Espaço Aberto
Entrevista a Gabriela Fonseca, promotora do projeto “Cancro, a História que nos une”
Falar com a Gabriela foi mais que uma simples entrevista. Foi estar presente, emocionar-me e perceber em cada frase um ensinamento de alguém com experiências marcantes e que, com imensa generosidade, quer passar essa mensagem a outros.
Não estranhem a informalidade da entrevista: com a Gabriela tudo é simples, informal e descontraído. E sem tabus ou preconceitos.
Nesta entrevista falámos um pouco de quem é a Gabriela, o que a levou a criar este e outros projetos e também sobre esta exposição com 12 mulheres, 12 doentes oncológicas que revelam os seus desejos para 2019.
Queria que me falasses um bocadinho de ti, do teu percurso de vida.
Gabriela Fonseca: Então olha, eu tenho 27 anos, quase 28, faço no sábado e nasci na Guarda. Aos 18 anos achava que queria ser advogada, fui para o Porto, mas percebi cedo que não tinha vocação para direito e mudo-me para Aveiro para estudar comunicação. Depois começo a trabalhar na área de comunicação e muito resumidamente, quando aos 25 anos começo a viver com o meu namorado, descubro um linfoma de Burkitt.
Queres dizer para quem não sabe o que é?
Gabriela Fonseca: É um linfoma, um cancro no sistema linfático, é um dos linfomas mais agressivos uma vez que ele cresce muito rapidamente, no meu caso, ele já estava com envolvimento medular. Perante isso, isto aconteceu antes de Páscoa de 2016, eu chego a uma quinta-feira à Guarda, à noite, e sinto que tenho um caroço debaixo do maxilar direito.
Foi repentino então?
Gabriela Fonseca: Foi. De repente eu toco, mas uma pessoa pensa, não é nada. Eu já sofri muito das amígdalas, não dei muita importância. No domingo de páscoa ele estava gigante, mas é um dia especial. Então de repente faço uma biopsia, foi tudo muito rápido. Não há aquela coisa de tempo de resposta, não processas. Em segundo lugar, queres saber tudo mas ninguém te pode dizer nada. Ninguém te diz, vou salvá-la, não, as notícias são piores a cada dia que passa. No meu caso punha em causa o aspeto físico, é normal no cancro, punha em causa a fertilidade, punha em causa o tratamento …
E como foi esse processo?
Gabriela Fonseca: Eu descubro, vou à biópsia, e o médico diz que isto pode ser bacteriano ou oncológico, e eu nunca acreditei. Tinha 25 anos, a sério, aos 25 anos tu não pensas em morrer já, pensas que vais morrer de velha. Quando sei a notícia, eu não sabia o que era um linfoma, ou cirurgia, e o médico diz que tenho um linfoma de Burkitt. Eu digo isto e pode parecer muito poético, mas os meus sonhos ruíram. Naquele momento senti o mundo a cair completamente. Não era “Porquê eu”, era “Porquê agora?” 25 anos tens uma vida inteira pela frente. Devia estar a pensar em outras coisas e agora ia lutar pela vida. Pronto, então depois o médico, eu estava no hospital privado, transfere-me para o Hospital Universitário de Coimbra, eu descobri numa sexta, na segunda estava no hospital onde a minha hematologista me diz, tem que se cortar o cabelo, é preciso fazer uma PET, é preciso conservar fertilidade, isto tudo, logo. É tipo, eu costumo dizer que não me lembro de metade do que ela estava a dizer, ficou estes pontos. Não me lembro minimamente, não consigo. E então a vida foi avançando, fui cortar o cabelo e a primeira vez que corto o cabelo… a sociedade é tão informada que chego ao cabeleireiro e digo que quero cortar, no cabeleireiro dizem logo “Por favor tem um cabelo tão bonito porque é que quer cortar”, hoje diziam que era moda, há uns anos não era. Tens que explicar à cabeleireira porque queres cortar o cabelo. Eu ainda nem estava bem em mim. Eu tinha medo de fechar os olhos porque tinha medo de não acordar. Foi muito complicado a primeira noite em que dormi no hospital. Eu ainda não estava em mim. Muita informação, muito rápida. O que eu retenho é que há pessoas que têm tempo para processar e eu ainda não tinha tido tempo para processar a ideia. E as pessoas já pediam uma atitude da minha parte, muito mais proactiva, eu tinha 25 anos, ninguém me venha dizer que tem maturidade e dizes assim, e agora o que é que eu faço? E eu nunca tinha sido internada no hospital, por exemplo. Depois isto surge, o meu internamento foi muito mau, eu não queria ver a doença. Fui internada na hematologia, eu saía do meu quarto e via gente doente, gente de máscaras e eu não queria isso para mim. Essas pessoas, essas pessoas são doentes, estão doentes, eu não, eu nem queria ser tratada. Pensas em cada coisa… eu sentia-me bem. Eu sentia um caroço. Eu sentia-me melhor. Depois os tratamentos surgem e no primeiro dia do primeiro internamento eu começo a ver uma pessoa que não reconhecia, isolada que não era eu. Uma pessoa muito em baixo. E tu começas a pensar, como é que eu quero que se lembrem de mim? Eu estou a entregar-me à doença. No 1º internamento foram 7 dias e percebi que estava a entregar-me à doença. Tenho a sorte de ter o meu namorado que foi das pessoas mais fortes neste processo todo.
