Depois da implementação em tempo record das aulas por videoconferência e perante o facto da decisão governamental, suportada e fundamentada pelo Conselho de Escolas Médicas Portuguesa (CEMP), para que não se retomassem as aulas presenciais, outra mudança foi implementada desta vez sobre as avaliações curriculares. Todos os exames do Mestrado Integrado em Medicina e da Licenciatura em Ciências da Nutrição, bem como de unidades curriculares de outros cursos em colaboração com outras Escolas da Universidade de Lisboa passavam a ser à distância. Desta vez através da plataforma medQuizz e depois de alguns ajustes e reajustes sobre a forma de identificação e registo de cada aluno.
A verificação da presença e identificação dos estudantes nos exames através da imagem, a temporização do tempo de resposta às perguntas, aleatorização das questões dos exames, bem como a obrigatoriedade de resposta sequencial às perguntas sem possibilidade de reversão de respostas anteriores, foram os pontos-chave estabelecidos pela Direção.
Uma equipa de coordenação geral foi designada e composta pelo Diretor Executivo, Luis Pereira, Informática, através do Rui Fonseca, Área dos Polos, com Pedro Mendes, Nuno Rodrigues e Alexandra Teixeira e da Área Académica, com Pedro Marçal.
Dia 20 maio acontecia o primeiro exame de Oncobiologia, sob a orientação da Profª. Carmo Fonseca. Aos 9 minutos estavam na sessão 375 alunos ligados e prontos.
Ainda com situações pontuais a ajustar, as provas têm vindo a decorrer com normalidade. Neste mês em que o diálogo fica mais difícil por terem de estudar, não quisemos, no entanto, de ter o mínimo eco das primeiras sensações desta nova forma de prova. Foi sobre isso que falámos com a Estela Flambó e o Miguel Teixeira. Mas é também para eles e no contexto atual que voltamos a recordar a mensagem de motivação, união e confiança que o Diretor da Faculdade, Fausto J. Pinto, deixou a todos os que diariamente têm batalhado para ultrapassar todas os obstáculos.
Miguel Teixeira – 3º MIM
"A realização de exames online levanta questões que penso que a maioria dos estudantes não esperava ter de se debater no seu tempo na faculdade. Para começar, o próprio ensino online, apesar de apresentar as suas vantagens, é um ensino subóptimo, o que suscita logo a questão da nossa real preparação para exame. Depois, a própria metodologia do exame, do ponto de vista pedagógico, não me parece a ideal, em particular, as perguntas cronometradas e a impossibilidade de voltar atrás e rever o exame. Estes dois fatores são o que mais nos preocupa e o que causam maior pressão durante o exame. Cada pergunta que realizamos é completamente definitiva e apenas dispomos de 90 segundos para ler, pensar e responder. Pessoalmente, confesso que na grande maioria das perguntas a temporização não tem sido um problema e aqui considero que é importante também saudar a compreensão dos docentes, que têm realizado perguntas mais curtas e diretas do que o habitual. Ainda assim, vários colegas reportaram-me que têm encontrado na cronometração um grande obstáculo. Por vezes, a simples presença do cronómetro dificulta o raciocínio. Esta metodologia retira a possibilidade de cada aluno gerir a realização do exame da forma que considerar mais adequada. Obriga-nos a realizar o exame dentro de uma caixa, em que alguns alunos cabem, outros ajustam-se e uns, pura e simplesmente, não pertencem.
No global, creio que a pressão está um nível acima do que o normal. O abandono da ideia da videovigilância, do meu ponto de vista, pouco influenciou a maneira como encaramos e como nos comportamos em exame, sempre foi uma questão mais relacionada com a privacidade. Talvez estejam aqui a ser lançadas as fundações para um futuro de avaliações online mas, se for esse o caso, creio que ainda existe um longo percurso a percorrer."
Estela Flambó – 3º MIM
“Estes exames têm sido muito atípicos. A questão da falta de vigilância é algo que de certa forma poderá propiciar alguns comportamentos que colocam uns alunos em vantagem em relação a outros, mas acredito que quanto a este tema acaba por ser a consciência de cada que terá que falar mais alto. Sem dúvida o cronómetro em cada pergunta acrescenta alguma ansiedade porque existem perguntas que se respondem muito facilmente (por serem pequenas e sobre temas que o aluno estudou bastante bem) mas existem outras que requerem maior reflexão e o tempo destinado para cada pergunta por vezes não é suficiente.
A vantagem dos exames presenciais, e o grande fator chave de um bom desempenho (para além do estudo, é a gestão de tempo e a estratégia que cada aluno desenvolve para resolver exames. Logicamente todas essas ferramentas acabam por não funcionar na nova tipologia de exame e portanto acaba por contribuir para um aumento da ansiedade e nervosismo pré-exame. Ainda, em acréscimo, a potencialidade de falhas técnicas torna-se substancial e, embora tenhamos sido bem acompanhados até ao momento pelas equipas destacadas para o efeito, há sempre uma incerteza associada que acumula a ansiedade e exigência psicológica típica de uma época de exames."
Joana Sousa
Equipa Editorial