Fausto J. Pinto fala à Newsfarma sobre o balanço do mês de abril
Share

 

Segundo o Prof. Fausto J. Pinto, Diretor da FMUL e Presidente do CEMP, desde o início que o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), tem assumido o papel de órgão com competência científica e técnica para fazer recomendações na qualidade de responsável máximo pela formação médica em Portugal.

O ônus da decisão dos órgãos políticos acarreta mais responsabilidades, por outro lado quem recomenda, apesar de estar numa situação “um pouco mais confortável”, não deixa de se comprometer por via das recomendações que defende.

O Prof. Fausto Pinto refere terem ocorrido alguns problemas iniciais, nomeadamente com os equipamentos de proteção individual, que se traduziu na infeção de alguns profissionais de saúde, problemas com a realização de testes e o problema das máscaras que se prolongou de uma forma quase incompreensível, mas de uma forma geral o resultado é positivo. Não é excecional, mas não é suficiente para assumir “atitude demasiado otimista que pode resultar em complicações mais graves, porque um segundo surto neste momento poderia trazer complicações muito mais graves”.

É importante que o fim do estado de emergência e abertura da sociedade seja feita com regras muito cautelosas e de forma progressiva, e “mais uma vez devemos ter em consideração o que está a acontecer nos outros países”. O Prof. Fausto Pinto dá o exemplo da Alemanha que teve o seu primeiro caso de infeção por covid-19 a 27 de janeiro, “mais de um mês antes de nós e só hoje é que estão a começar a abrir devagarinho”.

A pressa é má conselheira, e neste caso o ditado aplica-se inteiramente.

Vamos ser inteligentes, humildes e ainda mais pacientes, “este é o momento para observar o que está a acontecer nos outros locais”.

Não devemos deitar tudo a perder.

A guerra não está ganha! A vida humana deve estar sempre em primeiro lugar!

Dá o exemplo da aplicação terapêutica em medicina, relativamente ao novo coronavírus, “ainda não aplicámos o tratamento todo”, “estamos apenas no terço inicial do tratamento, ainda há mais sessões de tratamento a ser aplicado”, senão o resultado não será bom. Esta nova fase, é ainda uma fase de alguma contenção. “Mais vale pecar por excesso do que depois nos lamentarmos por termos sido demasiado apressados”.

É importante, mais uma vez, que as autoridades digam a verdade às pessoas, estamos ainda numa fase de crescimento. O número de infetados continua a crescer, “ainda não atingimos o pico”. Efetivamente “não atingimos uma situação de catástrofe como em outros países, era isso que se pretendia, mas não ficamos imunes”.

Doentes não covid devem manter contacto com os seus médicos e devem, em caso de urgência, ir aos hospitais. Precisamente por não ter havido rutura do sistema de saúde, os hospitais conseguem fazer a separação clara entre o circuito de doentes covid e não covid. Dá o exemplo do enfarte do miocárdio, que ao contrário da infeção por covid-19 que não tem grande terapêutica disponível, no caso do enfarte do miocárdio, AVC ou outras patologias há terapêutica disponível e eficaz.

Assista ao vídeo na íntegra aqui.