Professor Luís Graça em destaque no debate televisivo “Prós e Contras”
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No último programa “Prós e Contras”, emitido pela RTP, a discussão voltou-se para a forma como as pandemias mudam as sociedades, incitando à reflexão sobre mecanismos e estratégias individuais e coletivas para fazer frente a uma realidade que se tem mostrado devastadora e cujas consequências ultrapassam, de forma inegável, o espectro da saúde pública.

Segundo os especialistas, entramos agora no mês mais crítico da Covid-19 e a Ciência está cada vez mais atenta e empenhada nesta batalha de todos os dias. O Professor Luís Graça, investigador do iMM, explicou que a ideia de produzir testes (usando reagentes nacionais) para detetar o novo coronavírus partiu da vontade de “aumentar a capacidade do país na realização de mais testes”, encontrando uma alternativa à escassez de testes importados. Estão, de momento, a ser realizados cerca de 300 testes por dia no iMM e o Professor ressalvou que o “iMM não quis testar pessoas por autorecriação”, mas antes oferecer uma solução ao país, tendo trabalhado afincadamente e em estreita colaboração com outros laboratórios e institutos de investigação para alcançarem o resultado que, hoje, todos nos orgulhamos. “Nós não somos diferentes das pequenas empresas de distribuição que tentam fazer chegar produtos alimentares a casa dos mais idosos”, explicou.

Adiantou, ainda, que a materialização de uma vacina dentro de 12 a 18 meses poderá ocorrer “se tudo correr muito bem”, o que se revela “rápido e atípico”. “É possível, mas nós cientistas somos muito cautelosos nas projeções que temos, apesar de ser mais fácil desenvolver uma vacina para um vírus do que para um parasita como a malária, por exemplo”, referiu, alertando que “devemos estar preparados para uma situação em que a vacina não está disponível nessa data”. No entanto, “nunca existiu um esforço tão grande como agora para se chegar tão rapidamente a uma vacina”, frisou o Professor.

Luís Graça esclareceu, ainda, o significado e contexto de um possível certificado de imunidade, que está já a ser pensado por alguns países para a fase de saída do isolamento, como é o caso da Alemanha. “Baseiam-se no facto de que as pessoas que contactaram com o vírus vão desenvolver imunidade, produzir anti-corpos que, em princípio, impedem uma reinfeção”. O Professor reiterou que a forma mais rápida e eficaz de alcançar a imunidade é através da vacinação, “mas há várias formas de chegar a imunidade”, uma das quais a exposição ao agente infeccioso. “O problema desta pandemia é que não podemos fazer isto de forma descontrolada, para não colocar em risco a saúde das pessoas mais vulneráveis, é preciso fazer com conta, peso e medida”, destacou.

Assim, uma das estratégias, explicou o Pofessor, é desenvolver medicamentos mais eficazes, de forma conseguir-se controlar a infeção num maior número de pessoas, evitando a sobrecarga do nosso SNS. “Há outros medicamentos mais promissores que a cloroquina para impedir as complicações e que são utilizados”, mencionou Luís Graça com a ressalva, porém, de que os medicamentos que se mostram eficazes são-no, apenas, “parcialmente”.

Ainda agora o iMM começou a realizar os testes à Covid-19, mas dentro em breve, entre três a quatro semanas, o trabalho dos cientistas (num esforço conjunto de vários institutos de investigação do país) prossegue para “uma segunda fase do teste ao sangue – depois da análise nas fossas nasais e garganta – para verificar se estas pessoas produziram, ou não, anticorpos que as protegem do vírus”, anunciou.

 

Veja aqui o programa na íntegra.

 

homem durante entrevista televisiva
jornalista a entevistar 3 homens sentados