mas se estivesse na FMUL complicava com os horários dos comboios e chegaria mais tarde a casa. (…) Bom, com isto quero dizer que embora tenhamos que gerir o nosso trabalho, que já não é pouco, com este apoio acrescido, não sendo por vezes fácil, considero importante que o consigamos fazer numa situação de crise, num verdadeiro apoio e trabalho em equipa, contando que possamos levar isto para frente o melhor possível.”
(Anónimo)
Sónia Teixeira
Equipa Editorial