Porque a Ciência é a ponte para a construção de um futuro melhor e mais consistente através da experiência e do conhecimento científico, destacamos um projeto de investigação auspicioso e com assinatura da equipa do Professor Miguel Castanho, que dirige o Laboratório de Bioquímica Física de Fármacos no Instituto de Medicina Molecular de Lisboa.
O projeto de investigação NOVIRUSES2BRAIN está em curso há um ano, altura em que se deram os primeiros passos rumo ao objetivo de desenvolver fármacos capazes de alcançar o cérebro e aí combater alguns vírus. “É dever dos investigadores contribuírem para o reforço da cultura científica da população”, defende Miguel Castanho, num comentário recente à Newsfarma sobre este trabalho de investigação, que saiu do laboratório, levando a Ciência à população.
Rita Aroeira, investigadora e gestora do projeto comenta os progressos e expectativas futuras desta investigação, que é tão ambiciosa quanto essencial.
Sofia Tavares
Equipa Editorial
Há precisamente um ano, o NOVIRUSES2BRAIN dava os primeiros passos. O projeto “”One size fits all“ unique drug to eradicate multiple viral species simultaneously from the central nervous system of co-infected individuals” – NOVIRUSES2BRAIN -, coordenado pelo Professor Miguel Castanho, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e investigador principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), tem como objetivo desenvolver fármacos que consigam chegar ao cérebro e aí inativar alguns vírus, como Dengue, Zika e HIV, evitando os seus possíveis efeitos neurológicos.
Ao iniciar o projeto, em setembro de 2019, já tinham sido descobertas algumas moléculas capazes de transpor a barreira hematoencefálica e outras com atividade antiviral. Desde então, estes dois tipos de moléculas foram conjugados e alguns foram bem-sucedidos em fazer passar o antiviral da corrente sanguínea para o cérebro. Os próximos passos na investigação são determinar a atividade destes conjugados contra os vírus no cérebro e avaliar os efeitos secundários (no cérebro e fora dele).
Recentemente, foram revelados resultados de outros grupos que demonstram que o SARS-CoV-2, entretanto identificado como causador da COVID-19, tem também capacidade para invadir o sistema nervoso central e causar danos neurológicos,
o que fez com que a Comissão Europeia (responsável pelo financiamento do projeto) convidasse a equipa de investigação a incluir o SARS-CoV-2 na lista de alvos dos antivirais em desenvolvimento.
Numa fase em que a expectativa sobre o trabalho científico é enorme, é bom relembrar que também é dever dos investigadores contribuir para a melhoria da cultura científica da população, o que se traduzirá numa melhor recetividade à adoção de medidas de saúde pública sustentadas cientificamente. Durante o primeiro ano do projeto, o NOVIRUSES2BRAIN esteve presente na Noite Europeia dos Investigadores, organizou dias abertos no laboratório, dedicados à visita de jovens estudantes, foi a escolas secundárias, participou na iniciativa de comunicação de ciência PubhD Lisboa, em que os investigadores apresentam os seus trabalhos numa conversa informal num bar, e manteve presença assídua nas redes sociais, além de colaborar com jornalistas em matérias relacionadas com o projeto.
Rita Aroeira
Gestora do Projeto NOVIRUSES2BRAIN