Prémio Universidade de Lisboa atribuído a António Guterres
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Prémio UL

António Guterres recebeu ontem o Prémio Universidade de Lisboa (UL). A cerimónia realizou-se no carismático edifício da Reitoria e contou com a presença de inúmeras personalidades da sociedade.

O prémio, criado com o apoio da Caixa Geral de Depósitos visa distinguir uma individualidade que tenha contribuído para o desenvolvimento da Ciência ou Cultura e para a promoção internacional do país.

Engenheiro, formado pelo Instituto Superior Técnico, antigo Primeiro-ministro de Portugal, atual Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres tem-se empenhado na defesa de “uma sociedade com mais conhecimento, mais justa, mais inclusiva e mais sustentável, preocupações demonstradas desde cedo enquanto estudante universitário”, disse Luís Ferreira, Reitor da UL.

A cerimónia foi apresentada por Catarina Furtado Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População e que aceitou o convite por nutrir uma “profunda admiração pela figura homenageada e por ser voluntária”. Ao longo do discurso a apresentadora falou das várias formas de violência que existem no mundo inteiro, mas destacou “as formas de violência com base no género” que “são um retrocesso civilizacional” e apelou às boas “práticas políticas que promovam a igualdade de género.

apresentação do coro UL

 

Coro_UL

Seguiram-se quatro momentos musicais pelo Coro Juvenil da Universidade de Lisboa, com temas ajustados à figura do Secretário-geral das Nações Unidas. Danças que apelam à força e à união dos escravos e um arranjo musical da autoria de Lopes Graça alusivo à Beira Baixa, região de onde é natural António Guterres.

 

Luis Ferreira Reitor UL

Luís Ferreira, o cicerone do evento, fez as honras da casa com um discurso onde destacou a personalidade e o caminho percorrido por um homem que “cedo revelou apego às causas sociais, transformando-as em causas políticas”. Aluno com média de 19, frequentou o Instituto Técnico e é “um orgulho” nas palavras de Luís Ferreira, que recordou “a crise estudantil e o impacto desses movimentos na criação da democracia,” onde na sua opinião “António Guterres teve um papel decisivo.”

Paulo Moita de Macedo, Presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, foi o senhor que se lhe seguiu e recordou tempos passados em conversas que teve com António Guterres onde este já manifestava vontade de “ser mais útil para fazer outras causas” e, com esta frase deu-se, “o arranque de uma carreira”. O que faz “é serviço público de elevado impacto,” acrescentou, terminando o discurso dirigindo-se diretamente à figura da noite; “engenheiro António Guterres, perdeu-se um investigador de sucesso, ganhou-se um cidadão do mundo.”

Discurso_António_Guterres

A plateia aplaudiu de pé numa ovação em uníssono que refletia o apreço e orgulho ao homem que está há dois mandatos como Secretário-geral da ONU e tem enfrentado desde então alguns dos momentos mais difíceis, instabilidade, crises humanitárias e climáticas.  Consciente do seu papel, mas sobretudo do trabalho que é desenvolvido graças a muitos colaboradores da Instituição que lidera, iniciou o discurso agradecendo e elogiando os trabalhadores das várias agências humanitárias, voluntários, soldados da paz, “tão importantes na dissuasão dos grupos armados” em cenários onde se procura a paz, mas onde ainda não está implementada, e o papel de Portugal, “que tem sido exemplar na política de acolhimento aos refugiados.”

Vivemos um tempo de “um retrocesso civilizacional” e como exemplo deu os direitos humanos e sobretudo a desigualdade de género.  Apelou à não resignação destes contextos de violência que abrem os jornais diariamente, sobretudo porque “não podemos aceitar que uma guerra se transforme em normal.”

As alterações climáticas, outra frente de combate de António Guterres, não foi um assunto esquecido no seu discurso de ontem à noite e alertou, “estamos a perder a luta contra as alterações climáticas.” Luís Ferreira que também abordou o assunto, deu dados pormenorizados nomeadamente sobre as cheias no Paquistão, que provocaram o caos a “33 milhões de pessoas” que ficaram com “a vida virada do avesso.” 

Entrega de prémio

António Guterres recebeu este prémio das mãos do Presidente da República, que “nasceu pelas mãos do então Reitor Sampaio da Nóvoa”, disse. Velhos conhecidos, Marcelo Rebelo de Sousa recordou uma frase que proferiu há alguns anos a propósito do homenageado, “ele é o melhor dos melhores” e justificou dizendo “estava a pensar numa geração, a minha.”

A atribuição do prémio é decidida através de um júri, presidido pelo Reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, e este ano nomeou por unanimidade António Guterres. Homem de causas, encaminhou o valor do prémio, para o Conselho Português dos Refugiados, (CPR) uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONG) por ele criada e que desempenha um papel importante no apoio e acolhimento a refugiados em solo nacional.

 

Entrega de prémio UL

Paulo Macedo, durante o discurso, recordou que na Grécia antiga quando alguém morria perguntavam, “terá vivido com paixão?” a resposta veio pela boca do Presidente da República que deu vários exemplos dessa manifestação, nas várias ações deste “cidadão do mundo” como foi várias vezes chamado ontem, durante a sessão de atribuição do Prémio Universidade de Lisboa.

Mariza

A sessão terminou com a fadista Mariza, que encheu a sala com a sua voz, dispensando microfone durante um tema, e onde interpretou três canções.