A infância e juventude foram para Félix da Silva Avelar (1744-1828), um dos mais notáveis homens de ciência portugueses do seu tempo, difíceis. Aos 19 anos conseguiu um lugar de capelão-cantor na patriarcal de Lisboa, a que recorrera pelo talento e ambição artística de que era sem dúvida possuidor, mas também para ter um meio de subsistência – acabava de perder o avô, o pai morrera quando ele tinha 2 anos e a mãe era profundamente doente.
O que lhe sobrava em capacidades e conhecimentos faltava em possibilidades económicas para se dedicar apenas aos estudos. A reforma do ensino universitário impediu-o de concluir a formatura em Coimbra, uma vez que não eram permitidos exames sem a frequência das disciplinas.
Como tantos outros com quem contactou ou privou, e que o ajudaram - entre os quais estava Filinto Elísio (1734-1819) - sofreu a perseguição do Santo Ofício, que não poucas mazelas, deixou no meio intelectual português da época.
Em Paris, procurou subsistir por meio de traduções e trabalhos científicos originais, aproveitando a exposição ao meio intelectual da cidade e ao ensino universitário. Abandonou o tumulto de Paris em plena Revolução Francesa. Ali, seguindo uma tradição da época, adoptara um apelido criado a partir do Grego clássico – próximo do sentido de filantropo, Brotero significa «amigo dos mortais».
Médico, botânico, intelectual e artista de mérito, Brotero foi um profícuo autor, muito prestigiado no meio científico europeu, e a sua obra, particularmente bem representada na Biblioteca-CDI da FMUL, veio preencher importantes lacunas no panorama editorial cientifico português. É o caso da Flora Lusitana, onde são identificadas cerca de 1800 espécies, várias pela primeira vez.
Nos seus Princípios de Agricultura Philosophica, identifica os problemas da agricultura portuguesa e propõe que esta seja orientada segundo princípios científicos, tendo em conta as implicações na economia e a subsistência do povo português.
BROTERO, Félix de Avelar, 1744-1828
Principios de agricultura philosophica / por Felix Avellar Brotero. - Coimbra : na Real Imprensa da Universidade, 1793. - [4], 115, [1 br.] p. ; 8º
Cota da Biblioteca-CDI da FMUL: RES. 12
BROTERO, Félix de Avelar, 1744-182
Flora lusitanica : seu plantarum, quae in Lusitania vel sponte crescunt, vel frequentius coluntur, ex florum praesertim sexubus systematice distributarum, synopsis / [por] Felicis Avellar Broteri. - Olisipone [i. e Lisboa] : Ex Typ. Regia, 1804. - 2 V. (XVIII, 607 p. 557 p.) ; 20,5 cm
Cota da Biblioteca-CDI da FMUL: RES. 15 A
André Rodrigues
Área de Biblioteca e Informação