Ricardo Jorge foi um distinto médico, epidemiologista, investigador, higienista e humanista, que divulgou nos finais do século XIX e princípios do século XX, as mais recentes técnicas daquela época e as primeiras noções de Saúde Pública em Portugal.
Ricardo de Almeida Jorge, de seu nome completo, nasceu no Porto no dia 9 de maio de 1858 e faleceu em Lisboa a 29 de julho de 1939. De origem humilde, o pai era ferreiro na Rua do Almada, daquela cidade. Aos oito anos ingressou no Colégio da Lapa (edifício já desaparecido), onde foi discípulo do escritor Ramalho Ortigão na disciplina de Francês e de Manuel Rodrigues da Silva Pinto na aula de Português. Mais tarde frequentou o Liceu de Santa Catarina, tornando-se amigo de Júlio de Matos.
Fig.1 - Ricardo Jorge, no ano em que fez o seu primeiro exame
Em 1874, com dezasseis anos, inscreveu-se no curso de medicina da Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Durante o seu percurso académico, entre 1874 e 1879, distinguiu-se como um esplêndido aluno, conquistando vários prémios académicos.
Fig.2 - Ricardo Jorge, quintanista da Escola Médico-Cirurgica do Porto (1879). Museu de História da Medicina “Maximiano Lemos” da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Em 1879, concluiu a sua formação com vinte e um anos, com a apresentação da “dissertação inaugural“, dissertação final de licenciatura, intitulada “O ensaio sobre o nervosismo”. Nesta obra Ricardo Jorge expôs a história da Neurologia, assunto que à época ainda estava pouco difundido.
No ano seguinte iniciou a sua atividade profissional como clínico, mas também como Professor na Escola Médico-Cirúrgica do Porto depois de ter sido aprovado no concurso para um lugar na Secção Cirúrgica daquela escola com a apresentação da obra “Localizações Motrizes no Cérebro”. Aqui lecionou as cadeiras de Anatomia, Histologia e Fisiologia Experimental.
Ricardo Jorge casou com Leonor Maria dos Santos. O casal teve quatro filhos - Artur, Ricardo, Leonor e Alice. É ainda bisavô paterno de João Maria Centeno Gorjão Jorge, o conhecido músico e compositor Rão Kyao.
Em 1881 fundou em colaboração com o Prof. Augusto Henrique de Almeida Brandão, o Instituto Hidroterápico e Electroterápico, no Grande Hotel do Porto, pondo em prática os estudos que já tinha desenvolvido no tratamento de doenças do sistema nervoso através da eletricidade e ginástica, hidroterapia e ignipunctura.
Fig.3 – Folha de rosto da dissertação inaugural
Alguns jornais da época publicavam anúncios sobre consultas de “moléstias nervosas”, dadas pelo clinico Ricardo Jorge, o que o tornaram muito requisitado. Camilo Castelo Branco recorreu a ele devido à sua doença, a cegueira, o que deu origem que fosse criada uma grande amizade entre ambos, que se prolongou por longos anos.
Porque o ensino da neurologia era muito primário no nosso país, Ricardo Jorge iniciou em 1883 várias deslocações a Estrasburgo onde visitou os laboratórios de Anatomia Patológica de Recklinghausen e Waldeyer, e mais tarde a Paris onde visitou vários hospitais adquirindo conhecimentos e práticas desconhecidas em Portugal. Nesta cidade assistiu ainda às aulas de Jean-Martin Charcot, médico e cientista francês, que obteve enorme fama na área da psiquiatria e da neurologia nos finais do século XIX.
Os novos conhecimentos que trouxe destas viagens contribuíram para que no seu regresso a Portugal, fundasse o primeiro Laboratório de Microscopia e Fisiologia do Porto, e criasse o curso de Anatomia dos Centros Nervosos.
Fig.4 - Ricardo Jorge com Leonor Maria dos Santos
Fig.5 - Ricardo Jorge no Laboratório Municipal do Porto, 1899. Centro Português de Fotografia. Aurélio da Paz dos Reis. (PT-CPF-APR-001-001-002932). Imagem colorida em MyHeritage In Color.
