Simão Teixeira da Rocha, investigador sénior do grupo de Maria Carmo-Fonseca no iMM em conjunto com Mélanie Eckersley-Maslin, associada ao Babraham Institute (Reino Unido), desenvolveram uma nova técnica que permite medir a fidelidade do imprinting parental em diferentes contextos biológicos. Os resultados agora publicados na prestigiada revista científica Nucleic Acids Research, podem melhorar o diagnóstico de distúrbios do desenvolvimento e também garantir a qualidade das células estaminais usadas em medicina regenerativa.

O imprinting parental determina que para alguns genes só uma das duas cópias herdadas (pelo pai ou pela mãe) é expressa. O desenvolvimento normal no embrião depende da dosagem correta destes genes. A desregulação desta atividade está associada a problemas no desenvolvimento, como a síndrome de Angelman e é observado nas células cancerígenas. No entanto e apesar da sua importância, faltava um método rápido e económico para avaliar estas assinaturas epigenéticas do DNA.
“A técnica IMPLICON estabelece um método fácil e pouco dispendioso que pode ser usado para estudar e verificar a qualidade destas assinaturas epigenéticas em vários locais do genoma com uma resolução sem precedentes”, começa por explicar Simão Teixeira da Rocha, um dos responsáveis por este estudo: “Antes do desenvolvimento desta técnica, o estudo destas regiões exigia uma análise minuciosa e individual ou através de métodos de sequenciação dispendiosos que requeriam uma análise exaustiva. O método IMPLICON fornece uma abordagem direcionada, na qual apenas as regiões de interesse são sequenciadas, mas o processo fornece uma cobertura profunda, tornando-a robusta e mais acessível. Acreditamos que deste modo será mais eficaz analisar mudanças subtis nestas “assinaturas epigenéticas” como resultado de perturbações ambientais, condições patológicas ou envelhecimento, que nunca poderiam ter sido suficientemente observadas usando outros ensaios”, acrescenta Mélanie Eckersley-Maslin, investigadora também responsável pelo trabalho.
O método foi concebido e desenvolvido inicialmente por investigadores do laboratório de Wolf Reik (Babraham Institute), que adaptaram uma abordagem já existente e aplicaram ao imprinting parental. A equipa aliou-se a Simão Teixeira da Rocha que ajudou a otimizar o método e aplicou o teste a linhas de células estaminais de pacientes com síndrome de Angelman.
O investigador Simão Teixeira da Rocha sublinha: “Ser capaz de verificar se as células estaminais têm o padrão de imprinting parental correto é essencial para garantir a qualidade e a segurança do uso destas células em medicina regenerativa”.
Artigo científico: Tajda Klobučar, Elisa Kreibich, Felix Krueger, Maria Arez, Duarte Pólvora-Brandão, Ferdinand von Meyenn, Simão Teixeira da Rocha*, Melanie Eckersley-Maslin*. (2020) IMPLICON: an ultra-deep sequencing method to uncover DNA methylation at imprinted regions. Nucleic Acids Research, gkaa567, https://doi.org/10.1093/nar/gkaa567
