O grau Honoris Causa que comoveu todos
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plano geral

A Universidade de Lisboa, pelas mãos do Reitor António da Cruz Serra, ainda em funções, atribuiu o Grau de Doutoramento Honoris Causa a Luís Portela e a Jorge Alberto Costa e Silva, numa cerimónia restrita na Reitoria que apenas reuniu alguns convidados presencialmente.

 

senhor careca a falar

senhor alto a falar

O evento teve início com o Presidente do Conselho Científico, Melo Cristino, Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e padrinho do laureado Luís Portela, que fez questão de destacar o grande contributo do Ex-presidente executivo da BIAL[  para “o desenvolvimento da Medicina académica, da Saúde, do empreendedorismo e da cultura em Portugal têm sido ímpares”.

 

senhor em pe com diploma

Luis Portela licenciou-se em Medicina na Universidade de Porto e exerceu atividade clínica durante 3 anos, tendo também desempenhado funções de docência na Faculdade de Psicologia, durante 6 anos, onde foi Regente de Psicofarmacologia. Aos 21 anos assumia um papel ativo de gestão na Bial, atualmente uma das maiores farmacêuticas ibéricas e herança do pai e avô. Poucos anos depois, e ainda não tinha 30 anos, quando Luís Portela se tornou o Presidente Executivo da Bial, cargo que assumiu até 2011, momento em que passou a Presidente não Executivo.

O seu currículo soma inúmeras designações: Vice-Presidente da Fundação de Serralves e Presidente do Conselho Geral da Universidade do Porto, foi condecorado Comendador da Ordem do Mérito, de que mais tarde veio a receber a Grã-Cruz. É Também Professor Honóris Causa da Universidade de Cádiz, em Espanha, e das Universidades do Porto e de Coimbra, em Portugal; foi igualmente distinguido com o Prémio de Neurociências da Louisiana State University, nos EUA. Regularmente vai escrevendo livros que se revelam um sucesso de vendas, e onde manifesta a sua ligação a áreas mais sensoriais. Atualmente, é Presidente do Conselho Consultivo do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Porto.

 

senhor abraça criança

pai e filho

Tornou-se o rosto da BIAL. Focado em estudar e melhorar a qualidade de vida do ser humano, em 1994, em conjunto com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, Luís Portela encabeçou a liderança da maior farmacêutica internacional de origem portuguesa, presente em 60 países diferentes, e que ao longo da sua história empregou mais de 1000  colaboradores, 500 dos quais em Portugal. Responsável pela atribuição de inúmeras bolsas de incentivo aos estudos nestas áreas científicas, só na Faculdade de Medicina permitiu a atribuição de  8 bolsas.

 

senhor com diploma na mão

dois homens a falar

 

Seguramente, um dos portugueses mais influentes dos últimos 25 anos, recebeu esta nova distinção expressando o “sentimento de gratidão, primordialmente ao Senhor Reitor da Universidade de Lisboa, ao Diretor da Faculdade de Medicina e ao Presidente do Conselho Científico”, e não perdendo a oportunidade de enaltecer o Professor da Medicina Brasileira, Jorge Alberto Costa e Silva, antes de falar do próprio.

Nos 70 anos de vida já completos e com alguma emoção permanente, mas sempre controlada, Luís Portela não quis esquecer todos os que o ajudaram a trilhar o caminho, profissional, mas também como ser-humano. Não foi por isso em vão que começou por agradecer à mãe Rosa e ao pai António Emílio, às professoras de infância, ao Cardeal amigo do pai, ou ao farmacêutico, braço direito do seu progenitor. Referiu os processos de crescimento enquanto rapaz e homem já feito, atento ao mundo, que notava na humanidade excesso de desprendimento e materialismo; ia por isso sempre intercalando a curiosidade entre a fé e a espiritualidade. Segundo o próprio, a busca permanente de enriquecer o seu próprio espírito pedia-lhe que se debruçasse, através da Ciência, no desenvolvimento espiritual do outro. Perder o pai precocemente colocava-lhe duas grandes missões: tomar conta da Bial, já na família desde o avô Álvaro, e ir para além do óbvio da mesma humanidade materialista. Para assumir parte das ações da Bial, precisou de contar com o empréstimo do casal que eram os melhores amigos da mãe Rosa, “sem juros e sem prazo”.

