Hoje é dia Internacional da Malária
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O dia 25 de Abril é não só o Dia da Liberdade em Portugal, mas também o Dia Internacional da Malária, em todo o mundo. O Dia Internacional da Malária foi instituído pelos Estados-Membro da Organização Mundial da Saúde, durante a Assembleia-Geral de 2007, com o intuito de chamar a atenção para a necessidade de um investimento continuado e de um compromisso político sustentado com vista à prevenção e controlo desta doença. E existem muito boas razões para pugnar por estes desígnios. Na verdade, a malária continua a constituir uma das mais sérias ameaças à saúde pública de uma grande parte do globo. Para compreender o impacto da malária nessas regiões, basta lembrar que os agentes etiológicos desta doença, parasitas Plasmodium transmitidos por mosquitos fêmea do género Anopheles, causam mais de 200 milhões de infeções todos os anos e, só em 2019, foram responsáveis pela morte de mais de 400 mil pessoas, a maior parte das quais crianças até aos 5 anos de idade. Significa isto que, em pleno século XXI, a malária ainda mata uma criança a cada 2 minutos, causando um sofrimento inaceitável, que é urgente combater.

logotipo world malaria day

 

Neste ano de 2021, o Dia Internacional da malária assenta no Movimento “Zero Malária Começa Comigo” e é subordinado ao tema “Traçar uma Linha Contra a Malária”. O desafio proposto é o de exigirmos aos líderes e decisores políticos que renovem o seu compromisso de eliminar a malária no espaço de tempo de uma geração. E hoje, mais do que nunca, é importante reconhecer que esse esforço é possível e está ao nosso alcance. Basta para isso que sejam tomadas as decisões corretas e feitos os investimentos acertados. A resposta da Ciência contra a COVID-19 veio mostrar como, com os recursos adequados, os cientistas conseguem encontrar soluções para quase tudo. Em menos de 1 ano, passámos a dispor de vacinas altamente seguras e eficazes contra a pandemia de SARS-CoV-2 graças, entre outros fatores, a um investimento sem paralelo na investigação e desenvolvimento científicos. No entanto, continuamos a não dispor de uma vacina eficaz contra a malária, doença que assola a humanidade há milénios. Está na altura de colmatar esta lacuna que nos deve envergonhar a todos enquanto sociedade. As conquistas científicas no âmbito da COVID-19 são um feito notável, que promete devolver a normalidade às nossas vidas em tempo recorde. Mas são também um reflexo de tudo aquilo de que somos capazes, desde que tenhamos condições para tal. Não é demais pedir que do momento que atravessamos resulte uma consciência coletiva da importância de um investimento sustentado em Ciência, a única arma eficaz de combate não só a novas ameaças, mas também a ameaças antigas, com as quais não nos podemos habituar a conviver.

Homem de camisa azul

Miguel Prudêncio

Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Investigador do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes