Professor Luís Costa debate prioridades da oncologia nacional em tempo de pandemia
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várias pessoas em zoom

 

O projeto editorial da SIC Notícias e do Expresso, “Tenho cancro. E depois”, no qual se debateram as prioridades atuais da oncologia em Portugal para lidar com os efeitos da pandemia, contou com a participação de vários especialistas na área, entre os quais se destaca o Prof. Doutor Luís Costa, diretor do Serviço de Oncologia Médica no Hospital de Santa Maria e responsável pelo laboratório de Oncobiologia Translacional do iMM.

O balanço dos últimos meses e a discussão de soluções para o país na área da oncologia deram o mote à conversa, emitida em direto no facebook da SIC Notícias, que reuniu também o secretário de Estado da Saúde, António Sales, e associações de doentes.

Recuperar os atrasos no diagnóstico, combater o medo e continuar a reorganizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), cita a SIC, são algumas questões às quais se deve dar atenção imediata, defendem de forma consensual especialistas, associações de doentes e Governo.

O Professor Luís Costa absteve-se de uma análise detalhada sobre o passado, esclarecendo que “o que se passou antes é muito importante para nos protegeremos no futuro”, referindo-se à contenção da Covid-19. “Com o sistema de rastreio laboratorial que foi criado, conseguimos tratar vários casos, evitar que esses doentes viessem para tratamento e, felizmente, só tivemos um doente com doença oncológica – muito avançada – que morreu por covid-19”, revelou o Professor.

Na sua participação Luís Costa optou por realçar o que entende ser agora “mais importante, que é “olhar para o futuro”. Assim, convidou à reflexão sobre o estado da situação pré-pandemia, em que “estávamos numa situação já de grande dificuldade em termos de gestão para alguns recursos humanos na área da oncologia”, garantiu. Na opinião do Professor, o país enfrenta uma dificuldade acrescida na urgente missão de recuperar tudo o que era feito anteriormente, identificando na Saúde um paralelismo com a Economia. “Criaram-se alguns circuitos viciosos nalgumas áreas, que tornam extremamente difícil conseguirmos recuperar o normal da atividade que já era multitask e com grande dificuldade”, afiançou, considerando que deve privilegiar-se uma “política de contratação de recursos humanos por objetivos” criteriosamente definidos, reconhecendo ainda “uma grande vontade política do nosso Governo em investir para que a Saúde seja um bem reconhecido por todos – essa foi a grande lição”.

O Professor Luís Costa denotou que a situação da oncologia no nosso país está num “ponto limite”, salientando que “houve muitas pessoas que migraram para a medicina privada”. Defendeu, ainda, uma “política de espaços”, apontando a urgência de “reorganizar os espaços físicos”, desde salas de espera a postos de colheita de sangue, lembrando que teremos de viver com o vírus daqui em diante, pelo que se deve apostar em “medidas de resguardo ao longo do tempo”.

De forma a intervir na melhoria das condições da oncologia nacional, o Professor Luís Costa sugeriu, ainda, “uma política rápida de recuperação de exames complementares” e reforçou que “não há oncologia capaz sem articulação”, explicando que o percurso do doente oncológico passa por diferentes estágios e mobiliza, também, diferentes serviços.

Assista aqui ao debate na íntegra com a participação dos 11 curadores do projeto, que trouxe ainda à discussão a vertente emocional e social dos doentes, bem como as aprendizagens da oncologia no contexto atual.