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Abertura oficial da licenciatura em Ciências da Nutrição
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A primeira licenciatura em Ciências da Nutrição abriu formalmente esta segunda, dia 24 de setembro, no auditório Cid dos Santos.
Serão 30 os primeiros protagonistas a fazer história na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, já que são eles que dão início a uma formação pioneira na Faculdade, mas também no ensino público em Lisboa.
Com a coordenação da Profª e Nutricionista Catarina Sousa Guerreiro e numa parceria com as Faculdades de Motricidade Humana e de Farmácia, ambas da Universidade de Lisboa, a nova licenciatura promete vir a mudar o papel da nutrição nos cuidados básicos de saúde.
Para mostrar a importância desta formação e a presidir à abertura esteve o Diretor da Faculdade Fausto J. Pinto que, também como médico Cardiologista, reforçou a necessidade das boas práticas alimentares e físicas para poder manter um bom coração. Deu ainda aos alunos a versão positiva que tudo o que se faz para mudar na vida deve ser visto “como um copo meio cheio, mais do que meio vazio”.
Presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Carlos Martins colocou a tónica na parceria dos Hospitais de Santa Maria e Pulido Valente com a Faculdade e os seus novos alunos, “vamos ter que nos preparar para apoiar os estágios curriculares e profissionais, é para assumir mais este desafio, enquanto Centro Hospitalar; este Hospital é a vossa casa”. Defensor deste projeto assumiu ter feito parte do sonho inicial da licenciatura, porque como justificou “é importante formar quadros para fortalecer as estruturas do serviço nacional de saúde, até como forma a ir dar novos contributos aos países irmãos de língua portuguesa”.
Não é só a nutrição que assume cada vez mais uma posição de destaque, a fisiologia do exercício e a forma como ela pode influenciar as pessoas para uma vida melhor foi o assunto que mereceu o foco do Presidente da Faculdade de Motricidade Humana, Luís Bettencourt Sardinha, “há ainda alguma carência do conhecimento diferenciado do desporto”. Representante de uma das duas faculdades parceiras em Ciências da Nutrição, elogiou ainda o “grande esforço da Faculdade de Medicina em envolver outras faculdades da Universidade de Lisboa, apesar de terem a característica de serem tão independentes entre si”.
Subdiretora da Faculdade de Farmácia e em substituição da sua Presidente, Maria da Graça Sobral Rodrigues abordou a questão das grandes valências de cada faculdade pertencente à Universidade de Lisboa e salientou a riqueza de se criarem sinergias entre instituições, “é mais fácil juntar forças para o objetivo comum que é a saúde”. Em jeito de remate deixou uma missão valiosa aos novos alunos, “são vocês os alunos em quem apostamos para ver os nossos sonhos cumpridos”.
Nas três principais causas de morte em Portugal, as doenças cardiovasculares, as oncológicas e as aquelas que estão relacionadas com demências, verifica-se também que há deficiências ligadas à nutrição. Catarina Sousa Guerreiro, coordenadora e Professora desta nova licenciatura de Ciências da Nutrição mostrou que, apesar de ser um quadro que merece preocupação, é também sinal que há esperança e muito para se construir. Os seus alunos podem ser os bons mensageiros destas mudanças. “É por isso que a vossa formação é tão importante”, disse, “a nutrição é de facto um fator preventivo das principais doenças que causam morte”. Com base em estudos genéticos que aprenderão a avaliar, a Professora referiu ainda que a personalização das dietas pode ser a resposta chave de inúmeros problemas de saúde.
Orgulhosa de uma equipa multidisciplinar que foi construindo esta licenciatura e dando destaque reforçado a Joana Sousa, também Professora e o seu braço direito para esta coordenação, Catarina Sousa Guerreiro mostrou o mesmo orgulho nos 30 alunos que tem diante de si, pois foram “apenas os melhores dos melhores que escolheram a FMUL e em primeiro lugar, com uma nota mínima de entrada de 14 valores”. Com salas perfeitamente novas e equipadas, recheadas com materiais e equipamentos de topo, com computadores de última geração e programação adequada para traçar planos de nutrição, a Faculdade mostra estar a postos para dar a melhor formação profissional, até aqui só atribuída à Universidade do Porto.
Isso justifica que tenham concorrido 223 alunos, deixando 193 candidatos de fora. Mas para já e como referiu a coordenadora, ficam os primeiros 30, para que “o ensino seja de grande proximidade e mais personalizado”.
Convidada de honra a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, apresentou alguns dados estatísticos que reiteram a necessidade de se apostar nos nutricionistas, “esta profissão que está muito na moda para os Media”. “É importante ter um estabelecimento de ensino que fortaleça esta profissão. Este é um projeto de muito arrojo”.
Com base num estudo que mostra a necessidade de haver, no mínimo, 500 nutricionistas para cada 20 mil habitantes, e uma vez que a proporção está apenas nos 100, a Bastonária explicou a urgência de se continuar a apostar na boa formação de profissionais e na sua regulamentação, “ apenas 10% de quem se forma não quer ser nutricionista, é a inscrição na Ordem que torna um licenciado nutricionista e não a conclusão da licenciatura”.
Mas vamos a outros dados interessantes e que referem que 90% dos nutricionistas são mulheres, mas são os 10% masculinos que recebem mais de ordenado ao final do mês, em números redondos, uma média a mais de €700 mês, pelas mesmas funções. Vantajoso, e avaliando pelos dados apresentados, é o investimento em formação académica, quanto mais especialização profissional (pós-graduação, mestrado e doutoramento) maior a probabilidades de ser bem-sucedido e remunerado. Ainda assim demora em média seis meses para se conseguir o primeiro emprego, depois as saídas são várias e cada vez mais abrangentes; a predominante é a clínica, seguida das empresas de alimentação (hospitais, centros de saúde) e só depois as áreas de saúde pública (escolas, ou autarquias), a investigação fica na cauda das opções.
Alexandra Bento mostrou-se, ainda, satisfeita com a evolução do quadro nacional, “os cuidados de saúde primários têm agora mais atenção governamental porque há outra sensibilidade para a alimentação”.
Apesar de saber que ainda há caminho a percorrer, a Bastonária não deixou de terminar o seu discurso com uma ideia de esperança para quem agora pode começar a fazer a diferença, “se queremos dar mais anos à nossa vida, temos de dar mais vida aos nossos anos”.
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Joana Sousa
Equipa Editorial