A importância do Biobanco explicada por Sérgio Dias à SIC Notícias
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senhor de óculos e cabelo escuro

Portugal é já um dos países que mais testes de diagnóstico à Covid-19 faz no mundo inteiro. Para tal, contribuíram, entre outras instituições e laboratórios, o iMM, que vai dedicar-se ao estudo da resposta imunológica dos vários tipos de doentes com Covid-19, procedendo à recolha de amostras biológicas desses doentes.

O Professor Sérgio Dias, líder do projeto que resultou da parceria da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento) com o iMM, esteve na Edição da Manhã da SIC Notícias e comentou as vantagens de criar um banco biológico de amostras de doentes infetados pelo novo coronavírus.

Recolher amostras de pacientes com diferentes “outcomes clínicos”, dos casos mais ligeiros e assintomáticos aos mais graves que obrigaram a internamento nos cuidados intensivos, vai tornar possível “definir padrões imunológicos que nos vão permitir medir parâmetros imunológicos, que nos vão permitir dizer se aquele conjunto de pessoas desenvolveu uma boa resposta ao vírus versus as que não desenvolveram, e ainda através desses padrões vai dizer-nos se as pessoas tiveram ou não em contacto com o vírus”, esclareceu Sérgio Dias, investigador principal do iMM e um dos diretores do Biobanco

Por enquanto, adiantou também, ainda não sabemos se a resposta imunológica portuguesa é diferente de outras populações no mundo, mas o iMM está em comunicação com outros Biobancos, nomeadamente, em Espanha.

Conhecer o vírus para desenvolver respostas terapêuticas e o porquê de se comportar de forma diferente em diferentes grupos populacionais é a proposta do iMM e é nisso que os seus investigadores concentram esforços. “A nossa ideia a seguir é partilhar os nossos conhecimentos, eventualmente as nossas amostras, com quem estiver interessado neste tipo de estudo e, nomeadamente, com outros Biobancos em Portugal para fazerem também as suas próprias recolhas e contribuir para conseguirmos ter um Biobanco nacional”, explicou.

De momento, estão a ser recolhidas amostras de profissionais de saúde que estiveram expostos ao vírus e recuperaram – “foram essencialmente assintomáticos” – e amostras de doentes admitidos no Hospital de Santa Maria.

Assim, e com o apoio da FLAD, o iMM irá criar um dos maiores repositórios nacionais de amostras biológicas de doentes com Covid-19, aproveitando a  posição privilegiada no Centro Académico de Medicina de Lisboa, no campus do Hospital de Santa Maria e Faculdade de Medicina da Univesidade de Lisboa.

“No intervalo de dois, três meses esperamos ter uma recolha suficiente de amostras e dos dados clínicos dos doentes para conseguir chegar a alguma conclusão”, concluiu Sérgio Dias, salientando a rapidez e eficácia com que foi operacionalizada a recolha das amostras citadas. “Nós, a partir do momento que soubemos que o Hospital de Santa Maria iria receber doentes com Covid-19, no espaço de 3-4 semanas conseguimos criar toda uma infra-estrutura para criar esta coleção”.

O projeto – “desenhado pela urgência do próprio tema” – é deveras, promissor e vem uma vez mais ajudar, de forma determinante, na resposta à pandemia, principalmente, numa altura em que se fala do regresso gradual à normalidade com a saída do isolamento a partir de maio.