 

plateia

pessoas a andar

Seguiram-se tantas “pessoas intrinsecamente boas, que me alimentaram o sonho de fazer crescer a Bial e criar medicamentos”. “Capitão de uma fantástica equipa que levou os primeiros medicamentos portugueses ao mundo”, os 1000 colaboradores não foram esquecidos. Entregue o legado nas mãos de gerações mais jovens, o grande nome da Bial não se inibiu de mostrar extremo orgulho nos filhos António e Miguel. Não menos emocionado recordou alguns dos grandes brilhantes que com ele trabalharam e ajudaram a colocar a Bial e a amizade no patamar da excelência que hoje se conhece: Fernando Lopes da Silva, Maria de Sousa, António Damásio, Daniel Bessa, ou Nuno de Sousa.

Das pessoas que se interessam pelas outras e as ouvem de forma desinteressada, dos leitores e dos que investem no conhecimento, dos que partiram e dos que o aplaudem ainda, dos 5 filhos e 8 netos, e por fim da sua grande metade e paixão, a sua mulher, todos foram celebrados numa celebração a Luis Portela.

 

senhor em pé a falar

Depois de um testemunho emotivo, a cerimónia teve continuidade com a honrosa apresentação do Prof. Fausto J. Pinto, (Professor e Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa) sobre as principais realizações de Jorge Alberto Costa, de quem assumiu o papel de padrinho do Grau de Doutoramento Honoris Causa.

 

jorge silva

Jorge Alberto Costa e Silva nasceu em 26 de março de 1942, em Vassouras, no estado do Rio de Janeiro. É filho de Jorge Carvalho e de Etelvina Costa e Silva. Proveniente de uma família de médicos e artistas: o pai, médico, a avó musicista, o avô pintor e cenógrafo, o tio-avô, Jacinto Benavente, galardoado com Prémio Nobel de Literatura, garante que todos eles terão contribuído para o seu interesse, desde cedo, pela literatura e pela Medicina.

Formou-se na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1966, e especializou-se em Metodologia Científica no Instituto Karolinska em Estocolmo, Suécia.

Iniciou sua carreira de docente como Professor Assistente de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; foi Professor Titular por concurso público de provas e títulos (1979), Presidente do Departamento de Psiquiatria e Diretor da Faculdade de Ciências Médicas (1980-1984), sendo responsável pela criação do serviço de Psiquiatria da Universidade e tendo ainda colaborado na implementação do Departamento de Medicinal Social. Na UERJ, criou o programa internacional de psiquiatria marcando assim o início da participação da psiquiatria brasileira no cenário internacional. Foi também Professor e Vice-Presidente para assuntos internacionais da Universidade de Miami, além de professor e chairman do Centro Internacional de Políticas de Saúde Mental e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova Iorque e “Senior Scientist” do International Mental Health Prevention Center (NY).

 

tres senhores a falar

varias pessoas juntas

 

Jorge Costa e Silva levou profissionais de renome internacional no campo da psiquiatria e saúde mental para dar formação on job para psiquiatras e profissionais de saúde mental no Brasil. O médico psiquiatra gerou programas de bolsas de estudo que durante anos viabilizaram os estudos de jovens médicos em outros países, como os EUA, Portugal, Espanha, França, Itália, Reino Unido, Suécia, Canadá, Suíça, Alemanha entre outros.

Foi agraciado com os dois maiores títulos concedidos pela American Psychiatric Association: Honorary Fellow e Distinguished Fellow. Também galardoado com o prémio Emeritus Fellow da American College of Psychiatry, Honorary Member da World Psychiatric Association e da Panamerican Psychiatric Association. Foi membro Honorário de mais de 50 associações psiquiátricas por todo o mundo.

Como Diretor Internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS CID-10, 1993), criou um programa de saúde mental para populações desfavorecidas chamado “Nations for Mental Health”. Ainda na OMS, liderou o grupo “Tobaco and Health”, dedicado a reduzir, a longo prazo, o impacto do fumo sobre os fumadores e não fumadores. Um dos principais enfoques do grupo foi a proibição do fumo em ambientes fechados, começando pela proibição em aviões. Para impulsionar ainda mais esta iniciativa, foi concedida a condecoração ao primeiro diretor de companhia aérea que levou a cabo a proibição em todos os voos operados pela empresa. Este trabalho culminou na Convenção Quadro contra o Tabaco no Mundo (2003), da qual praticamente todos os países do mundo são signatários. Em 1994 a OMS conseguiu junto ao COI (Comitê Olímpico Internacional) proibir usuários de cigarros nos jogos olímpicos.

