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Investigadores do IMM identificam nova população de células do sistema imunitário com potencial terapêutico
Investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM) identificaram uma nova população de linfócitos reguladores que se localizam especificamente no fígado e têm forte capacidade imunossupressora, e encontraram uma estratégia para estimular a formação destes linfócitos. Esta descoberta permite desenvolver a primeira terapia celular imunossupressora restringida a um local específico do organismo e tem aplicação no combate à rejeição de orgãos após transplante, em particular do fígado. A sua aplicação poderá permitir minimizar os efeitos crónicos da imunossupressão após transplante, nomeadamente a exposição acrescida a infecções e cancro, que colocam, muitas vezes, em risco a vida dos transplantados.
Os resultados foram publicados na prestigiada revista Journal of Immunology e deram origem a uma empresa spin-off, a Acellera Therapeutics, em processo de criação.
Os linfócitos reguladores são células do sistema imunitário que controlam a actividade dos linfócitos T, aqueles responsáveis pela defesa do organismo contra agentes infecciosos. Quando a actividade dos linfócitos T não é correctamente controlada pelos linfócitos reguladores, surgem doenças autoimunes e doenças alérgicas como a asma.
Em estudos pré-clínicos realizados por várias equipas de investigadores com vista a desenvolver terapias contra efeitos adversos ocorridos após transplante de medula, verificou-se que, quando administrados a um indivíduo, os linfócitos reguladores conhecidos até agora (chamados Treg) se acumulam globalmente nos orgãos linfáticos de todo o organismo.
O que os investigadores Luís Graça e Marta Monteiro, da Unidade de Imunologia Celular do IMM, descobriram agora foi um tipo diferente de linfócitos reguladores a que chamaram NKTreg e que, embora tendo igualmente forte capacidade imunossupressora ou reguladora, se acumulam especificamente no fígado após injecção intra-venosa. É esta característica que permite potencialmente restringir a imunossupressão a um orgão específico podendo levar à diminuição dos riscos associados à imunosupressão após transplante, como as infecções e cancro.
Os investigadores descobriram ainda que conseguem obter estas células reguladoras a partir do sangue humano, abrindo perspectivas para uma nova terapia celular. O processo de formação das NKTreg a partir de células percursoras humanas e a sua aplicação terapêutica foram já patenteados pela equipa, que conta ainda com a participação de David Cristina (do Instituto Gulbenkian de Ciência) para desenvolver o plano de negócio da Acellera Therapeutics.
“O que o nosso estudo trouxe de novo foi a caracterização de uma população de células do sistema imunitário até agora desconhecida”, revela Marta Monteiro, primeira autora do estudo. “O que descobrimos foi que estas células têm a capacidade de regular os linfócitos T, e de forma localizada no fígado”, prossegue a investigadora.
“Estes resultados, obtidos no laboratório, têm enorme potencial terapêutico”, afirma Luis Graça, líder da equipa. “ Estamos agora a trabalhar para desenvolver uma terapia celular baseada no estudo publicado, que poderá diminuir os problemas associados aos transplantes de fígado: evitar a rejeição, reduzindo ao mesmo tempo os graves efeitos adversos das actuais terapêuticas imunossupressoras.”
Em Novembro de 2009, esta ideia venceu o segundo lugar da competição internacional "Idea to Product" organizada pela Universidade do Texas em Austin. Esta competição destina-se a planos de comercialização de tecnologias embrionárias inovadoras e visa premiar ideias originais de produtos dirigidos a uma necessidade de mercado bem definida.
Unidade de Imunologia Celular
Mais:
Unidade de Imunologia Celular do IMM
“Idea to Product”
Unidade de Comunicação e Formação,
Instituto de Medicina Molecular
ucom@fm.ul.pt
Os resultados foram publicados na prestigiada revista Journal of Immunology e deram origem a uma empresa spin-off, a Acellera Therapeutics, em processo de criação.
Os linfócitos reguladores são células do sistema imunitário que controlam a actividade dos linfócitos T, aqueles responsáveis pela defesa do organismo contra agentes infecciosos. Quando a actividade dos linfócitos T não é correctamente controlada pelos linfócitos reguladores, surgem doenças autoimunes e doenças alérgicas como a asma.
Em estudos pré-clínicos realizados por várias equipas de investigadores com vista a desenvolver terapias contra efeitos adversos ocorridos após transplante de medula, verificou-se que, quando administrados a um indivíduo, os linfócitos reguladores conhecidos até agora (chamados Treg) se acumulam globalmente nos orgãos linfáticos de todo o organismo.
O que os investigadores Luís Graça e Marta Monteiro, da Unidade de Imunologia Celular do IMM, descobriram agora foi um tipo diferente de linfócitos reguladores a que chamaram NKTreg e que, embora tendo igualmente forte capacidade imunossupressora ou reguladora, se acumulam especificamente no fígado após injecção intra-venosa. É esta característica que permite potencialmente restringir a imunossupressão a um orgão específico podendo levar à diminuição dos riscos associados à imunosupressão após transplante, como as infecções e cancro.
Os investigadores descobriram ainda que conseguem obter estas células reguladoras a partir do sangue humano, abrindo perspectivas para uma nova terapia celular. O processo de formação das NKTreg a partir de células percursoras humanas e a sua aplicação terapêutica foram já patenteados pela equipa, que conta ainda com a participação de David Cristina (do Instituto Gulbenkian de Ciência) para desenvolver o plano de negócio da Acellera Therapeutics.
“O que o nosso estudo trouxe de novo foi a caracterização de uma população de células do sistema imunitário até agora desconhecida”, revela Marta Monteiro, primeira autora do estudo. “O que descobrimos foi que estas células têm a capacidade de regular os linfócitos T, e de forma localizada no fígado”, prossegue a investigadora.
“Estes resultados, obtidos no laboratório, têm enorme potencial terapêutico”, afirma Luis Graça, líder da equipa. “ Estamos agora a trabalhar para desenvolver uma terapia celular baseada no estudo publicado, que poderá diminuir os problemas associados aos transplantes de fígado: evitar a rejeição, reduzindo ao mesmo tempo os graves efeitos adversos das actuais terapêuticas imunossupressoras.”
Em Novembro de 2009, esta ideia venceu o segundo lugar da competição internacional "Idea to Product" organizada pela Universidade do Texas em Austin. Esta competição destina-se a planos de comercialização de tecnologias embrionárias inovadoras e visa premiar ideias originais de produtos dirigidos a uma necessidade de mercado bem definida.
Unidade de Imunologia Celular
Mais:
Unidade de Imunologia Celular do IMM
“Idea to Product”
Unidade de Comunicação e Formação,
Instituto de Medicina Molecular
ucom@fm.ul.pt