A Casa do pessoal é uma entidade que existe desde abril de 1982 e nasceu com o propósito de dar alguns incentivos aos trabalhadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, FMUL. Falamos de descontos nas refeições, casas de férias a custos mais simpáticos e subsídios escolares que abrangem o trabalhador e os filhos. Não são montantes exorbitantes, mas são ajudas de custo que, somadas, podem fazer a diferença entre ser ou não ser possível tomar determinada decisão. Virgínia Correia e a Ana Murteira sabem bem do que falamos. A primeira é a tesoureira da Casa de Pessoal e a segunda é a presidente. Há um terceiro elemento, a Margarida Roberto que é secretária de direção, mas que não pôde estar presente. Juntas, com mais uma mão cheia de pessoas, criaram a lista C e foram em 2016 a escrutínio.
O “C” de “confiar” “Criar”, “Comunicar” e de “Celebrar” levou-as a ganhar a confiança dos sócios que as elegeram para defender os seus interesses. Cinco anos depois, continuam na liderança. Conhecem-se há 20 anos e são perentórias ao dizer que estas relações de anos, são um importante alicerce para os dias menos bons. “Há fases da vida mais difíceis em que os colegas nos dão uma palavra amiga e isso faz a diferença,” continua, enquanto recorda o dia em que viu a Ana chegar do Alentejo, para trabalhar na FMUL. Virgínia recorda esse dia e o olhar de cumplicidade entre as duas revela que esse foi o ponto de partida para muitas horas e dias que passaram juntas.
Colegas e amigas
Trabalham na mesma sala e isso facilita a organização do dossier “Casa do Pessoal” que lhes ocupa muitas horas e às vezes, tempo que não há. “Temos de agradecer a compreensão das hierarquias que vão permitindo, quando é necessário, que façamos algum deste trabalho em horário de expediente. Quanto a isso não temos de nos queixar, sempre foram compreensivos,” diz a tesoureira e a presidente confirma.
A Casa do Pessoal tem uma casa em Portimão que é arrendada aos sócios, por um preço simbólico, no período das férias de verão. “Todos os anos as pessoas candidatam-se e tentamos ser justos”. Quem nunca foi tem primazia. A casa vai rodando. “Depois temos mais duas casas no Algarve, mas procuramos noutras zonas para permitir que haja novidade. Às vezes temos de sair durante a semana para ver uma casa, para verificar se está em condições para ser arrendada e lá vamos nós. Andamos muitas vezes juntas e ainda bem que nos damos bem”, diz Virgínia.
200 é um número redondo
Ao todo são cerca de 200 os sócios desta casa. O universo é o da Faculdade de Medicina e dividem-se em dois grupos: Os sócios efetivos e os não efetivos. Estes últimos são um grupo que foi criado mais recentemente, com o objetivo de englobar os que não têm vínculo contratual, como é o caso dos bolseiros. “À medida que vão surgindo as situações, vamos tentando adaptar para podermos incluir todos. Já alterámos uma vez os estatutos, mas é um processo difícil e demorado”, diz Ana Murteira.
As únicas fontes de rendimento são as cotas pagas anualmente pelos sócios, no valor de 12 euros, e o aluguer do restaurante “Berdi” localizado no recinto do hospital. É lá que os sócios podem comprar refeições mais baratas do que o preço de tabela. Basta apresentar o comprovativo de cota paga e o sócio tem desconto imediato. É com a renda do espaço de restauração que depois são organizadas iniciativas de lazer e de apoio socioeconómico que ajudam a criar laços entre os muitos trabalhadores da FMUL, que no dia a dia não têm tempo para isso. Assim, das iniciativas destacam-se duas: “Fazemos todos os anos uma excursão” diz Ana Murteira “e o nosso almoço de Natal é também um momento importante de convívio,” acrescenta Virgínia. Este ano os sócios reuniram-se no dia 19 de dezembro, o primeiro dia após as aulas terem terminado. “Temos de aguardar o final das aulas porque fazemos o almoço convívio no Bar dos Alunos”. O espaço fica reservado em exclusivo para esta atividade e este ano não foi exceção. Foram 120 os sócios, trabalhadores em exercício e outros já reformados, que não quiseram faltar.
A Lista “c” vai voltar a candidatar-se nas próximas eleições. “Devido à pandemia alterou-se o calendário. Já devia ter havido eleições,” diz Virgínia, “mas fazemos para o ano”, avança Ana. Vão voltar a concorrer, talvez com a mesma equipa, motivada e com muitas ideias para pôr em prática. O propósito é o de facilitar a vida aos trabalhadores com alguns incentivos que os possam motivar e tornar os seus dias mais felizes.
Dora Estevens Guerreiro
Equipa Editorial