Parece que a segunda vaga chegou e veio em força. Entrámos na reta final de um ano, cujos dias se têm passado no embalo agitado de quem sofreu um violento embate e se debate para levar o barco a bom porto. Apesar dos sucessivos desafios, temo-nos mantido à tona no meio de uma tempestade que revelou os primeiros indícios há um ano, quando na cidade chinesa de Wuhan foi identificado o primeiro doente com uma pneumonia viral desconhecida. Nessa altura, estávamos longe de imaginar a real dimensão de uma situação que arrastou o mundo inteiro para uma crise global sem precedentes.
Volvido um ano, e no mês em que, no segundo dia, se decretou Luto Nacional pelas vítimas da Covid-19, deparámo-nos com novas medidas de resposta à pandemia. Regressámos ao estado de emergência, que trouxe consigo as limitações de circulação na tentativa de controlar a subida desgovernada de uma curva sinuosa e evitar, tanto quanto nos foi informado, um confinamento generalizado.
Com o estado de emergência chegou também o recolhimento obrigatório, num momento em que se reforçam novamente os apelos para o cumprimento das medidas de contenção da pandemia, num ato de responsabilidade individual e dever cívico que, entre todos, continua a ser a medida mais eficaz para travar o novo coronavírus. Principalmente, numa altura em que os hospitais fizeram soar os alarmes, reconhecendo que estão no limite das suas capacidades. Com as atenções voltadas para a possível rutura do serviço público de saúde, a requisição do setor privado como aliado neste combate foi, também, tema dominante na agenda deste mês.
E perante uma Europa ensombrada pelo terrorismo e com sinais evidentes de acentuada “fadiga pandémica”, novembro viu decorrer a 59ª eleição presidencial nos Estados Unidos da América. O mundo assistiu com grande tensão e expectativa à escolha do povo americano, que elegeu, para infortúnio e inconformismo de alguns, um novo presidente.
Em novembro, mês em que o “fantasma” do confinamento voltou para aterrorizar os nossos dias, intensificando para muitos a angústia e a revolta numa espiral de inquietação crescente, procurámos manter-nos firmes. Respondendo com assertividade e rigor, contrariámos o medo e reiterámos a ideia de que os nossos hospitais são lugares seguros, num comentário do Professor Rui Tato Marinho por ocasião do Dia Europeu de Luta contra o Cancro do Intestino.
Numa análise à “escalada significativa” do número de internamentos devido à covid-19 no nosso país, discutimos a objetividade e coerência das novas medidas de combate à pandemia com o Professor Miguel Castanho, que apontou a pedagogia como elemento chave para responder a uma situação de proporções dantescas.
Aplaudimos o novo título de Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Cardiologia atribuído ao Prof. Fausto J. Pinto e a menção honrosa do “Prémio Banco Carregosa/SRNOM” que distinguiu a Professora Ana Catarina Fonseca pelo projeto "Imagem cardíaca no acidente vascular cerebral (AVC) isquémico de causa indeterminada".
Defendemos que é importante analisar a tendência a longo prazo e manter uma conduta individual exemplar numa análise do Professor Luís Graça à evolução da pandemia em Portugal.
Com atenções voltadas para a Saúde e para a Educação em tempo de pandemia, entendemos que a “Formação médica fica comprometida com o impedimento de entradas em alguns espaços de Saúde”, e partilhámos os pontos que fundamentam a posição do CEMP expressa publicamente em comunicado.
Participámos também, no 2º Simpósio de Intercâmbio em Medicina da Rede de Cooperação das Escolas Medicas de Língua Portuguesa (CODEM-LP), debatendo soluções à volta do globo para os desafios que a Covid-19 impôs a todas as atividades práticas de ensino e investigação, num evento digital em que demonstramos que “Uma Academia forte é um dos pilares daquilo que deve ser uma sociedade moderna”.
Atentámos, do mesmo modo, no momento em que a curva da pandemia bateu recordes no nosso país, e conduzidos pela análise do Professor Fausto J. Pinto às medidas resultantes da aprovação de mais um estado de emergência, explicámos porque devem as escolas manter as portas abertas e apelámos ao recurso aos testes rápidos numa ação massiva de testagem.
