No podcast “Um homem não chora” a neurocientista e professora da FMUL, Luísa Lopes, fala sobre aquele que é o seu objeto de estudo: o cérebro. Investigadora principal no iMM na área do envelhecimento e da memória, desta vez falou sobre as diferenças – se é que as há- entre o cérebro masculino e o feminino.

Existem aptidões que têm origens biológicas e que possam ser atribuídas a um género em particular? Ou tudo não passa de crenças e mitos com origens culturais que estimulam e condicionam o comportamento em função do género? Afinal, o que é que é ambiental e o que é que é genético?

Diferenças morfológicas não existem, ou seja, se olharmos para um cérebro não sabemos dizer a que género pertence, mas sabemos que as hormonas influenciam o funcionamento deste órgão e sabemos também que as mulheres estão mais sujeitas a alterações hormonais e isso pode levar a que haja diferenças, mas não menores capacidades. por exemplo, um estudo israelita identificou estratégias diferentes, padrões de ativação - das sinapses-  para a concretização das mesmas tarefas entre homens e mulheres.

O cérebro é mais flexível e plástico do que se pensava e por isso independentemente do género sexual a que pertence, o que importa é receber estímulos diferentes, praticar atividades e tarefas para manter as “sinapses em forma”. Se o fizer até aos 2 anos de idade ainda é mais importante porque as sinapses mais ativas são as que vão perdurar e podem ser determinantes no desempenho de tarefas futuras.

Muitos estudos têm feito caminho na descoberta do funcionamento do cérebro, mas quanto mais se conhece, parece que mais há a conhecer. o nosso cérebro é muito complexo e promete ser um apaixonante objeto de estudo ainda durante muitas gerações. As respostas que os cientistas procuram, vão sendo dadas a conta gotas e por isso, em muitos aspetos, a existência humana continua ainda a ser um dos grandes mistérios da humanidade, mas o que sabemos é que chorar é uma reação comum a homens e mulheres. 

Oiça aqui o podcast "Um Homem Não Chora"