Quando mudaste a tua atitude?
Gabriela Fonseca: Antes de eu tentar, dá aqueles cliques e saí com a certeza que a minha atitude tinha que mudar. Eu apercebi-me que a minha atitude tinha que mudar, quando vou para casa e acordo. Eu tive uma quimio muito complicada, não tive enjoos, mas eu acordo de manhã e as mechas de cabelo estão lá. E isso é das piores coisas e tu apercebes-te, eu estou doente e agora? O meu namorado ainda quis rapar mas eu não achava que era justo, então eu saio de casa e vou rapar o cabelo, sozinha. Vou a uma cabeleireira, era uma já habituada a casos, tinham-me dito, porque eu não estava para passar por outra explicação, e o som da máquina, arrepia. Foi nesse momento. “Isto já é deprimente o suficiente”. Tu não vais torná-lo mais. E a partir daí abri caminho, e quando me vi de cabelo rapado não me achei assim tão feia, eu ao entrar entrei, mas quando sair daqui, toda a gente vai perceber que tenho cancro. Porque o problema do cancro é que vive de imagens. Por isso é que fiz esta campanha com imagens. Porque o problema do cancro é esse. Eu dou palestras motivacionais e digo muitas vezes, uma mulher careca, um homem careca, um homem não sabes, uma mulher automaticamente não pode ser estilo, já sabemos que é cancro. E eu quando entrei no cabeleireiro percebi, vou assumir que tenho cancro. Assumir de que forma? Do modo como é encarado, as pessoas até dizem, a doença ruim, e chama-se cancro. Como se chama tantas outras doenças. Nesse momento estava melhor, já começava a conhecer as pessoas, já comecei a mostrar, se eu te disser que chorei todos os internamentos… foram 8 e cada vez que eu fechava a mala… mas pronto, era a minha vida, a minha rotina, e o último tratamento foi em finais de Maio, e em Agosto quando fiz a PET mostrou-me “estou limpa” de um linfoma de um estado 4 e tu percebes que a luta estava a valer a pena, mas o que é que acontece, o meu corpo estava cada vez mais débil. E então chegamos aquele ponto que tens que ter uma força mental. Os médicos costumam dizer 50% é os médicos, 50% é o doente e é mesmo verdade. Eu cheguei a ir todos os dias ao hospital para perceber se tinha valores para iniciar a quimio e não ter. Sujeitaste-te, esperaste que os glóbulos brancos estejam bons. Em Agosto, a meio do tratamento eu estava limpa e tive que acabar os tratamentos até Fevereiro. E a partir de Agosto o meu corpo como já estava fraco demorava tempo a fazer os ciclos e tens que ter uma força grande, porque é revoltante, ir ao hospital, voltar para casa. Fiz imensas transfusões para me aguentar, é um processo que cansa, é exigente. Costumo dizer que olho para trás e não há prova maior na vida do que lutar pela própria vida. Sou uma sortuda, há pessoas que lutam pelo trabalho, eu não, lutei pela minha vida, não é qualquer pessoa.
E o blog?
