Reportagem / Perfil
Entrevista ao Presidente AEFML, Aluno José dos Reis Correia
A Equipa Editorial da Newsletter entrevistou o Aluno José dos Reis Correia, Presidente da AEFML.
Newsletter: Quais as principais motivações que o levaram a candidatar-se a este cargo?
José Correia: Após dois anos na Direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, primeiro como Vogal e posteriormente como Tesoureiro, senti que a minha experiência nesta casa, aliada a um inegável prazer no trabalho de equipa e de capacitação de Dirigentes Associativos, seria algo que me daria o maior gosto em colocar ao serviço dos colegas da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, como Presidente da AEFML.
Newsletter: Qual a maior preocupação enquanto representante dos alunos na nossa Escola?
José Correia: As alterações ao Regulamento do Internato Médico em Portugal, não só a nível da sua estrutura interna mas também no que concerne ao acesso ao mesmo e ao regime de transição caso se verifique a extinção do Ano Comum, são pontos determinantes a que a AEFML está atenta, sendo a nossa principal missão veicular as preocupações dos estudantes de medicina que representamos às entidades competentes, e manter os colegas o mais informados possível sobre um futuro que se aproxima a passos rápidos.
Sem dúvida alguma é também incontornável a tentativa de aprimorar e complementar a qualidade da formação recebida pelos alunos da FMUL, procurando um constante diálogo com os órgãos da Faculdade sempre que tal se mostre necessário.
Uma realidade ainda bastante oculta e que não só me preocupa a mim, como a toda a equipa que represento, é o crescente número de alunos da FMUL que apresentam dificuldades económicas. Uma sondagem realizada há poucos meses, em conjunto com a Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL), revelou números realmente alarmantes, dos quais destaco que 41% dos alunos que responderam referem ter deixado de comprar material escolar por dificuldades económicas, e que uma grande parte dos alunos que trazem almoço de casa, fazem-no pela mesma razão.
Por fim, uma das minhas preocupações é terminar este mandato deixando uma AEFML mais sólida, mais consciente e mais preparada para todos os desafios que referi, e para muitos outros que se avizinham.
Newsletter: A ligação com os Orgãos da Direção da FMUL e a AEFML tem sido reforçada nos últimos anos. Como prevê dar continuidade a esta colaboração?
José Correia: As Direções da FMUL e da AEFML têm tido ao longo dos anos uma política de trabalho e de relação institucional baseadas num contacto próximo e constante, e numa confiança conquistada através do esforço de ambos os intervenientes. Esta relação alimenta-se, reforça-se e reafirma-se aquando de projetos conjuntos e de colaborações mútuas, das quais destaco a presença dos Órgãos de Direção da FMUL em atividades promovidas pela AEFML (destaco aqui a Corrida Saúde Mais Solidária e o Sarau Cultural) e vice-versa (participação na Semana de Matrículas dos novos alunos, Dia do Candidato, entre outros). Esta entreajuda consolida o vínculo simbiótico entre as duas instituições, beneficiando, acima de tudo, o comum estudante da FMUL.
Neste mandato, há duas grandes iniciativas a serem levadas a cabo pela FMUL, na qual, a convite do Senhor Diretor, estaremos ativamente envolvidos: a construção de um novo espaço de estudo no corredor 01 e a Reforma Curricular dos Anos Clínicos. Acredito que é este esforço conjunto e a qualidade do resultado que daí advém, uma das maiores provas da confiança dos seus intervenientes.
Newsletter: Como caracteriza a relação entre a AEFML e o CAML?
José Correia: Inserida no interior do Centro Académico de Medicina de Lisboa, a AEFML toma um papel fulcral na aproximação das 3 estruturas que o compõem aos alunos que representa.
Como já referido anteriormente, as Direções da AEFML e da FMUL têm trabalhado incansavelmente ao longo dos anos para melhorar a qualidade do ensino e as condições para os estudantes que cativam.
Junto do Instituto de Medicina Molecular, os estudantes conseguem encontrar inesperadas oportunidades de integrar equipas de investigação e levar, precocemente, a sua curiosidade por esta área mais longe.
Com o Centro Hospitalar Lisboa Norte e o Hospital de Santa Maria, bem como o seu pessoal médico e não médico, temos conseguido realizar atividades formativas muito apreciadas pelos estudantes da FMUL, dos quais destaco os Workshops de Suturas e de Pequena Cirurgia. Além destas oportunidades, encontro no Conselho de Administração do CHLN um verdadeiro parceiro ao longo dos anos, apoiando as iniciativas da AEFML sempre que possível.
Não posso deixar de destacar o congresso AIMS Meeting, onde existe um verdadeiro cruzamento de todas as quatro instituições. Encontramos aqui um exemplo de sucesso na relação da AEFML com o CAML, numa colaboração de todas as partes para garantir o melhor interesse dos estudantes da FMUL.
Assim, acredito sinceramente que o nosso papel consegue, sem intenção, agregar todo o CAML em ações conjuntas para o melhor benefício dos alunos da nossa casa. E, vendo com atenção, serão estes alunos que futuramente irão interagir e integrar tanto a nossa Faculdade de Medicina, como o Hospital de Santa Maria, como o Instituto de Medicina Molecular.
Newsletter: Qual vai ser a principal “bandeira” desta Associação?
José Correia: Não podemos afirmar taxativamente uma bandeira singular para o mandato 2015/2016, uma vez que a manutenção e melhoria das atividades emblemáticas da AEFML continua a ser uma parte muito marcante da vida académica na FMUL.
Não obstante, existem três áreas junto das quais iremos envidar grandes esforços: a Ação Social, financiando e atribuindo novas formas de apoio para alunos em comprovada dificuldade económica, uma realidade cada vez mais presente nos nossos dias; a Educação Médica e Política Educativa, acompanhando e intervindo ativamente a nível das mudanças do Acesso ao Internato Médico no panorama nacional e da Reestruturação Curricular dos Anos Clínicos proposta pelo Senhor Diretor da FMUL; finalmente, propomo-nos a uma política de sustentabilidade da própria Associação, procedendo ao restauro de todo o seu património e ao delineamento de estratégias de investimento futuro.