Momentos
Breviário Rural e Outonal da Castanha e do Castanheiro
Soito ou Souto? Duas designações com emprego correcto para adjectivo colectivo de aglomerado de castanheiros.
O castanheiro é uma árvore imponente, que se ergue predominantemente em Trás-os-Montes, Beira Interior e também no Alto Alentejo, sobretudo na zona de Marvão e para além de nos darem este magnífico fruto: as castanhas, conferem uma beleza única ao enquadramento paisagístico.
Esta árvore devia ser merecedora de cuidados redobrados pelas autoridades florestais. Um castanheiro demora décadas para atingir a sua imponente estrutura e começar a dar fruto.
Existe ainda, uma outra espécie arbórea que deriva do castanheiro e que se denomina rebordeira; também dá castanhas, mas, não são tão saborosas, nem vistosas.
Ouriços & castanhas
A apanha da castanha não é uma tarefa fácil, por um lado exige um esforço adicional, uma vez que estas se apanham do chão, por outro, quando não têm que se retirar dos ouriços, estes misturam-se e estão por todo o lado, picando as mãos de quem as apanha, sobretudo de quem não está habituado.
Apanha & Rebusco Rebusco, é exactamente esta expressão que designa uma actividade sazonal em que os proprietários dos soutos são “invadidos” por estranhos, para tentar apanhar as castanhas que ficaram esquecidas pelos seus proprietários. Saliente-se que se trata de uma “invasão” legal e quem o pratica sabe bem as regras que tem de respeitar, sobretudo em preservar a propriedade alheia.
Magusto & Jeropiga Esta é uma combinação inevitável. O magusto é muito mais do que um simples gesto de assar castanhas, trata-se de um convívio de amigos e familiares tendo como pano de fundo uma lareira bem aconchegante.
A jeropiga para além de ser um produto da época condiz bem com a castanha.
Magusto Comunitário & Caruma São muitas as aldeias da Beira que anualmente repetem este evento.
A população junta-se na praça central, cada um traz as suas castanhas para serem assadas, não em assador próprio mas misturadas com a caruma dos pinheiros, tudo isto acompanhado com respectiva jeropiga.
Castanha Pilada & Caniço As castanhas piladas requerem uma lareira feita sem chaminé, daquelas que existiam nas casas serranas do primeiro quarto de século (mas que ainda existem).
As castanhas são espalhadas numa estrutura ripada de madeira por cima da lareira e vão enrijecendo, ganhando estrutura da castanha pilada com o fumo libertado pela lareira. O método é o mesmo que se utilizava com os enchidos, a diferença é que estes estavam suspensos numa estrutura de madeira ripada.
Paparote & Sopa de Castanha Com a castanha pilada faz-se uma excelente sopa, de sabor único, a que davam o nome rural de paparote.
A minha avó fazia-a muito bem.
Frades & Míscaros
Frutos selvagens da época, da família dos cogumelos, que nascem espontaneamente nos pinhais.
Os primeiros em forma de chapéu-de-chuva, apesar de mais pequenos, têm a particularidade de se apresentarem aos pares. Os segundos, crescem por debaixo da caruma dos pinhais e necessitam de um conhecedor experiente, uma vez que existem frutos parecidos, mas tóxicos.
Todos, mas sobretudo os frades, e aproveitando a lareira para os assar, fazem parte da festividade do magusto.
Purés & Doces de Castanha O puré e doce de castanha são alguns exemplos daquilo que se pode confeccionar com as castanhas. Trata-se de um alimento que, para além de rico, combina muito bem com inúmeras receitas culinárias.
Não querendo aborrecer mais o leitor eis algumas, das muitas expressões e designações que envolvem o universo da castanha e do castanheiro, próprias e específicas da Beira Alta. É sempre bom, de vez em quando recordá-las, para não caírem no inevitável desuso inerente às particularidades e vicissitudes da linguagem.
