Mais e Melhor
Livro Bioquímica em Medicina
Caracterização da obra e apresentação dos editores
O título refere uma colectânea de trabalhos representativos e que nortearam, durante vinte e seis anos, o ensino/aprendizagem de Bioquímica do curriculum da licenciatura em medicina, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). Nesse período, os Editores foram responsáveis pelo ensino de duas disciplinas. A disciplina de Bioquímica (designada por Bioquímica Celular depois de 1994) foi regida por João Martins e Silva entre 1978 e 1994 e, de 1994 a 2005, por Carlota Saldanha. A disciplina de Bioquímica Fisiológica foi regida de 1994 a 2005 por João Martins e Silva, também coordenador da área.
O texto está subdividido por três volumes, com a seguinte distribuição:
Volume I - Análise e Perspectivas: Capítulo 1- Contém artigos publicados em diversos jornais científicos, sobre o acesso e selecção de novos alunos, e o nível de conhecimentos específicos anteriores, evidenciados por alunos inscritos pela primeira vez em Bioquímica; Capítulo 2- Artigos publicados em que foram analisadas as características do ensino de Bioquímica em Medicina; Capítulo 3- Inclui dois relatórios pedagógicos apresentados em provas académicas.
Volume II - Metodologias e Programas de Estudo: Capítulo 4 – Programas de Estudo das disciplinas de Bioquímica Celular e Fisiológica, utilizados durante anos lectivos representativos; Capítulo 5 - Metodologias de ensino - aprendizagem no ensino pré e pós - graduado de Bioquímica aplicada em Medicina.
Volume III - Temas e Mapas Metabólicos de Bioquímica Fisiológica: Capítulo 6- Problemas e casos clínicos de aplicação bioquímica; Capítulo 7- Diagramas e outros esquemas utilizados no ensino.
A organização e sistematização da obra obedeceram aos seguintes critérios principais: Perspectivas e pressupostos da comunicação de conhecimento; Objectivos específicos das disciplinas; Respectivos conteúdos; Metodologias ensaiadas e possíveis.
Perspectivas e Pressupostos
A velocidade de expansão actual do conhecimento fundamental, que se reflecte quer no ensino quer na respectiva aplicação prática, torna rapidamente obsoletos, não só os conteúdos como, também, as metodologias e potencialidades práticas. Tal processo poderá explicar a evolução igualmente rápida dos tratados e outros textos de ensino, fazendo admitir a hipótese de que também factos e realizações concretizadas em passado recente perderam interesse. Todavia, não deverá esquecer-se que as evidências e sistemas em vigor resultaram de um longa cadeia de outros fenómenos, outras experiências e observações. Foi neste pressuposto que se baseou a publicação da colectânea de assuntos que constituem a obra presente. Em alternativa à edição de mais um tratado que incluísse a tradicional listagem de assuntos específicos, organizados nos moldes tradicionais, privilegiou-se a elaboração de um documento representativo da dinâmica de evolução do ensino da Bioquímica em Medicina na FMUL, sob a nossa responsabilidade, explanada nos objectivos, nos conteúdos programáticos, nas metodologias e nos intervenientes.
Definição de Objectivos
Houve que definir objectivos próprios de ambas as disciplinas, sem perder do horizonte que a sua primordial utilidade pedagógica deveria estar consonante à formação de futuros médicos. Ainda neste aspecto, mas num plano mais distanciado, pretendia-se que o ensino inculcasse nos alunos motivações para a pesquisa científica e para um continuado interesse pelos seus conteúdos, bem como para a respectiva racionalização e aplicação à prática clínica. A definição desses objectivos, gerais e também específicos, dependia da preparação académica dos alunos que ingressavam anualmente na FMUL, para iniciarem a aprendizagem da Bioquímica Celular no 1º ano do Curso. Esse problema não existia no 2º ano, em Bioquímica Fisiológica, atendendo a que a maioria dos alunos obtinha aproveitamento prévio em Bioquímica Celular. Houve a preocupação de conhecer, em testes diagnósticos realizados durante as primeiras aulas de Bioquímica Celular, a preparação e conhecimentos académicos revelados pelos alunos sobre questões gerais da matéria de Química que constava dos programas de acesso ao ensino superior. Os resultados obtidos estiveram muito aquém do que se esperaria, pelo que, durante alguns anos, o ensino da disciplina de Bioquímica Celular foi precedido por um curso condensado sobre os assuntos mais relevantes de Química Geral e Orgânica. Porém, atendendo a que os benefícios conseguidos eram desgastados pela redução da escolaridade indispensável para a leccionação do Bioquímica Celular, os cursos preparatórios foram interrompidos.
