“O que é a segunda vaga? Depende de a quem perguntar”
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frasco a dizer covid

 

Foi publicado um artigo no Observador onde vários especialistas se referem à eventualidade de haver ou não uma segunda vaga provocada pela covid-19. As opiniões divergem.

Na opinião de Pasi Penttinen, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença (ECDC), estamos a “meio da primeira onda na Europa e globalmente. Só vimos declínios [no número de casos] na Europa, por causa das medidas de distanciamento físico. O vírus não mudou a dinâmica. No momento em que relaxarmos essas medidas, vão criar-se oportunidades para o vírus se espalhar novamente”.

Para Miguel Castanho, Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, “à luz da epidemiologia, o termo segunda vaga nem sequer existe”. É uma espécie de “muleta que nos ajuda a expressar a ideia de que, nas doenças infecto-contagiosas, há uma fase de grande expansão, depois há uma retração e pode haver uma nova expansão. A essa nova expansão chamamos segunda vaga”.

A epidemiologista Gabriela Gomes da Escola de Medicina Tropical de Liverpool e do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto defende que “estamos na segunda onda”.

 Para Manuel Carmo Gomes, Professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “estamos no fim da primeira vaga”, porque “o número de novos casos terá tendência a diminuir”.

senhor de camisa

Segundo o Professor Miguel Castanho, “em local nenhum entrámos em segunda vaga. Só se justificará falar em segunda vaga quando acontecer algo radicalmente diferente, algo que permita dizer que uma pessoa teve Covid-19 e a outra teve Covid-20; ou em que haja um aumento do número de casos que seja claramente uma nova fase em termos de infeção”. Miguel Castanho acrescenta que a nomenclatura “segunda vaga” surgiu nos “tempos da Gripe Espanhola, há pouco menos de 100 anos”, considerando-se que a primeira vaga tenha ocorrido nos Estados Unidos, tendo sido transportada pelas tropas que participaram na I Guerra Mundial. Nesta segunda vaga verificou-se “uma diferença fundamental: o surgimento de uma nova estirpe do vírus, mais perigosa”. Para o Professor e Group Leader do iMM João Lobo Antunes, atualmente “estamos na primeira vaga, a meio de combate, à procura de um equilíbrio: o número de novos casos não desce muito, mas também não sobe muito”.

Defende o Professor Manuel Carmo Gomes, que haverá um acontecimento decisivo que pode determinar o rumo a situação: “o regresso às aulas presenciais”.

Já para o Professor Miguel Castanho “é plausível que venha uma segunda vaga no inverno, uma vez que as vias respiratórias ficam mais expostas ao ar frio e à humidade e ficam mais fragilizadas, mais suscetíveis de serem atacadas”: “Num raciocínio lógico, dir-se-ia que, sendo este um vírus respiratório e não tendo desaparecido no verão, é plausível que no inverno tenhamos mais casos por termos condições mais propícias à infeção”.

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