Celebrou-se a 16 de outubro o Dia Mundial da Alimentação e o tema internacional deste ano não poderia ser mais ajustado aos tempos atuais, com uma mensagem urgente e fundamental: “Crescer, Nutrir, Sustentar. Juntos.”
Crescer de forma saudável e consciente, nutrir de forma adequada e igualitária, sustentar por forma a garantir às populações de todo o mundo o acesso a alimentos nutritivos e seguros. E tudo isto só é possível se abraçarmos juntos essa missão, uma missão que urge cumprir numa ação concertada e integrada na resposta à atual pandemia. Aliás, a pandemia de Covid-19 abre a janela da oportunidade para a implementação de “soluções inovadoras baseadas em evidências científicas para que possam reconstruir e melhorar os sistemas alimentares, tornando-os mais resistentes a choques”.
E é de evidência científica que falamos neste Dia Mundial da Alimentação, porque as escolhas mais acertadas são aquelas que primam pelo rigor da Ciência. E conscientes de que o conhecimento científico é o antídoto da desinformação, o Laboratório de Nutrição da FMUL acaba de publicar alguns dos principais mitos e factos sobre a alimentação num e-book intitulado “Desmistificar com Ciência”.
Cada capítulo é dedicado a um tema, comprovando-se factos que resultam de vários trabalhos de investigação desenvolvidos até à data.
A gordura corporal, o vegetarianismo em idade pediátrica, a alimentação biológica e a pandemia da Obesidade, que convive com a Covid-19, são alguns dos tópicos incluídos numa obra que conta com a colaboração de vários autores.
“Desmistificar com Ciência” explica aos leitores o porquê de não ser “possível aconselhar o consumo de alimentos biológicos como forma de obter ganhos em saúde”, bem como a utilização “saudável, segura e conveniente” do micro-ondas “para aquecer ou confecionar alimentos em recipientes apropriados”; esclarecendo ainda que o pequeno almoço “é positivamente associado a todos os domínios da saúde (física, mental e social) para a população em geral, independentemente da etapa do ciclo de vida em que se encontra o indivíduo”; que “o consumo de carne deve ser recomendado em quantidades adequadas, reforçando a sua importância como parte integrante de uma alimentação equilibrada”; “o consumo de até um ovo por dia é seguro e não representa um aumento no risco de doenças cardiovasculares”; “o óleo de coco não será de todo uma boa opção para a população geral”, podendo até “assumir uma posição deletéria em termos de saúde”.
Para além disso, é desconstruída a ideia de que “os hidratos de carbonos fazem mal”, dado que “a exposição a dietas com baixo teor em HC (hidratos de carbono), está associada a uma diminuição do fornecimento de glicose para o fígado, músculos e cérebro” e explica-se que “os produtos isentos de lactose não têm efeitos nutricionais diferentes no organismo humano quando comparados com os produtos lácteos comuns”.
A dieta isenta de glúten, que “tem sido de algum modo apresentada como uma abordagem nutricional mais saudável, em que o glúten é erradamente apontado como um componente potencialmente prejudicial na alimentação humana”, é também analisada ao detalhe no livro digital do Laboratório de Nutrição. Aquela que é considerada “o único tratamento efetivo para a doença celíaca” não tem elementos de prova, do ponto de vista científico, que suportem a existência de benefícios em indivíduos sem qualquer sintomatologia associada ao consumo de glúten.
E porque a desinformação tende a ocultar a verdade, no e-book “Desmistificar com Ciência” abordam-se também os mitos relacionados com as “interações entre a alimentação, a obesidade e a COVID-19”, com vista à promoção de “mais literacia a este nível e mais saúde na população”.
É-nos então explicado que “a evidência cumulativa sugere que os indivíduos com obesidade (i.e. com acumulação excessiva de tecido adiposo) têm um risco aumentado de sintomatologia/doença grave associada à COVID-19, hospitalização e mortalidade”. E se é facto que “perdas de peso de apenas 5 a 10% já acarretam melhorias substanciais ao nível da saúde metabólica dos indivíduos”, é igualmente evidente que as medidas de contenção decorrentes da pandemia de Covid-19 “impuseram, inevitavelmente, alterações no estilo de vida dos indivíduos, particularmente no que respeita à ingestão/comportamento alimentar e aos padrões de atividade física”. Uma realidade potencialmente comprometedora da gestão da obesidade, que é uma doença “crónica, complexa e recidiva e, como tal, requer tratamento continuado, com alterações comportamentais sustentadas a longo prazo”.
Até ao momento, “não existe evidência de que os alimentos, cozinhados ou crus, constituam veículos de transmissão do novo coronavírus”, parecendo “existir também consenso relativamente a nenhum alimento ou padrão alimentar específico poder prevenir ou tratar a infeção por SARS CoV-2”.
Todavia, “o papel que um estado nutricional adequado pode ter na otimização do sistema imunitário, na redução dos processos inflamatórios e no controlo metabólico, não pode ser descurado. Neste sentido, a promoção de uma alimentação saudável e segura é essencial”. Para além disso, “combater a desinformação nesta área e promover uma alimentação saudável na população, são caminhos certos a percorrer”.
“O Dia Mundial da Alimentação clama por solidariedade global para ajudar todas as populações, especialmente as mais vulneráveis, a recuperarem da crise e tornar os sistemas alimentares mais resistentes e robustos para que possam resistir à volatilidade crescente e choques climáticos, fornecer dietas saudáveis acessíveis e sustentáveis para todos e meios de subsistência decentes para os trabalhadores do sistema alimentar”. Saiba mais sobre a mensagem do Dia Mundial da Alimentação aqui.
Nunca é de mais reforçar a importância de fazer escolhas saudáveis, por isso cuide da sua alimentação e mantenha o corpo e mente sãos através de uma dieta equilibrada. Aceda aqui ao e-book do Laboratório de Nutrição e alimente-se de Ciência, não de mitos.
Ainda no âmbito do Dia Mundial da Alimentação demos início à segunda fase da campanha “Ajuda esta causa – COVID-19”, uma parceira entre a Kiddy Cook Portugal e a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa que se uniram numa campanha de angariação de fundos para o Serviço Nacional de Saúde.
O balanço da primeira fase foi muito positivo, já que em pouco mais de um mês o projeto do livro de receitas entre famílias reuniu 136€ em donativos a favor do SNS.
No dia 16 de outubro demos início à segunda fase da campanha, com o lançamento do Livro de Receitas da Quarentena, que reúne as receitas enviadas por todos aqueles que quiseram ajudar nesta campanha. Esperamos que o resultado seja inspirador e que sirva de convite para se aventurarem na cozinha com pequenos e graúdos!
Para receber este livro de receitas feito com muito carinho pela nossa comunidade, basta fazer uma doação a partir de 4€ e receberá no seu email uma versão digital do livro e uma versão em formato PDF para poder imprimir as suas receitas favoritas.
A Kiddy Cook Portugal e a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa estão juntas nesta missão de recolher fundos para o SNS, através da Rede de Hospitais Afiliados da FMUL, como forma de agradecimento aos seus profissionais pelo trabalho realizado por todos durante a pandemia de COVID-19.
Junte-se a nós nesta missão! E lembre-se que uma vida mais saudável é sempre uma vida mais feliz.
Sofia Tavares
Equipa Editorial
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