Este mês, por ser Natal, não teremos um artigo literário com uma reflexão sobre um livro escrito por médicos ou relacionado diretamente com saúde.
Este é um conto clássico desta época, que tem passado de geração em geração com múltiplas versões, tanto em livro, como adaptações para teatro, televisão ou rádio e que todos conhecem. Um conto de Charles Dickens, um dos escritores mais populares da época vitoriana, e que tinha uma abordagem de crítica social nos seus romances. Focava-se na pobreza e na miséria do povo britânico, mostrando as más condições de vida e consequentemente de saúde da maioria das pessoas.
Neste conto “Christmas Carol”, em português “Um conto de Natal”, um dos mais conhecidos de todos os tempos, o escritor não foge a esta tónica, de espelhar as condições dos menos privilegiados, mas escolhe mostrá-la de uma outra perspetiva:
Scrooge o personagem principal desta história é um homem rico, cínico, avarento, ganancioso e sem sentido de humor que odeia o Natal. Trata mal o sobrinho, o empregado e destila acidez por onde passa, não havendo sequer um mendigo que se atreva a pedir-lhe esmola. Na véspera de Natal à noite, Scrooge, é visitado pelo espírito do seu antigo sócio, Marley, que lhe diz que não consegue descansar em paz, devido às más ações praticadas em vida, mas que para Scrooge, ainda existe uma oportunidade de se redimir e por isso irá ser visitado por 3 espíritos de Natal durante essa noite.
Esses espíritos, cada um com a sua personalidade própria, são o espírito do Natal passado, que mostra a Scrooge uma época em que ele era mais feliz e amava o Natal e também as mudanças que o foram fazendo alterar o seu modo de ser. O espirito do Natal presente que mostra as consequências do seu comportamento e como faz sofrer os que lhe são próximos e também, como faz sofrer a si próprio, e, por fim, o espírito do Natal futuro, um ser mais sombrio e tenebroso, que sem falar, mostra os resultados nefastos do seu comportamento, em si e nos outros.
Os acontecimentos apresentados pelos vários espíritos não são necessariamente explicados e é envolvente ir absorvendo os conflitos, o desgaste e também a evolução da personagem, que revendo o seu passado, vendo o seu presente, e vendo o desesperante futuro, se arrepende e percebe que tem todas as ferramentas para mudar. Não só o seu futuro, como os das pessoas à sua volta. E é isso que acontece no final, feliz, condizente com o espírito de Natal.
Esta história de redenção cheia do verdadeiro espírito de Natal mostra-nos que nunca é tarde para mudarmo-nos o nosso comportamento, para trazermos diferença, não só à nossa vida, mas á vida dos outros. E que para sermos verdadeiramente completos e felizes devemos ser generosos e partilharmos os nossos privilégios com quem tem menos. E que isso nos deixa afinal mais ricos, e não menos.
Um Feliz Natal a todos, e partilhem Amor, Felicidade e Paz por quem vos rodeia.
Sónia Teixeira
Equipa Editorial
Nota: Podem encontrar este livro em português, sendo um dos livros presentes no Plano Nacional de Leitura em livrarias, locais ou on-line, pelas edições da Clássicos Editora.