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Experiência Outdoor
A Formação Outdoor é uma fórmula inovadora de criar laços relacionais mais profundos ente elementos da mesma instituição. As tarefas, os jogos, as barreiras e os obstáculos são pontos de partida e de chegada: são meios para evidenciar qualidades, um meio de aprendizagem para lidar com o insucesso, ultrapassar as barreiras do insucesso, para minimizar erros, tirar conclusões do desentendimento e potenciais conflitos, de potenciar maior entendimento, de partilhar responsabilidades individuais e colectivas, de lidar com o sucesso, de ampliar a capacidade de gerar cumplicidade e realização, alargar o espectro da colaboração entre pessoas num ambiente descontraído e prazenteiro, que é facilitador do enquadramento no espírito de equipa. Foi com este objectivo que em Novembro de 2007 se realizou o 1º Outdoor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Assim, a Equipa Editorial convidou a Dra. Isabel Aguiar, elemento da organização do projecto, para uma pequena entrevista. Não podemos deixar de referir que a Dra. Isabel salientou que daria esta entrevista, não a título individual, mas em nome de toda a equipa que organizou o Projecto Outdoor 2007.
1. Como surgiu a ideia de realizar uma acção Outdoor Training na FMUL?
A ideia surgiu da necessidade de juntar pessoas e melhorar a comunicação informal entre elas. Um dos objectivos era melhorar o canal formal através de um canal informal. Quando foi feito, sensivelmente há dois anos atrás, um diagnóstico aos colaboradores não-docentes da FMUL, custou-me saber que os resultados apontavam para um sentimento, por parte das pessoas, que mostrava que se sentiam desligadas e afastadas da Instituição, e ao mesmo tempo dos próprios colegas. De facto, o lema do Outdoor - “Junta-te” - tinha precisamente esse objectivo, levar as pessoas a juntarem-se e a re-criarem laços e sentirem que fazem todas parte da Faculdade de Medicina de Lisboa.
2. Qual foi o objectivo de um dia de Outdoor?
O “Junta-te”. Ou seja, facilitar e melhorar a comunicação informal, com um carácter lúdico-formativo.
3. Como avalia a capacidade de mobilização e de incentivo à participação na edição de estreia?
Foi feita uma campanha pensada com o objectivo de levar à participação. Conseguiu-se a presença de muitos colaboradores. Conseguiu-se um sentimento de curiosidade “eu ir”, e o facto de estarem colocadas em equipas em que quer o Secretário, quer os outros Chefes de Divisão, estavam presentes, mostra que podemos participar juntos com incentivo. Trabalhamos todos em conjunto de uma forma lúdica.
4. Correspondeu às expectativas?
Ficou acima das nossas expectativas. As pessoas que fizeram parte desta iniciativa estavam, inicialmente, receosas de não conseguirem levar a ideia aos restantes colegas. No entanto, tivemos cerca de 49% de participações. Concluímos assim, que o nosso “chamamento” foi ao encontro das pessoas. Ultrapassou inclusivamente o esperado, e sobretudo, fez-nos pensar que valeu muito a pena, pelos “ecos” que tivemos, sob a forma de comentários produzidos no final da actividade e pelo entusiasmo visível nas pessoas.
5. Aprendizagem através de uma experiência Outdoor, porquê?
A formação Outdoor tem como objectivos principais: o traçar de um plano estratégico, reforçar laços de equipa, evidenciar a organização e coordenação e evidenciar as capacidades de liderança. O elemento mais importante é, sem dúvida, o grupo (o espírito de grupo, o trabalho em equipa), o que existe de individual representa apenas um esforço para o grupo. O indivíduo trabalha em prol do grupo, da equipa. A única falha que houve foi a empresa que foi escolhida: passaram a ideia de grande know how, e no entanto a passagem de experiência positiva da aprendizagem não foi conseguida convenientemente. Não houve, após a realização das actividades, uma explicação do que foi o objectivo definido, e o que foi alcançado. Poucas foram as pessoas que se aperceberam que se tratava de uma formação, e que de facto foram apreendidos conceitos importantes para as suas relações do dia-a-dia aqui na Faculdade. Não houve uma assimilação dos resultados formativos de acordo com o alcançado. Ou seja, foi conseguida, mas não foi transmitida essa aprendizagem.
