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Prémios Pfizer distinguem duas equipas do IMM nas áreas do VIH e cancro
Equipa da Unidade de Imunologia Clínica coordenada pela Professora Doutora Ana Espada de Sousa (Rita Cavaleiro, primeira autora do trabalho na quinta posição do lado direito)
Os vencedores de ambos os Prémios Pfizer de 2008, atribuídos todos os anos a trabalhos de investigação em medicina, são investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM). Os prémios, de 20 mil euros cada, atribuídos nas categorias de Investigação Clínica e Investigação Básica, foram atribuídos, respectivamente, a trabalhos realizados na Unidade de Imunologia Clínica, e na Unidade de Biologia do Cancro do IMM.
Rita Cavaleiro é a primeira autora do trabalho "Monocyte-mediated T cell suppression by HIV-2 envelope proteins" (autores: Rita Cavaleiro, Gregory J. Brunn, Adriana S. Albuquerque, Rui M. M. Victorino, Jeffrey L. Platt e Ana E. Sousa), galardoado com o Prémio Pfizer de Investigação Clínica e inicialmente publicado na revista European Journal of Immunology. O estudo mostra que as proteínas do invólucro do vírus VIH-2 limitam a activação linfocitária da infecção, resultando uma evolução mais benigna da doença quando comparada com a infecção por VHI-1, e abre perspectivas no desenvolvimento de novas terapias baseadas nas propriedades das proteínas presentes no invólucro do VIH-2.
O trabalho galardoado com o Prémio Pfizer de Investigação Básica 2008 foi publicado no Journal of Clinical Investigation e intitula-se: “PTEN Posttranslational Inactivation and Hyperactivation of the PI3K/Akt Pathway Sustain Primary T Cell Leukemia Viability” (autores: Ana Silva, J. Andrés Yunes, Bruno A. Cardoso, Leila R. Martins, Patrícia Y. Jotta, Miguel Abecasis, Alexandre E. Nowill, Nick R. Leslie, Angelo A. Cardoso, e Joao T. Barata).
O estudo foi desenvolvido na Unidade de Biologia do Cancro do IMM em parceria com equipas estrangeiras e resulta da investigação de um tipo de leucemias T, que afecta sobretudo crianças e jovens adultos.
O trabalho focou-se especificamente no estudo da proteína PTEN que actua, dentro das células humanas, como um obstáculo ao desenvolvimento de tumores. Até agora, pensava-se que a inactivação da PTEN, e consequente desenvolvimento de tumores, ocorria essencialmente ao nível dos genes, ou seja, que mutações genéticas levavam à produção de PTEN disfuncional. O que os investigadores mostram no trabalho premiado é que, mesmo em células onde a produção de PTEN é normal, a inactivação da proteína pode ocorrer devido à acção de uma outra proteína, chamada CK2.
“Analisámos a expressão de PTEN em células de pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células T. Quando esta proteína deixa de estar presente na célula, há tendência para desenvolver o tumor”, explica João Taborda Barata, director da Unidade de Biologia do Cancro do IMM e líder da presente investigação. No entanto, depois de verificar que “neste tipo de tumor, o supressor (PTEN) está presente nas células com níveis normais” a equipa tentou desvendar esse paradoxo.
Os investigadores estudaram células leucémicas, retiradas de pacientes com leucemia T, e viram que, nestas células, a CK2 modifica quimicamente a PTEN normal, adicionando-lhe um grupo fosfato. Viram ainda que essa modificação química leva à inactivação da PTEN. O estudo registou também que nestas células leucémicas há um aumento de radicais de oxigénio, que não se verifica nas células normais e que também contribui para a inactivação da PTEN.
“O que se passa é que há inactivação da PTEN por mecanismos que afectam a actividade da proteína. A consequência final é exactamente a mesma que a mutação genética de PTEN: a activação de uma via tumoral, que ocorre na larga maioria dos casos de leucemia T”, esclarece Ana Silva, primeira autora do trabalho.
“Com os nossos resultados, conseguimos também revelar potenciais novos alvos terapêuticos contra as leucemias T. Por exemplo, o uso de inibidores farmacológicos de CK2 poderá induzir a morte de células T, malignas, sem afectar as células normais dos pacientes”, esclarece João Taborda Barata. Esta via pode vir a tornar possível a diminuição dos efeitos secundários resultantes de tratamentos do cancro, como por exemplo da quimioterapia.
Iniciados em 1956, os prémios Pfizer resultam de uma parceria com a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCML), responsável pela avaliação e selecção dos trabalhos premiados.
Cheila Almeida
Marta Agostinho (marta-elisa@fm.ul.pt)
Unidade de Comunicação e Formação
Instituto de Medicina Molecular
http://www.imm.ul.pt