Gabriela Fonseca: A seguir, o blog surge em outubro de 2016, passava muito tempo em casa, estava muito limitada, uma fome emocional, eu fiquei obesa porque eu quase só tinha fome, sou o contrário de quase todos os doentes oncológicos e então o que acontece, eu precisava de fazer alguma coisa, eu sou formada em comunicação e eu achava que as pessoas diziam que a minha postura não era normal, que eu tinha uma atitude muito positiva, vida o mais normal possível, até que pensei, se faço isto tudo, eu preciso fazer alguma coisa, porque pensei, as coisas acontecem na tua vida por uma razão, senão porque é que eu tive um cancro e outra pessoa não? Se calhar até tem uma vida muito mais desregulada que eu. Então, eu quis fazer alguma coisa e tenho a ideia de criar um blog, assim do nada. Falo com o meu namorado e digo, o que achas? E ele “Se achas bem, mas tens noção da exposição?”, e eu falo, se tiver um blog é para mostrar tudo, porque se o cancro não tivesse a perda de cabelo a pessoa andava aí. As doentes oncológicas que tu vês, carecas mas com cabelo, perucas, vês aí, felizes. Eu cheguei a não as reconhecer. Criei o blog e ele foi-me acompanhando nesta minha missão. Costumo dizer que tenho uma missão e acho que é esta, e o blog começa desde que descubro e passa por todas as minhas fases.
O que querias mostrar?
Gabriela Fonseca: Eu queria mostrar a palavra esperança. O cancro é uma palavra idêntica a tantas outras doenças. Não tem que ser só conotado com morte, com dor, com sofrimento, não, o cancro é das maiores provas de amor que existe das pessoas que estão ao teu lado. É das maiores lutas que tu tens na tua vida. Pode trazer tanta coisa boa. É como um filtro que tens à tua volta. A pessoa não vê. É como um quadro, cada pessoa interpreta da sua maneira, o problema é que nos interpretamos de forma igual o cancro. Dou palestras motivacionais e quando digo “vamos falar de cancro” faz-se um silêncio. Vamos começar um momento e não é assim. E o blog é isso, desmistificar. O doente oncológico sofre com a doença mas não só, eu fui vítima de preconceito.
Podes dar algum exemplo?
Gabriela Fonseca: Sim. Eu nunca usei nada. Lenço em tempo algum, que é logo conotado com a doença, perucas impensável. A única coisa que eu usava era um chapéu na rua quando estava sol e um gorro quando estava frio. Mas tirava quando estava dentro de edifícios. O normal, imagina, entras num restaurante, tu tiras. Não foi para marcar posição, para me afirmar, eu agia naturalmente. Tudo bem, eu estava careca, eu sempre tive essa postura, a única pessoa que me importava era o meu namorado que continua a dormir comigo. Se a ele metesse confusão, se calhar teria usado. Mas não acho justo sacrificares-te pela sociedade. Eu acho que muitas pessoas não se assumem com medo de preconceito. Eu cheguei a um restaurante e, aconteceu-me muitas vezes, tiro o gorro e havias de ver o olhar das pessoas, o ar de pena, o “já viste, já viste?” e também chegaram a dizer ao meu namorado “namorada doente namorada para sempre”. Os meus pais vivem num sítio muito pequeno, no interior, e as pessoas chegaram a achar que eu tinha morrido. Mas isso dobra a vida. Tive várias pessoas que se afastaram de mim por ter cancro.
Qual achas que é o motivo?
Gabriela Fonseca: Eu acho que as pessoas ou recorrem a clichés do género, “não penses nisso, não vais sofrer” ou não sabem lidar, ou acreditam que isto é sarampo, uma varicela. Chegam ao ridículo de achar que é contagioso. As pessoas não percebem que quem está bem pode ser um perigo para a pessoa que está doente e não o contrário. E porque tu representas a morte, o negativo, representas o que as pessoas temem. E então as pessoas preferem afastar-se. Aconteceu-me. As pessoas tomaram a sua decisão.
Também tiveste bons exemplos?
Gabriela Fonseca: Cheguei ao cúmulo de ter as minhas amigas a chorar e eu a dar apoio “calma, vamos ter calma, é um linfoma, mas calma” é difícil para toda a gente… é a idade. Costumo dizer que não há idades certas para ter um cancro, mas tínhamos acabado de sair da faculdade. É estranho. É um bocado por aí. Há pessoas que aparecem na tua vida depois do cancro e também é muito bom. Tens exemplos, vais reconhecendo que aos poucos, eles conseguiram e tu também vais conseguir e eu acredito. Eu tinha uma vida e agora estou na minha segunda vida. Porque eu mudei muito. Sou muito mais atenta, eu hoje vivo e na minha antiga vida… tu preocupas-te, nós não damos muita importância às emoções, o meu namorado disse que me tornei chata. É importante dizer às pessoas que tu gostas delas porque tu não sabes o que pode acontecer. Perdeste tempo. Pequenas coisas, um jantar com uma amiga que não vias há imenso tempo, o perderes duas ou três horas com uma pessoa ao telefone, o entregares-te a causas sem qualquer retorno financeiro. Eu acredito nisto, as pequenas coisas, é muito cliché mas acredito que faz diferença. Dou mais privilégio às emoções, aos projetos em que me envolvo e acredito, que vão fazer a diferença. Costumo dizer, esta exposição por exemplo, tu entras no hospital para visitar, para saber uma notícia, para o que for e tu olhas e começas a ler a legenda e vês que todas nós tivemos uma história difícil, que estamos ali sem a típica foto do cancro que é preto e branco, carecas e com ar de sofrimento. Rompem-se com tabus, com preconceitos, com dogmas que me irrita profundamente e perdi também paciência, o cancro fez-me ter menos paciência.