Conteúdos
A delimitação e pertinência dos conteúdos a utilizar, a par com a introdução de um léxico próprio, atenderam ao nível de conhecimentos dos novos alunos. Esses conteúdos estiveram sob constante análise ano após ano, sujeitos a renovações e actualizações pontuais. Houve que consciencializar a complexidade, evolução e expansão dos novos conhecimentos em Bioquímica, directa e indirectamente relacionados com a formação médica e, na sequência, seleccionar e, ou substituir os que se verificassem menos adequados. Adicionalmente, a definição dos conteúdos foi enquadrada no conjunto e na distribuição de matérias do modelo curricular vigente, em particular o que resultou da implantação do novo programa, em 1994. Houve uma particular atenção para que os conteúdos fossem adquiridos pelos alunos através de níveis superiores do processo cognitivo. Ainda que a memorização de léxico e conteúdos fundamentais fossem importantes, pretendia-se que a aquisição factual decorresse através de exemplos e problemas concretos. Acresce o relevo dado à prevalência dos fundamentos nucleares, aos mecanismos em que intervinham e à relevância de aplicação médica potencial. Para o efeito, foram utilizados problemas de índole clínica elementar com implicações bioquímicas bem estabelecidas, utilizados quer na aprendizagem quer nas provas de avaliação.
Metodologias
As modalidades a que se recorreu foram previamente testadas em diversas modalidades de ensino, optativo ou outro. Fundamentalmente, pretendia-se que a aprendizagem decorresse num clima motivador e receptivo às sugestões e críticas dos discentes. Nesse sentido foram promovidos, durante uma década e meia, cursos experimentais que testavam métodos analíticos, a par com seminários de índole teórica que enquadravam questões bioquímicas em situações patológicas comuns. Os resultados obtidos com as metodologias em referência, assim como a avaliação das respectivas potencialidades foram fundamentais para o processo pedagógico seguido nos cursos de Bioquímica Celular e Fisiológica, do núcleo curricular obrigatório.
Os autores da obra agradecem às Drªs Raquel Viegas e Helena Cabeleira o empenho e a dedicação com que organizaram a sessão de apresentação do livro "Bioquímica em Medicina".
J. Martins e Silva
Professor Catedrático aposentado, Instituto de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Lisboa, jsilva@fm.ul.pt
Carlota Saldanha
Professora Associada com agregação, Instituto de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Lisboa, carlotasaldanha@fm.ul.pt
O título refere uma colectânea de trabalhos representativos e que nortearam, durante vinte e seis anos, o ensino/aprendizagem de Bioquímica do curriculum da licenciatura em medicina, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). Nesse período, os Editores foram responsáveis pelo ensino de duas disciplinas. A disciplina de Bioquímica (designada por Bioquímica Celular depois de 1994) foi regida por João Martins e Silva entre 1978 e 1994 e, de 1994 a 2005, por Carlota Saldanha. A disciplina de Bioquímica Fisiológica foi regida de 1994 a 2005 por João Martins e Silva, também coordenador da área.
O texto está subdividido por três volumes, com a seguinte distribuição:
Volume I - Análise e Perspectivas: Capítulo 1- Contém artigos publicados em diversos jornais científicos, sobre o acesso e selecção de novos alunos, e o nível de conhecimentos específicos anteriores, evidenciados por alunos inscritos pela primeira vez em Bioquímica; Capítulo 2- Artigos publicados em que foram analisadas as características do ensino de Bioquímica em Medicina; Capítulo 3- Inclui dois relatórios pedagógicos apresentados em provas académicas.
Volume II - Metodologias e Programas de Estudo: Capítulo 4 – Programas de Estudo das disciplinas de Bioquímica Celular e Fisiológica, utilizados durante anos lectivos representativos; Capítulo 5 - Metodologias de ensino - aprendizagem no ensino pré e pós - graduado de Bioquímica aplicada em Medicina.
Volume III - Temas e Mapas Metabólicos de Bioquímica Fisiológica: Capítulo 6- Problemas e casos clínicos de aplicação bioquímica; Capítulo 7- Diagramas e outros esquemas utilizados no ensino.
A organização e sistematização da obra obedeceram aos seguintes critérios principais: Perspectivas e pressupostos da comunicação de conhecimento; Objectivos específicos das disciplinas; Respectivos conteúdos; Metodologias ensaiadas e possíveis.