Na Universidade de Nova Iorque, participou da criação do Centro Internacional para Saúde, onde, além de outros projetos, desenvolveu um programa de tratamento da miopia na puberdade, que atingiu principalmente jovens de países como o antigo Zaíre (atual República Democrática do Congo) e Zimbabwe, onde estes jovens, excluídos da sala de aula, se tornavam grupo de risco para a cooptação pelas forças de guerra do conflito protagonizado pelos dois países. Neste mesmo mote, o Dr. Jorge Alberto Costa e Silva desenvolveu uma série de programas sobre transtornos de aprendizado escolar, levados a cabo no Instituto Brasileiro do Cérebro, do qual é fundador.

Recebeu muitos prémios e honras, como o “Chevalier dans l’Ordre National du Mérite” do Governo francês (Vice-Presidente da Associação desta Ordem no Brasil). Foi também premiado com o “Legion d’Honneur” pelo Governo Francês e “Doutor Honoris Causa” pela Universidade Nacional de Assunção no Paraguai, pela Universidade da República do Uruguai e pela Academia Brasileira de Filosofia em 2010. Cidadão Honorário da cidade de New Orleans nos Estados Unidos e da Cidade de Hamburgo na Alemanha. Recebeu também a “Medalha do Mérito Médico” pelo Presidente do Brasil e é “Doctor Honoris Causa in Humanities” da International Writers and Artists Association.

Foi designado “Grand Oficier” pela l’Ordre Souverain de Saint Jean de Jerusalém assim como “Chevalier de l’Ordre de Malte”. Ambassador at Large do Principado de Malta. Recebeu a Comenda do Mérito Médico (grau de Comendador) pelo Governo Federal brasileiro e a Medalha Clementino Fraga, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. Foi condecorado com a “Grande Cruz de Justiça”, concedida pela Organização Internacional de Juízes, em reconhecimento às suas ações pela justiça social, pela política e pela paz mundial, por meio de sua atuação científica, educacional, médica e de jurisprudências.

Em outubro de 1999, em congresso da Associação Mundial de Psiquiatria realizado em Hamburgo (Alemanha), foram selecionados 10 reconhecidos psiquiatras de diferentes países para receberem o título de “Líder Mundial da Psiquiatria”, tendo sido o Dr. Jorge Alberto Costa e Silva o primeiro psiquiatra do hemisfério sul a receber este prémio em razão de suas contribuições para o progresso e desenvolvimento desta especialidade naquela década.

Devido às suas relevantes contribuições, não somente na Psiquiatria, mas também na Saúde Mental, recebeu dois vistos de trabalho que considerou, ao longo do seu discurso como muito importante: Visto O-1 pelo Governo dos Estados Unidos e o Passaporte Talento pelo Governo francês. Ambos concedidos apenas a pessoas com habilidades extraordinárias, tais como por exemplo: cientistas, pesquisadores, professores, experts em tecnologia e inventores.

No seu discurso Jorge Costa e Silva referiu que “é um momento de grande orgulho e satisfação receber este reconhecimento, o mais importante prémio que um médico pode receber, Doutor Honoris Causa, por uma das universidades mais importantes da Europa e do mundo.”

O médico psiquiatra referiu que “este momento não é somente de glória, mas sobretudo de agradecimento”, dirigindo-se ao Reitor da Universidade de Lisboa, Professor Doutor António Manuel da Cruz Serra; ao Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), Professor Fausto Pinto; a todos os conselheiros que votaram para receber este título e, ainda, à sua família.”

“Este é um título de honra”, afirmou Jorge Alberto Costa e Silva.

 

dois senhores a falar

 

 

dois senhores em pé

 

Presentes nesta cerimónia estiveram ainda a Conselheira de Estado, o Presidente do Conselho de Reitores e outros demais Reitores, Diretores de outras Escolas Médicas, os Bastonários da Ordem dos Médicos, Farmacêuticos e Dietistas, representantes do Infarmed bem como de várias Fundações e Institutos.