A Universidade de Lisboa iniciou um programa para testar todos os seus membros, funcionários, docentes, estudantes, investigadores e outros colaboradores. Numa campanha uníssona onde todas as Faculdades da Ulisboa cooperam, a coordenação fica a cargo da Faculdade de Medicina (FMUL), em estreita colaboração com Reitoria, Estádio Universitário, Faculdades de Farmácia e Ciências (FFUL / FCUL) e Técnico (IST), bem como o CHULN.
As colheitas feitas por zaragatoa estão sob a alçada de uma empresa externa, sendo as colheitas de sangue feitas pelos alunos da FMUL do 6º ano, supervisionados por um médico interno de cardiologia.
O Diretor da Faculdade de Medicina, Fausto J. Pinto, não podia deixar de estar presente e dar uma palavra de incentivo e apresentou-se pontualmente na abertura dos testes, até como forma de “dar o exemplo”, como o próprio referiu.
É importante, no entanto, reforçar alguns papéis de pessoas diretamente envolvidas neste grande Programa e que são: Prof. Melo Cristino (FMUL, que assume a coordenação científica), Prof. Mário Ramirez (FMUL), Prof. Ruy Ribeiro (FMUL), Profª. Maria Mota (FMUL/iMM), Prof. João Barreiros (Vice-Reitor), Prof. João Gonçalves (FFUL), Prof. Gabriel Monteiro (IST), assim como o Prof. Ricardo Dias (FCUL) e Prof. José Roquete (Estádio Universitário).
Os testes de diagnóstico com zaragatoa serão realizados em vários locais, alternados: iMM/FMUL, CHULN, FFUL, FCUL e IST. Ainda de reforçar que vão ainda ser realizados testes serológicos no iMM/FMUL, contando com o incansável apoio da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina (AEFML).
Fomos falar com o Miguel Henriques aluno do MIM do 6º ano, forte elemento sempre ligado a grandes mudanças da AEFML e o criador do site oficial da Associação. O Miguel voluntariou-se para fazer parte do grupo de estudantes do 6º ano que estão a fazer as recolhas de sangue para os testes serológicos. Pedimos que nos descrevesse o processo e ele acabou por partilhar connosco o que se passa na vida de um estudante cujo caminho deveria ser um estágio clínico a chegar quase ao fim.
"Como todos os meus colegas do 6º ano, o meu estágio clínico de final de curso foi suspenso, devido à situação do COVID 19. Neste sentido, todos nos encontramos em casa a ter aulas por videoconferência. Há cerca de 2 semanas recebemos um e-mail por parte da AEFML a perguntar por voluntários do 6º ano para colaborar numa iniciativa da nossa Faculdade e da Universidade de Lisboa. Esta iniciativa consistia na realização de testes laboratoriais aos funcionários da Universidade de Lisboa e nós, alunos de 6º ano, estaríamos encarregues de realizar a colheita de sangue venoso para ser analisado. Na altura pensei que seria uma iniciativa interessante de participar. Estamos fechados em casa durante tanto tempo, tentando contribuir, mesmo que da forma passiva que nos é possível, para as medidas de contenção de contactos, que, quando surge a oportunidade de poder contribuir ativamente no caminho de volta à normalidade, é de aproveitar. Desta forma, para além de ajudar num rastreio que permitisse às pessoas voltar ao local de trabalho de forma mais segura, teria ainda a oportunidade de voltar a ter alguma prática médica, mesmo que seja 'só' a fazer colheitas sanguíneas. Devido à pandemia vi o meu estágio de Medicina Interna desaparecer por completo e, nunca tendo tido muitas oportunidades de realizar punção venosa durante o curso, com este projeto vou poder acabar o 6º ano mais à vontade com este gesto médico. Deste modo, inscrevi-me como voluntário na iniciativa. No espaço de cerca de 4 dias eu e os meus colegas demos as nossas disponibilidades e, graças ao trabalho da AEFML, foi possível fazer uma distribuição equitativa dos turnos entre todos os voluntários. Neste espaço de tempo tivemos também uma sessão de esclarecimentos com membros da gestão da AEFML e o Professor Fausto Pinto. Cada um de nós foi distribuído em 4 turnos de 4 horas, havendo um período de manhã, das 9h ás 13h e um da tarde, das 14h às 18h. Cada equipa de turno é constituída por 3 alunos de 6º ano e um interno de Cardiologia do HSM a dar apoio. O meu primeiro turno acabou por ser logo no primeiro dia da iniciativa, no passado dia 13 de Maio. Já tive mais 2 turnos desde então, e tem corrido tudo de forma tranquila. Este projeto terá em princípio a duração de 1 mês Os testes estão a ser feitos no edifício do centro de Medicina Desportiva no estádio Universitário da UL. A rotina de um turno consiste em chegar ao local e em primeiro lugar colocar todo o equipamento de proteção, nomeadamente socas de plástico para o calçado, fato de plástico, máscara, viseira, toca e luvas (que são trocadas a cada colheita). De seguida vamos para as nossas estações: cada aluno tem a sua própria estação e é responsável pela colheita do sangue, armazenamento da amostra e limpeza da estação. Temos sempre um médico interno de Cardiologia do HSM que nos ajuda quer na parte logística, quer em situações de colheita de sangue mais complicadas. Na generalidade somos autónomos na colheita, e a maioria delas corre bem e à primeira. O que acaba por cansar mais durante um turno inteiro é o calor constante devido ao equipamento de proteção que temos que usar. Para além das nossas estações de colheita sanguínea, os funcionários da Universidade de Lisboa que vão ser testados, têm antes que passar por uma zona de inscrição e preenchimento do consentimento informado e, posteriormente, pela análise com zaragatoa, da responsabilidade de uma entidade externa especializada, que serve para fazer a análise de PCR em busca da presença de SARS-CoV-2 no trato respiratório. Este teste é que é o teste diagnóstico cujo resultado sai em cerca de 1 a 2 dias. Os testes serológicos realizados às amostras sanguíneas que nós, alunos de 6º ano, colhemos, são para averiguar a presença de anticorpos específicos contra o SARS-CoV- 2, cujos resultados já demorarão mais tempo a ser comunicados, sendo que a análise destes testes está englobada num estudo por parte do Instituto de Medicina Molecular. Até agora tem sido uma experiência positiva, que permitiu algum retorno à prática clínica e também rever alguns dos meus colegas. Este é o nosso ano de finalistas e infelizmente, devido a toda a situação do COVID-19, não vamos poder celebrar este nosso último ano com os tradicionais eventos académicos e baile de finalista que marcam a nossa despedida. Poder rever alguns dos meus colegas no contexto desta iniciativa e as conversas entre colheitas, apesar de algo banal, acaba por me devolver alguma “normalidade” àquele que seria um ano de celebração de um curso inteiro”.
A todos os envolvidos os nossos sinceros parabéns por mais uma ampla e pioneira iniciativa e especialmente aos estudantes do 6º, e ao Miguel em particular, que se inspirem sempre para continuar, mesmo diante de caminhos mais adversos!
Joana Sousa
Equipa Editorial