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55ª Edição dos Prémios de Investigação Pfizer

No passado dia 17 de Novembro, neste ano em que os Prémios Pfizer comemoram 55 anos, foram distinguidos três projectos de investigação: dois projectos em Investigação Básica e um projecto em Investigação Clínica.
Prémios de Investigação Básica:
Projecto: “Splicing enhances recruitment of methyltransferase HYPB/Setd2 and methylation of histone H3 Lys36”
Autores: Sérgio Fernandes Almeida e Maria Carmo-Fonseca
Uma observação recente que se tem vindo a alicerçar é a de que a transcrição - o mecanismo pelo qual o código contido nos genes é copiado para uma molécula de RNA mensageiro (mRNA) - é influenciada por uma classe de proteínas designadas histonas. As histonas associam-se com os genes formando estruturas semelhantes às “contas de um colar”. Tais “contas,” podem sofrer diferentes modificações químicas que lhes conferem diferentes propriedades funcionais. A maturação do mRNA (splicing) que ocorre durante a transcrição, é um dos eventos afetados pelas modificações das histonas. No entanto, o efeito oposto, em que o splicing também seria capaz de influenciar a modificação das histonas, não tinha sido investigado.
Com o auxílio de técnicas de análise genómica avançadas aplicadas a células humanas e de ratinho, foi-nos possível observar que, durante a transcrição, o splicing promove uma modificação específica nas histonas dos genes que são transcritos. Estes genes passam assim, a exibir um sinal característico por virtude da presença destas histonas modificadas. O controlo deste sinal é fundamental, para que os programas de expressão genética possam ser devidamente executados e controlados pelas células.
“Alterações nestes mecanismos estão na origem de inúmeras doenças, sendo o cancro uma das que tem concentrado maior atenção por parte dos investigadores.”
Projecto: “CLASPs ensure spindle pole integrity and prevent irreversible multipolarity in responde to kinetochore traction forces”
Autores: Elsa Logarinho e Helder Maiato
Na divisão celular, a fidelidade da distribuição do material genético pelas duas células filhas, depende da formação de uma estrutura bipolar - o fuso mitótico. Neste trabalho, identificámos um novo mecanismo molecular necessário à estabilidade do fuso mitótico que envolve um tipo de proteínas designadas CLASPs.
A perturbação funcional destas moléculas, conduz à formação de fusos anormais multipolares que resultam numa distribuição desigual do material genético, situação que compromete a viabilidade das células filhas. Este mecanismo, pode vir a ser explorado na terapia do cancro que se caracteriza pela divisão descontrolada das células.
Projecto: “Oncogenic IL7R gain-of-function mutations in childhood T-cell acute lymphoblastic leukemia”
Autor: João Barata
A leucemia linfoblástica aguda de células T, é um cancro do sangue especialmente frequente em crianças, que se caracteriza por um aumento descontrolado do número de linfócitos T (que são glóbulos brancos, células específicas do nosso sistema imunitário). O nosso estudo identificou um conjunto de mutações até agora desconhecido - presentes em cerca de 9% dos doentes com leucemia estudados – e mostrou que estas mutações podem estar na origem do mesmo tipo de tumores. As mutações agora identificadas ocorrem num gene que codifica para uma proteína que se localiza à superfície das células T, chamada receptor da interleucina 7. Esta proteína distribui-se ao longo da superfície da célula e contacta tanto com o meio exterior como com o interior da célula, constituindo assim um elo de passagem de informação química do exterior para o interior da célula. Esta transferência de informação ocorre quando uma outra proteína, que circula na corrente sanguínea e se chama interleucina 7, se liga ao receptor na superfície das células T. A ligação da interleucina 7 ao seu receptor despoleta um conjunto de reações no interior da célula que são, em condições fisiológicas, essenciais ao correto desenvolvimento e multiplicação das células T. A nossa investigação permitiu descobrir que as células cancerígenas de alguns doentes pediátricos com leucemia T contêm o receptor mutado, e que a mutação do receptor faz com que este deixe de necessitar da informação exterior, isto é, da ligação da interleucina 7, para promover a multiplicação celular. Como resultado, as células T multiplicam-se descontroladamente, originando um tumor.
Para além de caracterizarmos o modo pelo qual as mutações funcionam, de forma a promover o crescimento da leucemia, identificámos também um conjunto de fármacos, já testados noutras doenças, como na artitre reumatóide, que pode ser eficaz na eliminação do efeito das mutações, levando à morte das células que as possuem. Em resumo, este estudo identifica não só mutações num gene essencial do sistema imunitário e que estão associadas ao desenvolvimento de leucemia infantil, como também aponta potenciais aplicações terapêuticas futuras resultantes desta descoberta.
A cerimónia de apresentação e entrega dos Prémios foi presidida por Sua Exa. o Ministro da Saúde, Dr. Paulo Macedo, decorreu no passado dia 17 de Novembro na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e contou com a presença da Secretária de Estado da Ciência, Prof.ª Doutora Leonor Parreira, do Director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Prof. Doutor J. Fernandes e Fernandes, do Presidente-Eleito da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, Prof. Doutor José Miguel Caldas de Almeida, do Secretário-Geral da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, Prof. Doutor. Luís Graça, e da Directora-Geral Executiva da Pfizer, Dra. Ana Paula Carvalho.
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