O adiar da maternidade
Share

 

Passou hoje no canal CNN Portugal uma reportagem sobre a maternidade adiada.

Nesta peça conhecemos duas histórias, a de Carla Mateus que tentou ser mãe aos 39 anos e que não conseguiu, agora, aos 43 diz já ter feito o luto, “sou uma tia espetacular”, refere. Conhecemos também a história de Daniela Ignazzitto, pianista que foi mãe pela primeira vez aos 41 anos. Segundo a própria “não foi tarde”. Tem agora dois filhos.

Segundo Maria João Valente Rosa, especialista em demografia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, as famílias portuguesas esperam até reunir as condições essenciais para depois constituir família, “é preciso segurança profissional, financeira, conjugal, uma série de fatores”, depois, quando finalmente têm as condições reunidas, a maternidade pode já ser tarde.

Calhaz Jorge, Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e especialista em fertilidade menciona que nem sempre é possível “um equilíbrio entre os desejos de realização social e de realização reprodutiva” e que “a Medicina reprodutiva nem sempre consegue dar resposta”. “Há tecnologias – fertilizações, microinjeções – que têm os seus méritos, mas têm as limitações decorrentes da qualidade das células envolvidas”.

O Professor explica ainda que a probabilidade de sucesso dos tratamentos ronda os 35% mas que os casais que chegavam às suas mãos com “esperança de que a técnica tenha 80% de probabilidade de os ajudar”.

Uma das técnicas, a que mais se recorre é criopreservação dos ovócitos, que implica estimulação hormonal para promover o crescimento e maturação de múltiplos ovócitos maduros, que serão recolhidos do ovário e congelados. Esta técnica permitirá a eventual fecundação e implantação no útero.

A “literatura mostra que nem 10% das senhoras que criopreservaram ovócitos depois os usam. Ou porque não querem. Ou porque engravidaram e não precisaram. Ou porque desistiram”, refere o Professor que fará a sua aula de jubilação a 12 de janeiro, na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Fonte: CNN Portugal e Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução