Mais e Melhor
Dr.ª Inês Figueiredo, vencedora da Fundação AstraZeneca Innovate Competition | Entrevista
Após vencer a Fundação AstraZeneca Innovate Competition, Inês Figueiredo, estudante do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina da FMUL e investigadora no Instituto de Bioquímica, apresenta-nos o seu projecto e fala-nos sobre a importância do prémio recebido.
Em que consiste o trabalho que desenvolve no Instituto de Bioquímica?
Sou estudante do 6º ano de Medicina da FMUL e estou a trabalhar no Instituto de Bioquímica, desde o 3º ano, com o Mestre João Freire. Tenho-o acompanhado ao longo da sua tese de Doutoramento, estando, neste momento, a terminar o 3º projecto GAPIC sob a sua orientação. Todos os trabalhos que efectuámos têm em comum o estudo dos péptidos M e R derivados da proteína da Capside do Vírus da Dengue.
Pode apresentar-nos o seu projeto "Chronic Myeloid Leukemia Gene Therapy Targeting the BCR/ABL Fusion Gene. Peptide-mediated gene delivery: siRNA and editing tools” e os seus objectivos?
Esse foi o meu segundo projecto GAPIC, realizado o ano passado. Foi desenhado e efectuado em colaboração com o Instituto de Biologia Celular, com o Prof. Francisco Enguita.
Consiste na aplicação terapêutica dos péptidos, como sistema de delivery dum fármaco, neste caso, uma terapia genética. Escolhemos a Leucemia Mieloide Crónica por se tratar duma patologia crónica (apenas uma terapia curativa-transplante de medula óssea) e por ter uma mutação genética específica causadora da oncogénese. Deste modo, decidimos interferir com a expressão do mRNA do gene oncogénico – BCR/ABL, e obtivemos resultados muito positivos, tendo conseguido silenciar a expressão do gene.
Contudo, como esta nossa opção terapêutica não era curativa, decidimos apresentar a candidatura para continuação do trabalho no âmbito da edição genética. Aquilo que pretendemos com este novo projecto é apagar o gene oncogénico – BCR/ABL e, deste modo, obter uma resposta terapêutica curativa.
Quais as mais-valias que espera que o seu prémio traga?
Esperamos conseguir eliminar o gene responsável pela Leucemia Mieloide Crónica BCR/ABL, e consequentemente tornar este modelo uma terapia curativa eficaz para esta patologia. Apesar de serem estudos ainda a nível básico de investigação, com resultados positivos poderá vir a ser, no futuro, uma terapia aplicável clinicamente, que gostaríamos que contribuísse para o tratamento da Leucemia Mieloide Crónica.
Relativamente à Fundação AstraZeneca Innovate Competition, tinha a expectativa de obter o primeiro lugar?
Não, havia muitos colegas meus a concorrer, e apesar de não ter assistido a todos os trabalhos, muitos deles demonstravam muita qualidade e muito potencial para o investimento duma farmacêutica.
O que significou para si vencer este prémio?
Este prémio vai-me possibilitar continuar um projecto que iniciei, e pelo qual tenho um carinho especial, visto o meu interesse pela área de hemato-oncologia. Além disso, é um prémio com repercussão na própria investigação e de reconhecimento do trabalho realizado até agora