Como foi a ideia da exposição? Já conhecias as pessoas?
Gabriela Fonseca: Tenho o blog e todos os anos trabalho com alguma instituição na altura do Natal. Agora, está um bocadinho parado, porque não tenho tempo para tudo. E tenho um programa “Hora de mudança” na rádio, e entrevisto várias pessoas. E entrevisto uma das responsáveis do Fundo. E comecei a pensar o que eu desejava para 2020. E o que eu desejava era o que era antes da luta oncológica, amor e felicidade, o que tu desejas no fundo, é o que um doente oncológico deseja. E o que quero lançar de novo e pronto. E contactei uma pessoa, e a seguir veio outra, que trouxe outra. E juntámo-nos as 12, 12 meses do ano. E a Campanha começa no digital e achei que era pouco e juntamente com o fundo decidimos ir de norte a sul do país.
Como foi falar com estas mulheres?
Gabriela Fonseca: Algumas já conheciam o blog e sabiam destes projetos, o bom do cancro é que te traz gente tão boa, e toda a gente disse que sim, sim claro, vamos para a frente. Todas nós falamos desta exposição e levamos o mais longe possível. A união, a história que nos une, existe mesmo união. És uma vez doente oncológica, és doente oncológica para sempre, e tens que ser grata, a gratidão é em vida que se faz e temos que agradecer estar vivos, e a minha forma de agradecer é esta. Criando algo que vai mudar a vida do próximo que vier, que vai sofrer menos de certeza absoluta. Se há uma coisa que me deixa feliz é receber mensagens de pessoas que estão a ler o meu blog, enquanto estão a fazer quimio. A mensagem está a chegar a quem deve. Há um ano fiz um projeto da Acreditar, e eu queria uma menina, os pais agradeceram-me, ela não tinha cancro e os pais agradeceram-me, ela tinha 7 anos e foi uma forma de lhe explicar o que era o cancro. E tem sido assim a minha vida.
A exposição é em todo o país?
Gabriela Fonseca: Inaugurou-se no Hospital da Faculdade de Coimbra onde eu fui tratada, agora está aqui. A seguir irá para o hospital da Guarda e para o metro do Porto. Já está em alguns sítios que eu não esperava, nos grandes hospitais. O meu grande objetivo também é levá-la para os IPOS.
Qual a tua mensagem e das mulheres que participaram?
Gabriela Fonseca: Eu costumo dizer que uma imagem vale mais que mil palavras. Então imagina o que 12 dirão. Todas elas têm uma história diferente. E já fizemos uma apresentação onde estivemos as 12, a contar as nossas histórias de vida.
Exposição “Cancro a História que nos une”
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Ana Bee [CURA]
Gabriela Fonseca: A Ana teve cancro de mama, ainda não tem uma das mamas e assume sem problema nenhum. Não reconstruiu e ela tem uma campanha que é ela nua sem uma das mamas. A Ana ligou-se muito ao reiki, às terapias e foi por isso que ela escolheu a “Cura”.
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Inês Ribeiro [ALEGRIA]
Gabriela Fonseca: A Inês tem uma história diferente. Não perdeu o cabelo, teve uma quimio diferente, do choque, ela foi a que não passou pela fase do vou morrer ou não e é a mais novinha tem 23 ou 24 anos. São energias diferentes. Ela é uma miúda, continua a ser a mais pequenina. E há uma coisa, com exceção de mim, da Inês e da Marta, foram todas deixadas pelos maridos.
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Isabel Arcanjo [PARTILHA]
Gabriela Fonseca: A Isabel é advogada, é uma pessoa muito confiante, teve cancro de mama, não gosta de muita exposição, deu a cara, mas mantém-se no canto dela, não gosta de aparecer.
