“Perspetivas Multidisciplinares e Saúde Global” foi o tema da 6ª Conferência Anual da redeSAÚDE
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palco com oradora

A 6ª Conferência Anual da RedeSAÚDE decorreu hoje no Salão nobre da Reitora da Universidade de Lisboa. Perante uma audiência repleta, coube a Cecília Rodrigues, Vice-Reitora para a Inovação e investigação da UL, abrir a sessão de boas vindas.

Destacou a importância do evento “por reunir docentes, estudantes, investigadores e vários atores da saúde que juntos, podem partilhar ideias, estabelecer sinergias de forma a criarem uma interação que permita responder a problemas globais. Este é “um conjunto de oportunidades e desafios que levam através da formação e da investigação, a universidade e a ciência às empresas e à comunidade” e “desta sinergia nascem novos produtos e aparecem novos serviços”, devido às exigências do meio que os rodeia. Terminou dizendo “o objetivo é o de dar origem a uma sociedade mais conectada e com mais respostas”, na área da saúde.

pessoas em palco

pessoas em palco

Mónica Oliveira e Margarida Amaral ambas da coordenação da Rede Saúde, falaram sobre o futuro desta plataforma. O objetivo é o de responder aos desafios colocados pelos programas nacionais e internacionais de apoio à investigação na área da saúde, promover a interdisciplinaridade, fazendo a ponte entre áreas do conhecimento complementares para o processo de inovação em saúde, bem como o de estabelecer plataformas e aumentar o impacto de projetos com massa crítica para juntar os setores público, privado e social.

A rede tem uma organização clara e precisa que foi aqui partilhada. Aposta em três eixos principais de atuação que são: investigação e desenvolvimento, a inovação e transferência de conhecimento e por último os sistemas de saúde e transição digital. Há ainda os grupos transversais onde se incluem a medicina de precisão e de envelhecimento e os grupos de vertente clínica que se dividem em oncologia, doenças neurodegenerativas, doenças infeciosas e doenças do metabolismo e cardiovasculares.

Este ano, segundo as palavras de Mónica Oliveira, “foi de mudança e de desenvolvimento porque fomos buscar novas parcerias para trabalhar com a rede. Queremos também envolver mais os alunos e com isso criar novas iniciativas. Foram lançadas as sementes para novos projetos“, fez saber.

Dia 15 de novembro ficará na história por ser uma data importante para o planeta:  foi o dia em que a humanidade atingiu o número histórico de 8 mil milhões de habitantes no planeta Terra.  A esse propósito Margarida Amaral frisou este acontecimento e viu-o como mais uma razão “para termos de pensar em termos planetários.”

A Rede de Saúde pensa em termos multidisciplinares e na saúde global e por isso o objetivo é o de envolver cada vez mais áreas que estejam ligadas a este tema mesmo quando não seja óbvio, como acontece com a economia, por exemplo. A verdade é que quando as pessoas se juntam e partilham conhecimento, cria-se uma dinâmica de grupo em que se procuram respostas em virtude das necessidades que se sente e com grupos alargados e visões diferentes, o resultado só pode ser cada vez abrangente e preciso.

palco com orador

Os convidados que estiveram presentes neste dia dedicado à ciência, vieram de várias áreas da saúde, mas também de várias regiões, ou não vivêssemos todos numa aldeia global. Michel Goldman, imunologista e  diretor do Institute for Interdisciplinary innovation in Healthcare, veio da Bélgica e deixou importantes reflexões sobre a Covid 19 e as descobertas durante a pandemia. A vacina contra o SARS-CoV-2 foi um dos exemplos que o Professor trouxe. A verdade é que as primeiras descobertas que falavam do mRna, datam da década de 60. “Esta tecnologia já era conhecida, mas a pandemia acelerou o processo”, os momentos disruptivos têm essa característica e aqui não foi diferente. “Os chineses também facilitaram com a partilha do genoma do vírus assim que o identificaram e foi esta sinergia entre uma série de profissionais; químicos, farmacêuticos, virologistas, que fez com que se chegasse a uma vacina em menos de 1 ano.”

Falou ainda da importância da vacinação como a única forma de evitar a infeção e a necessidade de se continuar a apostar na ciência e na sinergia entre profissionais. Partilhou um artigo que referia que a vacina permitiu salvar 20 milhões de vidas. ”É um grande feito”, disse, mas complementou que é importante fazer o reforço das vacinas, “porque sabemos que conferem imunidade apenas durante um período de tempo e por isso é importante fazer um booster de tempos a tempos. ” destacou ainda a importância da Inteligência Artificial na ciência e no modo como se faz medicina, referiu ainda a importância de controlar as campanhas de  desinformações e do papel do médico nessa tarefa. A literacia é fundamental na saúde e “melhores médicos e melhores pacientes darão origem a melhores decisões,” concluiu.

João Eurico da Fonseca, Diretor da FMUL, Luís Graça, subdiretor da FMUL e investigador do iMM e Beatriz Lima da FF, foram os moderadores a quem coube a gestão das perguntas da plateia.

senhora fala no palco

ligação por zoom em palco

Seguir-se-iam Ruy Ribeiro, investigador e Professor da FMUL. a entrar via zoom, a partir da região de Los Alamos e do laboratório com o mesmo nome, para falar de um estudo que fez sobre a Hepatite C e a prevenção do cancro. Salientou que a descoberta de uma vacina poderia erradicar a doença, mas em virtude da rápida mutabilidade do vírus, não se previa que acontecesse tão cedo. Este importante testemunho contou com a participação de Luís Costa e de Rui Tato Marinho ambos da FMUL.

Assistia-se ainda às apresentações de trabalhos de alunos das várias faculdades e Institutos da esfera da UL.

Durante a tarde houve mais convidados e os temas passaram por investigação e doenças infeciosas, inovação, sistemas de saúde e a transformação digital, envelhecimento e doenças neurodegenerativas, entre outros. Houve ainda a atribuição dos Prémios monetários ULisboa 2022, que distinguiram trabalhos na área da oncologia, medicina de precisão, envelhecimento e inovação.

A fechar este dia repleto de encontros globais, o Livro “Arte e História na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa” da autoria de Victor Oliveira, seria apresentado por Germano de Sousa, da Faculdade de Ciências Médicas, tendo como chair o Professor João Eurico da Fonseca.   

plateia