Depois de ter participado numa discussão ocorrida na Sociedade União Médica acerca da instalação dos cemitérios no Porto, Ricardo Jorge, organizou em 1884 quatro conferências com os seguintes títulos: “A Higiene em Portugal”, “A Evolução das Sepulturas”, “Inumação e Cemitérios” e “Cremação”, o que originou que se tivesse afastado da Neurologia e se dedicasse inteiramente à Saúde Pública e às condições sanitárias. Nestas conferências procurou demonstrar que os cemitérios não apresentavam quaisquer riscos para a saúde pública, tanto ao nível do ar, como do solo ou da água. Estas conferências, que lhe granjearam enorme fama e prestigio, foram publicadas no livro “A Higiene Social Aplicada à Nação Portuguesa” no ano seguinte. Nesta obra, que foi muito divulgada, Ricardo Jorge concluiu que as condições sanitárias existentes eram absolutamente deploráveis e que era necessária uma intervenção urgente do Estado para a implementação de um sistema de saneamento. As propostas por ele apresentadas contribuíram para que fosse considerado um dos mais prestigiados higienistas, e que a partir daquela altura tivesse grande influência nas políticas da saúde em Portugal.

Ricardo Jorge que possuía um espírito inquieto e crítico, manifestou logo nos primeiros anos da sua carreira a censura quanto ao ensino, à investigação e à medicina, que se praticavam naquela época em Portugal, tornar-se-ia alguns anos mais tarde num vulto singular nestas áreas da ciência no nosso país. Em 1885, com 27 anos, apresentou no Conselho Superior Público um relatório onde comparava o ensino médico praticado em Portugal com o dos outros países, como tinha presenciado nas viagens que efetuou anos antes. Este relatório serviu de estrutura ao Regulamento Geral de Saúde, publicado em 1901.
Além de se ter dedicado durante anos ao estudo da Neurologia, debruçou-se também pelo estudo da hidroterapia. Publicou vários trabalhos onde demonstrou os resultados das várias experiências por si efetuadas sobre os efeitos dos fluoretos alcalinos e sobre águas termais principalmente no que diz respeito às águas das Caldas do Gerês.
Em 1886, o conceituado químico Adolfo de Sousa Reis, conhecedor do interesse de Ricardo Jorge pela hidrologia e pelo termalismo, solicitou-lhe que efetuasse um relatório sobre as águas das Caldas do Gerês. As conclusões foram tão positivas que Ricardo Jorge em comunhão com o seu colega Marcelino Dias, Adolfo de Sousa Reis e o capitalista Manuel Joaquim Gomes, decidiram pedir a concessão das termas. O pedido foi aceite e em 1888, o Governo da altura adjudicou-lhes o contrato de exploração por um período de cinquenta anos. Entre os anos de 1889 e 1892 Ricardo Jorge exerceu funções de diretor clínico da Companhia das Caldas do Gerês, que infelizmente abriu falência no ano seguinte, em 1893.
Fig.7 - Aspeto das Caldas do Gerês em 1891. Fonte: Jorge, Ricardo. Caldas do Gerês. Guia termal. Porto: Tip. da Casa editora Alcino Aranha; 1891, [s.p].
Todos estes eventos auxiliaram para que Ricardo Jorge fosse convidado pela Câmara Municipal do Porto a fazer parte de uma comissão de estudo sobre as condições sanitárias do Porto, resultando num relatório “O Saneamento do Porto” publicado em 1888. Este relatório originou que, em 1892, Ricardo Jorge fosse novamente convidado pela mesma Câmara Municipal para chefiar os Serviços Municipais de Saúde e Higiene da Cidade do Porto e o Laboratório Municipal de Bacteriologia. Ao liderar estas duas instituições teve a oportunidade de publicar nessa ocasião o Anuário e o Boletim Mensal de Estatística Sanitária do Porto, que contribuíram para que Ricardo Jorge fosse apelidado como o pioneiro da moderna estatística demográfica em Portugal.
Em 1895, foi nomeado professor titular da cadeira de Higiene e Medicina Legal da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Em 1899, editou a obra “Demografia e Higiene da Cidade do Porto”. Nesta publicação o autor conciliou a história da Cidade Invicta com as “ilhas”, como a causa da propagação das pestes e outras doenças, dando maior importância à tuberculose, acompanhada com dados estatísticos. Esta obra que serviu de base para outros trabalhos semelhantes, é ainda hoje considerada uma obra de referência para todos os que pretendem estudar os primórdios da cidade. As condições sanitárias e as condições de vida, que lhe foram apresentadas levaram-no a designar o Porto como “cidade cemiterial”. Este trabalho foi tão importante que a Rainha D. Amélia, nesse mesmo ano, fundou a Assistência Nacional aos Tuberculosos (organização de que aquele higienista fez parte) e levou à criação de vários sanatórios.