Perspectivas e Pressupostos
A velocidade de expansão actual do conhecimento fundamental, que se reflecte quer no ensino quer na respectiva aplicação prática, torna rapidamente obsoletos, não só os conteúdos como, também, as metodologias e potencialidades práticas. Tal processo poderá explicar a evolução igualmente rápida dos tratados e outros textos de ensino, fazendo admitir a hipótese de que também factos e realizações concretizadas em passado recente perderam interesse. Todavia, não deverá esquecer-se que as evidências e sistemas em vigor resultaram de um longa cadeia de outros fenómenos, outras experiências e observações. Foi neste pressuposto que se baseou a publicação da colectânea de assuntos que constituem a obra presente. Em alternativa à edição de mais um tratado que incluísse a tradicional listagem de assuntos específicos, organizados nos moldes tradicionais, privilegiou-se a elaboração de um documento representativo da dinâmica de evolução do ensino da Bioquímica em Medicina na FMUL, sob a nossa responsabilidade, explanada nos objectivos, nos conteúdos programáticos, nas metodologias e nos intervenientes.
Definição de Objectivos
Houve que definir objectivos próprios de ambas as disciplinas, sem perder do horizonte que a sua primordial utilidade pedagógica deveria estar consonante à formação de futuros médicos. Ainda neste aspecto, mas num plano mais distanciado, pretendia-se que o ensino inculcasse nos alunos motivações para a pesquisa científica e para um continuado interesse pelos seus conteúdos, bem como para a respectiva racionalização e aplicação à prática clínica. A definição desses objectivos, gerais e também específicos, dependia da preparação académica dos alunos que ingressavam anualmente na FMUL, para iniciarem a aprendizagem da Bioquímica Celular no 1º ano do Curso. Esse problema não existia no 2º ano, em Bioquímica Fisiológica, atendendo a que a maioria dos alunos obtinha aproveitamento prévio em Bioquímica Celular. Houve a preocupação de conhecer, em testes diagnósticos realizados durante as primeiras aulas de Bioquímica Celular, a preparação e conhecimentos académicos revelados pelos alunos sobre questões gerais da matéria de Química que constava dos programas de acesso ao ensino superior. Os resultados obtidos estiveram muito aquém do que se esperaria, pelo que, durante alguns anos, o ensino da disciplina de Bioquímica Celular foi precedido por um curso condensado sobre os assuntos mais relevantes de Química Geral e Orgânica. Porém, atendendo a que os benefícios conseguidos eram desgastados pela redução da escolaridade indispensável para a leccionação do Bioquímica Celular, os cursos preparatórios foram interrompidos.
Conteúdos
A delimitação e pertinência dos conteúdos a utilizar, a par com a introdução de um léxico próprio, atenderam ao nível de conhecimentos dos novos alunos. Esses conteúdos estiveram sob constante análise ano após ano, sujeitos a renovações e actualizações pontuais. Houve que consciencializar a complexidade, evolução e expansão dos novos conhecimentos em Bioquímica, directa e indirectamente relacionados com a formação médica e, na sequência, seleccionar e, ou substituir os que se verificassem menos adequados. Adicionalmente, a definição dos conteúdos foi enquadrada no conjunto e na distribuição de matérias do modelo curricular vigente, em particular o que resultou da implantação do novo programa, em 1994. Houve uma particular atenção para que os conteúdos fossem adquiridos pelos alunos através de níveis superiores do processo cognitivo. Ainda que a memorização de léxico e conteúdos fundamentais fossem importantes, pretendia-se que a aquisição factual decorresse através de exemplos e problemas concretos. Acresce o relevo dado à prevalência dos fundamentos nucleares, aos mecanismos em que intervinham e à relevância de aplicação médica potencial. Para o efeito, foram utilizados problemas de índole clínica elementar com implicações bioquímicas bem estabelecidas, utilizados quer na aprendizagem quer nas provas de avaliação.
Metodologias
As modalidades a que se recorreu foram previamente testadas em diversas modalidades de ensino, optativo ou outro. Fundamentalmente, pretendia-se que a aprendizagem decorresse num clima motivador e receptivo às sugestões e críticas dos discentes. Nesse sentido foram promovidos, durante uma década e meia, cursos experimentais que testavam métodos analíticos, a par com seminários de índole teórica que enquadravam questões bioquímicas em situações patológicas comuns. Os resultados obtidos com as metodologias em referência, assim como a avaliação das respectivas potencialidades foram fundamentais para o processo pedagógico seguido nos cursos de Bioquímica Celular e Fisiológica, do núcleo curricular obrigatório.
Os autores da obra agradecem às Drªs Raquel Viegas e Helena Cabeleira o empenho e a dedicação com que organizaram a sessão de apresentação do livro "Bioquímica em Medicina".
J. Martins e Silva
Professor Catedrático aposentado, Instituto de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Lisboa, jsilva@fm.ul.pt
Carlota Saldanha
Professora Associada com agregação, Instituto de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Lisboa, carlotasaldanha@fm.ul.pt