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Isadora Lum [VIDA]
Gabriela Fonseca: A Isadora era para estar hoje aqui, tem uma energia contagiante, teve um cancro muito agressivo. Esteve para tirar as duas mamas, perdeu cabelo e ainda tem de fazer uma mutilagem. Ela é fotógrafa, tem uma energia, das melhores energias que conheço e vivia há 8 anos com o namorado, e ele deixou-a no tratamento no IPO e não apareceu, até hoje. Mas ela está muito bem.
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Margarida Santos [SORRIR]
Gabriela Fonseca: A Margarida, é aquela pessoa que tem aquela maneira de estar na vida. Ela tem dois cancros, cura-se de um e tem outro a seguir. Tem um linfoma tudo bem. Tem duas filhas, uma delas bebé, ela reagiu muito bem ao primeiro, depois desta luta saberes que tens um segundo… o marido deixou-a, com as duas filhas. E sem nada.
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Gabriela Fonseca [AMOR]
Gabriela Fonseca: Esta sou eu. Porque o amor foi muito importante. O amor cura. Toda a gente olhou com medo de eu morrer. O meu namorado não. Foi aquela pessoa que disse “isto é para vencermos” o amor foi muito importante, e para além disso o amor-próprio, nunca deixei de me sentir bonita. Estava numa entrevista hoje de manhã e esse foi o segredo, consegui ver beleza numa pessoa careca e gorda. Nunca comi tanto na minha vida. E lutei pelo que acredito e espero que isto ajude. Não só quem passa pelas doenças, toda a gente, depois de um dia de trabalho “uff que seca” e se calhar tenho tudo ou então não e sair dali e ser feliz.
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Margarida Vale [CONFIANÇA]
Gabriela Fonseca: A Margarida é ligada à escrita, transmite muito através da escrita o que sente. É uma idade diferente, uma maturidade diferente. Encara de outra forma. É uma pessoa ligada às palavras que ela transmite.
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Marília Pereira [PLENITUDE]
Gabriela Fonseca: A Marília é farmacêutica, ligou-se ao voluntariado, trabalha na Liga, mas não consegue ir para a zona hospitalar. Fica na Liga.
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Marta Machado [PAZ]
Gabriela Fonseca: A Marta é das pessoas mais especiais da minha vida. Eu tinha descoberto há pouco tempo, estava a fazer preservação da fertilidade e eu estava a chorar. E a Marta ouviu a minha história e diz “eu estou aqui, há 5 anos tive um linfoma e fui tratada pela tua médica”, para ver a luz ao fundo do túnel. Eu quero ser a Marta na vida das outras pessoas, se a Marta não tivesse estado eu não tinha tido uma voz de esperança. E aqui tu tens 12.
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Paula Patuxa [FELICIDADE]
Gabriela Fonseca: A Patuxa é uma pessoa já envolvida a causas. Ela todos os anos faz um calendário que envolve uma causa. Melhoramento de hospital oncológico, por exemplo. Este ano foi para o projeto Amélie.
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Sandra Lucas [CRIATIVIDADE]
Gabriela Fonseca: Sandra. Pertence ao Fundo iMM Laço. Tem um cancro que nunca se vai tratar. Mas vive completamente bem.
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Sónia Leivião [VIVER]
Gabriela Fonseca: A Sónia, ela é psicóloga num hospital de dia. Até que foi a ela. Ela hoje continua a ser psicóloga lá. E entende.
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São todas mulheres fortes.
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Mulheres que foram descobrindo forças que não sabiam que tinham?
Gabriela Fonseca: Exato. Descobre forças que não sabiam que tinham. Descobres força interior. Nesta exposição nos achámos, que, queremos que as pessoas passeiem, leiam e interpretem. Quando vais a uma exposição de arte, tens a tua opinião, cada pessoa leva a mensagem que quer para casa. Por isso escolhemos palavras todas elas diferentes, mas todas fazem sentido e se tu olhares para uma delas até pode ser algo que possa fazer sentido no teu dia. Todas elas têm uma mensagem diferente, cada um lê como quer, ler ou ver todas da mesma maneira.
Alguma mensagem que queiras deixar? Para pessoas com cancro ou com amigos e familiares nessa situação, ou quem sabe, que um dia vai passar por isso.
Gabriela Fonseca: Tenhas ou não tenhas cancro o principal é agarrares-te à vida, vivendo, e não sobrevivendo, essa é a grande mensagem.
Obrigada
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Sónia Teixeira
Equipa Editorial