As vagas em Medicina e a realidade da prática clínica em Portugal
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A discussão ganhou força com a recusa fundamentada das universidades em abrir mais vagas para os cursos de Medicina, lançando em praça pública o debate sobre o real número de médicos no nosso país, a viabilidade e necessidade de abertura de novos cursos e, principalmente, a situação da formação médica pós-graduada.

Considerando a posição do Ministro do Ensino Superior em “abrir e dar oportunidades a todos para acederem ao Ensino Superior”, o Observador apresenta a análise de alguns especialistas e intervenientes na matéria, nomeadamente o Presidente do CEMP e Diretor da FMUL, Fausto J. Pinto, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães e o antigo ministro da Saúde, no sentido de esclarecer algumas questões fundamentais, e faz ainda um ponto de situação das candidaturas dos cursos de Medicina, atualmente em curso, para o Ensino Superior.

As opiniões divergem e apontam para direções diferentes. Se há quem defenda que se deve “limitar o número de alunos que entram nas especialidades médicas”, há quem considere a solução contrária, isto é, o aumento da capacidade formativa.

senhor de óculos e fato
Fausto J. Pinto

O Professor Fausto J. Pinto e o bastonário da Ordem dos Médicos entendem que a política de contratação para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não é a mais eficaz. O Presidente do CEMP sublinha a urgência de uma gestão mais adequada dos recursos, que são distribuídos de forma assimétrica. “A capacidade de organização do SNS é muito deficiente e daí haver assimetrias”, afirmou o Diretor da FMUL à Rádio Observador.

senhor de fato e óculos

Já Miguel Guimarães diz: “Amanhã podemos formar mais três ou quatro mil médicos por ano, mas se não existir uma política concreta de contratação por parte do Ministério da Saúde continuamos a ter falta de médicos no SNS”.

No comunicado da Plataforma para a Formação Médica — que agrega a Ordem dos Médicos, o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina — destaca-se a “situação privilegiada” do nosso país no que respeita à formação de médicos.

Fausto Pinto realça ainda o parco investimento nas estruturas, apelando também ao “reforço de verbas para os recursos humanos”. “Temos pessoas a trabalharem hoje em dia que não têm contratos e que não são pagos e há professores convidados a 10% ou a 20%”, adianta o Presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, que não tem dúvidas de que a abertura de novas faculdades de Medicina irá “contribuir para engrossar o grupo de médicos indiferenciados”.

Cita o Observador que, na opinião de Miguel Guimarães, as universidades tomaram “a atitude mais sensata” ao recusarem-se a aceitar mais estudantes, porque “já estão saturados” e até já “têm mais estudantes do que deveriam ter”. “Não iriam conseguir dar formação de qualidade a mais 15% dos estudantes. Mesmo para o número de estudantes que têm atualmente, já têm dificuldade”, declarou o bastonário da Ordem dos Médicos, para quem “haver mais ou menos escolas médicas tem a ver com a qualidade: se temos ou não massa crítica suficiente para ensinar as pessoas, se temos ou não unidades de saúde onde possam fazer a formação prática disponíveis, que não estejam saturadas por outras escolas médicas, se temos lugar ou não nos centros de saúde para os estudantes fazerem formação”.

O Professor Fausto Pinto, por sua vez, é peremtório em afirmar que “não é por aumentar cinco mil vagas agora que se vai ter mais médicos em Vila do Minho ou em Faro, porque não há saídas”, assegura.

 

Consulte aqui a informação detalhada e leia o artigo na íntegra.