CIIND é a sigla para falar sobre um assunto sério: Comissão para a Igualdade de Género, Inclusão e Não Discriminação (CIIND). A Faculdade de Medicina criou esta comissão depois de um desafio feito em 2022, pela Reitoria da Ulisboa às 18 escolas que a integram.
A primeira iniciativa deste grupo realizou-se no dia 18 de maio, em frente ao iMM.
O grupo composto por mais de uma dezena de colaboradores da FMUL e que durante meses se reuniu para discutir o campo de ação e as balizas para criar esta comissão que tem como objetivo combater todas as formas de discriminação, desigualdade e a não inclusão, fez a sua apresentação.
Um fim de tarde que contou com a participação de um grupo heterogéneo de participantes que partilharam a sua história e várias outras histórias com que se cruzaram. A partir destes testemunhos, ficou patente que não são permitidos comportamentos que ostracizem qualquer pessoa independentemente do género e orientação sexual, da condição física, psicológica ou em função de qualquer outra característica que possa ser motivo de depreciação por alguém ou grupo, neste campus.
Todos estes assuntos são ainda considerados tabu e por isso o tema do encontro foi “há um elefante na sala”, frase utilizada para descrever uma situação que, de tão desconfortável, é evitada. Não queremos mais evitar uma situação que se repete. O objetivo é identificar os casos que se enquadrem no âmbito desta CIIND e erradicá-los. Não é fácil, mas o primeiro passo foi dado.
Palavras, gestos e atitudes menos dignas da condição humana, são tantas vezes proferidas. Num local reservado, escondido dos olhares e dos ouvidos dos outros, para que não haja testemunhas são geralmente o modus operandi destes “agressores”, o que torna difícil aplicar uma sanção, nem que seja moral. É a palavra de um, contra a do outro e não nos podemos esquecer que estamos numa relação desigual, o que condiciona os comportamento.
Foram relatados alguns episódios em que as palavras foram explicitas, ditas com intenção, mas houve outros que episódios partilhados que não eram situações óbvias de abuso. É importante, por isso, falar das várias sensibilidades, despertar para essa realidade, e ter noção que às vezes uma palavra pode ferir um interlocutor, mesmo que seja dita sem intenção.
É mais fácil fazer parte de um grande grupo e seguir a multidão! Mas, os avanços da história mostram que são os momentos disruptivos que constituem grandes momentos de evolução e de mudança, geralmente os dois termos vêm associados. E é aí que entram as minorias. Felizmente que na história da humanidade há espaço para elas. São estas que tantas vezes mostram o lado B da vida, a possibilidade que não era encarada, o caminho menos óbvio e muitas vezes o mais difícil. Mas a conquista de direitos é isso mesmo! Contrariar a onda, fazer ouvir uma voz na multidão, ir no sentido inverso da multidão. É este não baixar de braços, esta persistência, esta luta que tantas vezes é feita com custo de vidas que muda o rumo dos acontecimentos.
É por isso que a discussão sobre estes temas fundamentais, tem de fazer parte da agenda. A assimilação de direitos tem de ser um assunto permanentemente em cima da mesa, porque “nada está garantido”, como relembrou o presidente da CIIND, o Professor e investigador Bruno Silva Santos. Justificou por isso, a necessidade de se celebrar e de destacar as datas que recordam essas conquistas já feitas, para que não sejam esquecidas e facilmente retiradas sob qualquer falso pretexto.
Vale sempre a pena ter ambição e lutar por aquilo em que se acredita, até porque um dia alguém ousou dizer num discurso: “i have a dream” e desde então, muitos passos impensáveis foram dados no sentido dessas palavras, para todos.
Foi escolhido um painel de convidados que pelas suas circunstâncias podiam acrescentar valor à discussão; mulheres que conquistaram lugares de destaque ou que se movimentam em esferas maioritariamente masculinas, estudantes que representam grupos mais suscetíveis de discriminação e elementos de diversas áreas desde a comunicação à jurídica. O objetivo foi o de apresentar a comissão e dizer à comunidade que começaram a ser dados passos para fazer desaparecer definitivamente o elefante não da sala, mas deste campus.
O que é e como funciona o canal de denuncia?
É um canal imparcial e independente que recebe as denúncias de forma anónima ou identificada, fica ao critério do denunciante, tratando o assunto com sigilo e confidencialidade.
Ao submeter a denúncia será gerado um número de “ticket” que deverá ser conservado de forma segura durante todo o processo, pois é por esse meio que poderá consultar e acompanhar o estado do seu processo, bem como proceder ao envio de comunicações.
Após a submissão da denúncia receberá no prazo de sete dias úteis uma notificação com indicação da receção da mesma, bem como informação dos requisitos, autoridades competentes e forma de admissibilidade para a apresentação de uma denúncia externa.
Visite a página da CIIND:
https://www.medicina.ulisboa.pt/inclusao-e-nao-discriminacao-na-fmul