Porque o bem-estar da nossa comunidade é fundamental, em novembro mobilizámo-nos para assegurar as melhores condições de segurança de todos os que fazem parte da Instituição. Nesse sentido, iniciámos a campanha de vacinação contra a gripe, numa iniciativa que contou com a forte adesão dos estudantes do 6 º ano, que se voluntariaram para administrar meio milhar de vacinas. E visitámos ainda, o palco e os protagonistas dos testes rápidos de antigénio para diagnóstico da Covid-19, que decorreram em simultâneo na nossa Faculdade.
E por falar em vacinas, comentámos a notícia que marcou a atualidade e fez disparar a bolsa financeira com o anúncio da Pfizer, que garantiu uma vacina com uma percentagem de 90% de sucesso. Do “excelente indício” ao cenário que se assemelha a “ficção científica do ponto de vista da velocidade”, partilhámos as opiniões dos Professores Joaquim Ferreira, Miguel Castanho e Luís Graça sobre “uma notícia que não é prematura desde que seja entendida e contextualizada”.
Em novembro, reforçámos igualmente o compromisso com a sociedade civil, colocando a Ciência ao serviço do poder político, e estabelecemos um protocolo de colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, no decurso da “Conferência Lisboa mais verde e mais saudável: os desafios da poluição atmosférica”.
Debruçámo-nos sobre o poder da alimentação na prevenção de tumores com os esclarecimentos da Professora Catarina Sousa Guerreiro, e refletimos sobre a situação dos doentes oncológicos em tempo de pandemia, atentando na realidade que se vive nos nossos hospitais pela visão dos Professores Rui Tato Marinho e Luís Costa.
Noticiámos ainda os Prémios Pfizer 2020, cujas honras destacaram a investigação nas áreas da malária, memória e saúde intestinal, tendo distinguido o Professor Miguel Prudêncio pelo prémio no campo da investigação clínica, resultado do projeto para uma potencial vacina contra a malária.
Lado a lado com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, sensibilizámos os nossos governantes e entidades competentes para a prevenção de doenças vasculares cerebrais através da prescrição de receitas renováveis.
Analisámos o impacto da Covid-19 no consumo de bens, serviços e equipamentos numa nova edição da FMUL em Números, e atentámos nas medidas de saúde pública para controlo da pandemia no nosso país, com as explicações do Professor Válter Fonseca acerca da implementação de testes rápidos de diagnóstico ao novo coronavírus.
Entendemos que “Prevenir é sempre mais apetecível que remediar” e atentámos no caráter imprescindível das investigações que apontam direções alternativas para a resposta à atual pandemia, com os esclarecimentos do Professor Miguel Castanho.
Em novembro demos o pontapé de saída para a primeira de uma série de edições Masterclass Online Courses, que são parte da imagem de marca do novo Centro Tecnológico Reynaldo dos Santos. Porque queremos consolidar a excelência do nosso ensino médico e disponibilizar aos profissionais de saúde meios inovadores para aperfeiçoamento das suas competências, criámos sinergias potenciadoras e apresentámos um novo curso de formação avançada, em parceria com a Universidade de Cambridge, assumindo o comando da liderança do conhecimento especializado.
Debatemos o uso indiscriminado de antibióticos em Portugal, numa análise do Professor Rui Tato Marinho ao impacto de uma prática prejudicial para a saúde intestinal.
E à luz dos esclarecimentos do Professor Francisco Antunes, compreendemos as razões pelas quais “Precisamos de esquecer este Natal para salvar o de 2021”, num comentário "realista" à situação epidemiológica que se vive atualmente no país, deixando antever uma quadra natalícia como nunca imaginámos ser possível até agora.
“Poderá não haver nenhuma conotação heróica para a palavra persistência, mas a persistência faz ao seu carácter o que o carbono faz ao ferro – endurece-o até se transformar em aço”. As palavras são do autor Napoleon Hill e remetem-nos para um conceito que se revelou essencial nos tempos que correm. Continuemos a praticar o hábito da persistência, segurando a visão do que queremos construir no futuro, exibindo nota máxima na prova da resiliência, esse super poder que nasce da vontade maior de, com a colaboração de todos, construirmos uma Academia forte e exemplar.
Sofia Tavares
Equipa Editorial