Fig.8 – Demographia e Hygiene na cidade do Porto, 1899
Entre os meses de Junho e Setembro de 1899, a cidade do Porto foi dominada pela peste bubónica. Foi Ricardo Jorge que diagnosticou e anunciou esta epidemia às autoridades competentes depois de ter solicitado a cooperação de especialistas estrangeiros e nacionais como Câmara Pestana, que somente confirmaram o seu pressentimento. Nesta altura Ricardo Jorge publicou um relatório com o título “A Peste Bubónica no Porto”, explicando a descoberta e a sua preferência (que conhecia bem como a doença se desenvolvia e os grupos que eram mais afetados) pelas medidas profiláticas adotadas para a eliminação da epidemia, apesar de ter sido utilizado na altura a aplicação mais moderna, que tinha sido desenvolvido pelo médico suíço Alexandre Émile Jean Yersin, o soro Yersin.
As regras adotadas foram a evacuação e desinfeção das casas onde se tinham verificado casos de peste, o isolamento dos doentes, obrigação de higiene pessoal com a construção de balneários públicos e o combate aos agentes transmissores da doença (os ratos, gatos e pulgas), a proibição dos comboios de recreio, de feiras e romarias e outros acontecimentos onde pudessem haver ajuntamentos, e especialmente um rigoroso o cordão sanitário imposto pelo Governo.
Fig. 9 – O cordão sanitário, Porto
Fig.10 – Edifício da rua da Cruz de St.ª Apolónia onde foi fundado o Instituto Central de Higiene (1902)
Curiosamente no combate a esta epidemia também participaram as crianças que ganhavam uma quantia significativa ao entregarem nas esquadras de polícia os ratos que caçavam. Por cada rato grande recebiam 20 réis e por cada roedor mais pequeno, 10 réis.
Estas regras consagraram Ricardo Jorge como um epidemiologista de renome tanto a nível nacional como internacional, no entanto, suscitaram uma enorme revolta na população que fomentada por grupos políticos, provocaram situações de autêntica guerra civil, apedrejamento de casas de médicos e a explosões de bombas, que obrigaram Ricardo Jorge a sair da cidade dirigindo-se para Lisboa.
Independentemente de ter tido o apoio dos médicos da cidade do Porto, Ricardo Jorge mudou-se para a capital. Solicitou a sua transferência para a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, tendo sido contratado como catedrático da cadeira de Higiene que, entretanto, se tinha afastado da cadeira da Medicina Legal, foi nomeado Inspetor-geral dos Serviços Sanitários do Reino e membro do Conselho Superior de Higiene e Saúde.
Para além destas ocupações, também foi investigador e mentor de nova legislação que deu origem a uma profunda reforma na saúde pública em Portugal, inspirada no modelo inglês e à criação da Direcção-Geral de Saúde e Beneficência Pública.
Embora Ricardo Jorge já tivesse proposto a criação de um Instituto com o objetivo de que todos os cidadãos pudessem usufruir da saúde pública através da educação, formação e investigação, só em 28 de Dezembro de 1899 foi fundado o Instituto Central de Higiene, como necessidade de combater o surto da peste bubónica que alastrou nesse ano no Porto.
A partir de 1929 este instituto passou a chamar-se Instituto Central de Higiene Dr. Ricardo Jorge, em sua homenagem. Este instituto disponibilizava cursos de Medicina Sanitária e Engenharia Sanitária, que habilitavam o exercício de médicos e engenheiros sanitários e que lhes dava possibilidade de exercer o cargo de delegado de saúde ou funções como fiscalização de higiene, industrial e trabalho operário e agrícola ou higiene infantil. Em 1945, depois de uma reorganização dos Serviços de Assistência Social, passou a designar-se Instituto Superior de Higiene.
Fig.11 – Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
Fig. 12 – Ricardo Jorge no Almanaque Ilustrado do Século, 1900
De forma a homenagear o seu fundador, este Instituto premeia anualmente o melhor trabalho português de investigação na área de Saúde Pública com o Prémio Ricardo Jorge com a quantia de 25 mil euros.