António Marques dos Santos
Gabinete de Mestrados e Doutoramentos
217985107 44283
antoniosantos@fm.ul.pt
O castanheiro é uma árvore imponente, que se ergue predominantemente em Trás-os-Montes, Beira Interior e também no Alto Alentejo, sobretudo na zona de Marvão e para além de nos darem este magnífico fruto: as castanhas, conferem uma beleza única ao enquadramento paisagístico.
Esta árvore devia ser merecedora de cuidados redobrados pelas autoridades florestais. Um castanheiro demora décadas para atingir a sua imponente estrutura e começar a dar fruto.
Existe ainda, uma outra espécie arbórea que deriva do castanheiro e que se denomina rebordeira; também dá castanhas, mas, não são tão saborosas, nem vistosas.
Ouriços & castanhas
A apanha da castanha não é uma tarefa fácil, por um lado exige um esforço adicional, uma vez que estas se apanham do chão, por outro, quando não têm que se retirar dos ouriços, estes misturam-se e estão por todo o lado, picando as mãos de quem as apanha, sobretudo de quem não está habituado.
Apanha & Rebusco Rebusco, é exactamente esta expressão que designa uma actividade sazonal em que os proprietários dos soutos são “invadidos” por estranhos, para tentar apanhar as castanhas que ficaram esquecidas pelos seus proprietários. Saliente-se que se trata de uma “invasão” legal e quem o pratica sabe bem as regras que tem de respeitar, sobretudo em preservar a propriedade alheia.
Magusto & Jeropiga Esta é uma combinação inevitável. O magusto é muito mais do que um simples gesto de assar castanhas, trata-se de um convívio de amigos e familiares tendo como pano de fundo uma lareira bem aconchegante.
A jeropiga para além de ser um produto da época condiz bem com a castanha.
Magusto Comunitário & Caruma São muitas as aldeias da Beira que anualmente repetem este evento.
A população junta-se na praça central, cada um traz as suas castanhas para serem assadas, não em assador próprio mas misturadas com a caruma dos pinheiros, tudo isto acompanhado com respectiva jeropiga.
Castanha Pilada & Caniço As castanhas piladas requerem uma lareira feita sem chaminé, daquelas que existiam nas casas serranas do primeiro quarto de século (mas que ainda existem).
As castanhas são espalhadas numa estrutura ripada de madeira por cima da lareira e vão enrijecendo, ganhando estrutura da castanha pilada com o fumo libertado pela lareira. O método é o mesmo que se utilizava com os enchidos, a diferença é que estes estavam suspensos numa estrutura de madeira ripada.
Paparote & Sopa de Castanha Com a castanha pilada faz-se uma excelente sopa, de sabor único, a que davam o nome rural de paparote.
A minha avó fazia-a muito bem.
Frades & Míscaros
Frutos selvagens da época, da família dos cogumelos, que nascem espontaneamente nos pinhais.
Os primeiros em forma de chapéu-de-chuva, apesar de mais pequenos, têm a particularidade de se apresentarem aos pares. Os segundos, crescem por debaixo da caruma dos pinhais e necessitam de um conhecedor experiente, uma vez que existem frutos parecidos, mas tóxicos.
Todos, mas sobretudo os frades, e aproveitando a lareira para os assar, fazem parte da festividade do magusto.
Purés & Doces de Castanha O puré e doce de castanha são alguns exemplos daquilo que se pode confeccionar com as castanhas. Trata-se de um alimento que, para além de rico, combina muito bem com inúmeras receitas culinárias.
Não querendo aborrecer mais o leitor eis algumas, das muitas expressões e designações que envolvem o universo da castanha e do castanheiro, próprias e específicas da Beira Alta. É sempre bom, de vez em quando recordá-las, para não caírem no inevitável desuso inerente às particularidades e vicissitudes da linguagem.
António Marques dos Santos
Gabinete de Mestrados e Doutoramentos
217985107 44283
antoniosantos@fm.ul.pt