6. Quais as vantagens de uma formação desta natureza?
Aumentar a participação das pessoas – primeiro fazer com que as pessoas tenham consciências de grupo, segundo desenvolver capacidades de contribuição para um objectivo comum. O Outdoor para o primeiro objectivo faz com que se consiga melhorar a consciência de que não trabalhamos sozinhos, permitindo incutir a consciência de grupo. E este tipo de formação consegue algo que nenhuma outra consegue – o despertar dos aspectos sensoriais, de coordenação, da própria vivência. Não há recurso a know how académico, à diferença de idades, a limitações, juntam-se todos, quer sejam técnicos superiores, como auxiliares, como chefias, como pessoas de 20, 30 ou 60 anos. E enquanto estamos juntos, em equipa e a trabalhar, sabemos que temos um objectivo, e sabemos que todos estão lá para o concretizar. É importante haver esta consciência, é importante aprendermos com estas iniciativas.
7. Acha que no dia a dia das pessoas que participaram se nota algum reflexo dessa participação?
Notou-se no imediato. Nos primeiros dois meses as pessoas cruzavam-se nos corredores e falavam da experiência, pessoas que só se conheciam por telefone, conheceram-se no dia do Outdoor, e a relação no local de trabalho mudou, melhorou. Aproximou bastante as pessoas.
8. Qual a melhor recordação da experiência, o melhor momento?
A melhor recordação é a envolvência que as pessoas mais velhas tiveram. Pessoas que nunca tinham tido a oportunidade de participar neste tipo de actividade, mais tímidas, e que pensavam que não conseguiriam participar, ver que se envolveram, que contribuíram de uma forma muito positiva e que conseguiram. Foi de facto uma grande surpresa, e a melhor recordação. Depois da iniciativa, foi feito um pedido para as pessoas contribuírem com a sua opinião relativa à sua participação na actividade, e surgiram comentários – designados “ecos” – muito bons e muito positivos. E de facto, era isso que se pretendia, que as pessoas fossem capazes de se sentir bem, e que mesmo com algumas dificuldades no seu dia-a-dia, conseguem ter momentos destes. E cabe-nos a nós, proporcionar essas experiências.
9. Trabalhamos melhor em conjunto, fora de quatro paredes?
A vantagem destas actividades é que as pessoas são “obrigadas” a trabalhar com pessoas diferentes daquelas com quem trabalham habitualmente. A relação entre as pessoas é muito boa em ambiente de grupo, a comunicação torna-se mais fácil, as tarefas são partilhadas e estas actividades ajudam a estimular as auto-estimas individuais. As pessoas tiveram que estabelecer laços, e estavam todas niveladas. Todas estas actividades estimulam muito a participação e envolvimento das pessoas. Esta é uma forma de motivação.
10. A faculdade tem cerca de 200 colaboradores não-docentes como é que podemos colocar todos eles a conviver e a aprender ao mesmo tempo? Podemos contar com mais experiências destas?
Precisamos de uma maior colaboração dos responsáveis pelas várias áreas e os vários serviços, de forma a incentivar as pessoas. Lamentavelmente ainda existe uma separação clara entre docentes e não-docentes, mas estas actividades passam pela chefia ter consciência que há uma componente formativa importante nestas iniciativas. Contudo, há sempre quem recuse participar, por inúmeras razões. Mas também foi visível que graças ao Outdoor houve outras iniciativas posteriores com sucesso.
11. O que podem os nossos colegas esperar na Edição 2008?
Uma edição ainda melhor, com bastantes surpresas.
Convidada:
Lic. Isabel Aguiar
Entrevista realizada por:
Raquel Moreira (armoreira@fm.ul.pt)
Rui Gomes (rgomes@fm.ul.pt)