Equipa de Miguel Prudêncio – potencial vacina de proteção contra a malária
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fotografia de grupo
Créditos da imagem: Prudenciolab

 

O jornal Púbico traz-nos as boas novas! Foram publicados dois artigos científicos “na revista científica Science Translational Medicine”, sobre vacinas em teste que se têm mostrado seguras no combate à malária.

Um destes grupos de investigação é liderada por Miguel Prudêncio, Professor de Microbiologia da FMUL e Group Leader no iMM João Lobo Antunes. Em ambos os projetos de investigação foram usados “parasitas para a imunização e passaram os testes de segurança na primeira fase de ensaios clínicos. Os resultados são animadores, com as diferentes estratégias usadas a mostrar sinais de e eficácia nos voluntários testados, mas ainda é muito cedo para dizer que a dura missão de encontrar uma vacina contra a malária será cumprida com sucesso com estas fórmulas”, verificou-se que a infeção hepática dos voluntários sofreu uma redução de cerca de 95%. A infeção hepática é o “primeiro estágio resultante da infeção por malária”.

A malária foi responsável pela morte de 400 mil pessoas no ano de 2018.

“Mostrámos que a vacina era segura, que os voluntários toleraram bem as imunizações e não mostraram efeitos secundários relevantes”, refere Miguel Prudêncio ao jornal Público.

A equipa de investigação de Miguel Prudêncio utilizou um parasita da malária que não provoca doença nos humanos, apenas em roedores (plasmodium berghei) e “mascararam-no com uma proteína importante da versão do parasita que causa a forma de malária mais grave nos humanos (o Plasmodium falciparum)”. Desta forma o parasita “mascarado” aloja-se no fígado e não causará sintomas ao hospedeiro. No entanto aquele parasita levará consigo uma parte “importante da versão que causa a doença nos humanos, fazendo “disparar” a necessária resposta imunitária”.

A esta “versão geneticamente modificada do parasita Plasmodium berghei” Miguel Prudêncio e a sua equipa apelidaram de “PbVac” e já foi testada em 24 voluntários humanos saudáveis. “O grupo com os melhores resultados incluía 12 voluntários que receberam quatro sessões de 75 picadas de mosquito com este parasita geneticamente modificado. Por incrível que pareça, a imunização é feita sujeitando os participantes a picadas de mosquito, algo que pode parecer estranho, mas que nos projetos de investigação de malária é comum.”

Os resultados têm sido positivos, segundo Miguel Prudêncio “reduziu a quantidade de parasita no fígado e atrasou o tempo que ele demora a sair para o sangue e, pelas fórmulas que temos, calculamos que o impacto que teve na carga parasitária foi de 95% nos voluntários imunizados quando comparados com os indivíduos no grupo de controlo, não imunizados”.

O objetivo é “dar o salto dos 95% para os “perfeitos” 100% que se quer de uma vacina contra a malária”, mas isso significará aumentar “a dose administrada para conseguir um efeito mais robusto e, eventualmente, juntar mais algumas proteínas do parasita que infecta os humanos na receita”. Para isto será necessário “submeter os participantes a uma violenta sessão com mais de mil picadas de mosquito, o que não é sequer permitido e é fácil perceber porquê”. Perante esta impossibilidade Miguel Prudêncio considera a hipótese de injeção, o que significa que essa injeção deverá conter entre “mil a três mil picadas de mosquito para a imunização com este parasita disfarçado”.

Poderá ler este artigo na íntegra aqui.