“Tudo isto exige uma grande pedagogia”
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A forma como o governo português tem gerido a atual crise sanitária foi um ponto-chave na análise aos números da pandemia e à deliberação das recentes medidas políticas, por parte do Professor da FMUL e Investigador Principal no iMM, Miguel Castanho, que começou por sublinhar a “escalada significativa” do número de internamentos devido à covid-19.

Em entrevista à SIC Notícias, e face às previsões anunciadas por alguns especialistas que apontam que o país enfrente o pico da pandemia dentro de três semanas, Miguel Castanho considera que “a realidade é muito dinâmica e consoante os hábitos das pessoas a situação pode alterar-se”, pelo que entende que “não é muito antecipável” uma definição exata “sobre quando iremos alcançar o pico e quando haverá o achatamento da curva”. “Por definição não é possível fazer previsões sobre o futuro, porque estamos a adaptar-nos constantemente e as atuais medidas são a prova disso”, declarou em entrevista.

Sobre as novas medidas instituídas pelo Governo, Miguel Castanho entende que algumas assentam num “sistema de remediação” e outras têm um “potencial impacto” sobre o aumento do número de casos de covid-19.

Evidenciando a necessidade de uma maior objetividade e coerência nas medidas políticas, que “não se coadunam com as causas” apontadas para o aumento do contágio, Miguel Castanho atentou nas reuniões familiares como sendo uma “matéria sensível”, pois “fazem parte da nossa vida social e não se pode descartar como se fosse algo supérfluo, tudo isto exige uma grande pedagogia”, afirmando que “estamos muito próximos de um confinamento informal”.

Na opinião do Professor, o “contributo de todos é necessário” para a eficácia na resposta à Covid-19, para a qual é condição essencial o rigor e clareza na decisão e na forma como essa decisão é transmitida e transformada em ação para toda a população.

Veja aqui a entrevista na íntegra.