Colaborou na reforma do ensino médico de 1911 e mais tarde em 1926 foi designado para reformular o seu Regulamento de Saúde Pública, de 1901.
Entre os anos de 1914 a 1915, dirigiu a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, sendo o seu 32º presidente. Em 1929, foi nomeado Presidente do Conselho Técnico Superior de Higiene.
Ricardo Jorge esteve na linha da frente na organização no combate à pandemia de 1918, Pneumónica ou Gripe Espanhola, como também é conhecida, mas também contra as epidemias de tifo, difteria e varíola (preocupando-se com o lado social na angariação de donativos para as vitimas e seus familiares), que surgiram após a I Guerra Mundial, devido à falta de condições sanitárias.
Em 1927, como Diretor-Geral da Saúde, Ricardo Jorge foi o responsável pela proibição da Coca-Cola em Portugal, depois de ter informação da frase publicitária da bebida criada por Fernando Pessoa “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Esta bebida só passou a ser consumida oficialmente em Portugal em 4 de julho de 1977.
Fig.13 – Anúncio à Coca-Cola
Ao longo da sua vasta carreira participou em vários congressos internacionais como no XV Congresso Internacional de Medicina em 1906, que ocorreu em Lisboa (que obteve grande notoriedade), onde presidiu à Secção de Higiene e Epidemiologia. Em 1912, passou a representar Portugal no “Office International d’Hygiene Publique” de Paris, onde se distinguiu. Por mérito próprio, foi destacado para representar Portugal no Comité de Higiene da Sociedade das Nações. Em abril de 1918, em Paris, participou na Comissão Sanitária dos Países Aliados.
Obteve a honrosa distinção de Honorary Fellow da Royal Society of Medicine.
Durante vários anos realizou inúmeras viagens de estudo ao estrangeiro, como por exemplo as formações sanitárias em França nas zonas de guerra, às quais chamava as suas “digressões sanitárias”.
Durante toda a sua vida, exerceu uma intensa e incansável atividade. Mesmo três meses antes de nos deixar, ainda interveio numa reunião do Office Internacional de Higiene.
Ricardo Jorge deixou-nos uma extensa obra, alguma só publicada postumamente. Homem culto e bibliófilo, exprimia na sua escrita, com caraterísticas literárias, as suas opiniões de forma assertiva o que lhe causava por várias vezes alguns dissabores. Mas também eram muito admiradas pelo rigor e pelo enquadramento histórico das doenças ou dos temas que estava a descrever, com estatísticas, citação de autores, e outros elementos fundamentais para a contextualização.
As suas obras, mais de sessenta títulos, revelam-nos a sua personalidade multifacetada. Na sua grande maioria são dedicadas à Higiene e Epidemiologia, à Medicina Geral e Demografia, mas também à História, biografias de vultos de renome no campo das artes, literatura, medicina (Ribeiro Sanches, Gil Vicente, Amato Lusitano, El Greco entre outros), ensaios e crónicas de viagem.
O Instituto para Alta Cultura editou parte da sua obra em 1926.
Grande parte da sua erudita e imensa biblioteca foi doada, em 1985, à Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa.
Colaborou assiduamente para várias revistas, como por exemplo, a “Revista Cientifica” a partir de 1882, de que foi co-fundador, onde revelou os seus princípios positivistas e experimentalistas, “Clínica, Higiene e Hidrologia”, “A Medicina Contemporânea”, “Lisboa Médica” e “Lusitânia”. Iniciou a publicação dos “Arquivos do Instituto Central de Higiene” e a série estatística “Movimento Fisiológico da População”.
Também publicou em várias revistas estrangeiras como o “Bulletin Mensuel de l’Office International d’Hygiène Publique”.
Fig. 14 – Ricardo Jorge
Fig. 15 - Ricardo Jorge, caricatura
Ricardo Jorge foi ilustre Professor, Investigador e Humanista. Foi colega, de entre muitos outros, de Maximiano Lemos e médico e amigo de Camilo Castelo Branco, que na sua obra “Serões de S. Miguel de Seide”, lhe proferiu as seguintes palavras:
“O estilo de Ricardo Jorge desatrema de tudo que se conhece em oratória parlamentar, em dialética académica, em eloquência cívica dos clubes e até em oratória de púlpito…”
Bibliografia:
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Lurdes Barata
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